Listão da Semana,

Janet Malcolm, Kafka, Karl Ove Knausgård e mais 9 lançamentos

Autobiografia póstuma da jornalista Janet Malcