Listão da Semana,

Linda Boström Knausgård, Maria Lúcia Dal Farra, Ronaldo Correia de Brito e mais 15 lançamentos

Romance da escritora sueca, ex-esposa do escritor dinamarquês Karl Ove Knausgård, moderzina o mito de Atena e trata sobre famílias e lares adotivos, depressão e internação psiquiátrica

16ago2024

Um romance sobre uma menina de doze anos, separada do pai e que sofre de transtornos mentais, chega essa semana às livrarias: A catástrofe da Hélios, da sueca Linda Boström Knausgård. Ex-mulher de Karl Ove Knausgård, a autora teve suas próprias crises de depressão relatadas em detalhes na autoficção do dinamarquês, autor da trilogia Minha luta

Na seleção da semana, poemas de Maria Lúcia Dal Farra; histórias de mulheres na política brasileira, de Malu Gatto e Débora Thomé; um romance de Ronaldo Correia de Brito; um ensaio sobre a literatura em tempos de crise, de Michèle Petit; um romance de Camila Maccari; um relato de duas amigas que vivenciaram o tsunami na Ásia em 2004; a estreia de Martha Batalha na literatura infantojuvenil; um romance de Alex Andrade; os primeiros volumes da septologia de Solvej Balle; e mais novidades quentinhas.

Viva o livro brasileiro!

Veja os lançamentos de semanas anteriores.


A catástrofe da Hélios. Linda Boström Knausgård.
Trad. Luciano Dutra • Rua do Sabão • 160 pp • R$ 60

Indicado ao National Book Award em 2020, o romance da poeta e escritora sueca adapta e moderniza o mito de Atena a partir de uma garota de doze anos que é confinada em uma pequena cidade da Suécia após ser separada do pai, um homem acometido por transtornos mentais. A autora de A pequena outubrista e Bem-vinda à América, ambos traduzidos no Brasil em 2021, aborda as famílias e lares adotivos, depressão e internação psiquiátrica.

Linda, que foi casada com o escritor norueguês Karl Ove Knausgård, foi internada várias vezes para tratar episódios de depressão profunda e recebeu eletrochoques — Karl Ove descreveu as crises depressivas da ex-mulher em sua trilogia Minha luta.

Leia mais: Uma conversa com Karl Ove Knausgård — Norueguês que escreveu sobre a própria vida diz que o romance não tem limites e que publica uma obra após a outra como jeito de se livrar de si mesmo


Livro de erros. Maria Lúcia Dal Farra. 
Iluminuras • 148 pp • R$ 69

Compilação de poemas da professora e poeta paulista, vencedora do Jabuti de Poesia em 2012 por Alumbramentos (Iluminuras), evoca autores como Herberto Helder, Florbela Espanca e Santa Teresa D’Ávila, em uma espécie de investigação acerca dos erros que se espalham pela vida:

Leia também: Nos poemas de Eucanaã Ferraz, o maravilhamento é dosado pelos trancos e barrancos da existência


Candidatas: os primeiros passos das mulheres na política do Brasil. Malu A. C. Gatto e Débora Thomé.
Editora FGV • 200 pp • R$ 52

As pesquisadoras e doutoras em ciência política reúnem histórias de cerca de cem candidatas de todas as regiões do país, que decidiram adentrar e assumir cargos na política brasileira. Por meio de dados eleitorais e um vasto acervo de entrevistas, as autoras examinam os perfis das candidatas, desde as barreiras que precisam enfrentar para terem mais espaço — como desigualdade e violência política de gênero — até os pormenores do que significa ser “eleita”.  

Leia também: Angela Davis, Patricia Hill Collins e Silvia Federici destacam a força das mulheres negras na luta democrática

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Rio sangue. Ronaldo Correia de Brito.
Alfaguara • 320 pp • R$ 89,90

O dramaturgo e ficcionista, vencedor do prêmio São Paulo de Literatura pelo romance Galiléia (Alfaguara, 2009), recria uma espécie de Brasil mitológico que mistura histórias e lendas enquanto narra a oposição entre dois irmãos. Um, contido e que será ordenado padre compulsoriamente, e o outro, violento e ousado, compartilham entre si apenas o tom trágico de seus destinos.

Ouça também: O escritor Ronaldo Correia de Brito fala de modernismo, arte popular, medicina em tempos de Covid e o olhar sudestino sobre a cultura

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Somos animais poéticos: a arte, os livros e a beleza em tempos de crise. Michèle Petit.
Trad. Raquel Camargo • Editora 34 • 192 pp • R$ 65

A antropóloga e pesquisadora francesa, coordenadora de programas que analisam as práticas de leitura em situações de crise e guerra, retoma a importância da literatura oral e escrita para a conexão do ser humano com o mundo ao redor. Por meio da reunião de relatos de artistas consagrados e anônimos, a autora de Ler o mundo: experiências de transmissão cultural nos dias de hoje (Editora 34, 2019), reflete sobre os papéis da arte como propulsora de vida.

Leia tambémManifesto pela leitura — Ler nos ensina a falar e nos educa na arte do diálogo

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Infinita. Camila Maccari.
Autêntica Contemporânea • 184 pp • R$ 64,90

O novo romance da jornalista e escritora gaúcha, vencedora do prêmio Açorianos de Literatura por Dias de se fazer silêncio (Autêntica Contemporânea, 2020), aborda as experiências complexas de uma mulher lidando com o próprio corpo e buscando soluções enquanto enfrenta as reações gordofóbicas dos familiares e conhecidos, e uma série de padrões de magreza inalcançáveis.

Leia também: Livros sobre autoimagem e autoestima reforçam que o mundo precisa mudar para se adaptar às diferenças, e não o contrário

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Tinha um tsunami no caminho. Deborah Telesio e Marie Felice Weinberg.
DBA Editora • 136 pp • R$ 55,90

Relato autobiográfico das autoras, que eram amigas havia quinze anos quando vivenciaram juntas o tsunami que deixou mais de 227 mil mortos na Ásia em 2004, após um deslocamento da placa tectônica debaixo do Oceano Índico atingir em peso a Indonésia, Tailândia e Índia. As memórias de Telesio e Weinberg traçam o começo da viagem de férias, o desastre natural e como o trauma atravessou em definitivo a amizade das duas.

Leia também: Seiko Ito imagina a reconstrução do Japão pós-tsunami pela conexão entre os que viveram e os que morreram


Liz sem medo. Martha Batalha.
Ils. Joana Penna • Escarlate • 136 pp • R$ 59,90

Estreia da escritora pernambucana na literatura infantojuvenil, narra o percurso de Liz, uma menina de onze anos que se muda da cidade grande para a casa da avó no interior após a morte da mãe. A autora de A vida invisível de Eurídice Gusmão (Companhia das Letras, 2016) — adaptado para o cinema e finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Oceanos — mescla humor e as reflexões de uma criança perante o luto e enquanto vivencia os processos complexos do amadurecimento.

Leia tambémMartha Batalha — Autora de A vida invisível de Eurídice Gusmão lança romance sobre repórter policial decadente e o lado B do Rio de Janeiro

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Meu nome é Laura. Alex Andrade.
Confraria do Vento • 252 pp • R$ 67

Semifinalista do Prêmio Oceanos em 2023 pelo romance Para os que ficam (Confraria do Vento, 2022), o escritor e poeta carioca aborda as relações complicadas entre família e identidade de gênero através de Pedro, um homem marcado por episódios traumáticos na infância, que tenta se desvencilhar da figura violenta e abusiva do pai após o próprio filho passar a se reconhecer como Laura, uma mulher trans.

Leia também: A homossexualidade e a transição de gênero de jovens e adolescentes em dias de masculinidade catastrófica


Sobre o cálculo do volume: 1 e 2. Solvej Balle.
Trad. Guilherme da Silva Braga • Todavia • 152 pp; 168 pp • R$ 69,90 cada

Nos dois primeiros volumes da septologia vencedora do Prêmio de Literatura do Conselho Nórdico, a escritora dinamarquesa apresenta ao leitor a protagonista Tara Selter, uma mulher que está experimentando uma falha no tempo: a repetição do dia 18 de novembro, em sequência. Como uma espécie de estudo sobre o tempo, Tara enfrenta a própria raiva, confusão e solidão na tentativa de entender as razões, o funcionamento e as consequências que cada escolha representa em sua nova realidade

Leia também: Memórias da escritora dinamarquesa Tove Ditlevsen revelam a força de transformar a própria experiência em linguagem

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+ novidades quentinhas

Austral. Carlos Fonseca.
Trad. Bruno Cobalchini Mattos • Instante • 192 pp • R$ 79,90
Primeiro romance do costa-riquenho traduzido no Brasil, descreve a busca de um professor pelo manuscrito acerca de uma comuna antissemita fundada pela irmã e o genro de Friedrich Nietzsche no norte da Argentina.

A angústia do rei Salomão. Romain Gary (Émile Ajar).
Trad. Julia da Rosa Simões • Todavia • 288 pp • R$ 89,90
Última publicação do diretor de cinema e escritor lituano, escrito sob o pseudônimo de Émile Ajar. O autor, duas vezes vencedor do Prêmio Goncourt, narra a história de um jovem taxista aficionado por dicionários.

Fazendo o céu falar: sobre teopoesia. Peter Sloterdijk.
Trad. Nélio Schneider • Estação Liberdade • 352 pp • R$ 96
O filósofo e historiador alemão elabora uma tese sobre caminhos da teologia, que por muito tempo se multiplicou por meio da poesia e da literatura.

Estudos sobre Fausto. György Lukács
Trad. Nélio Schneider • Boitempo • 233 pp • R$ 73
Reúne o mais completo ensaio e outros textos do filósofo marxista húngaro acerca de Goethe e da obra Fausto.

Assombros da casa-grande: a Constituição de 1824 e as vidas póstumas da escravidão. Marcos Queiroz.
Fósforo • 256 pp • R$ 89,90
O professor do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) traça um perfil da história jurídica brasileira e latinoamericana a partir da ideia de “raça”.

Catástrofe ancestral: existências no liberalismo tardio. Elizabeth A. Povinelli.
Trad. Mariana Ruggieri e Mariana Lima • Ubu • 256 pp • R$ 89,90
A partir de Arendt, Césaire, Deleuze e outros filósofos, a antropóloga nova-iorquina lista uma série de denúncias ao Ocidente e ao projeto iluminista.

Parece rap. Caio Zerbini & Bruna Lubambo.
Caixote • 40 pp • R$ 58
A partir de rimas, o escritor paulistano e a ilustradora mineira premiada exploram o uso dos palíndromos.

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Listão da Semana: confira os lançamentos de semanas anteriores

Quem escreveu esse texto

Iara Biderman

Jornalista, , editora da Quatro Cinco Um, está lançando Tantra e a arte de cortar cebolas (34)

Jaqueline Silva

É estudante de Jornalismo na ECA-USP e assistente editorial na Quatro Cinco Um.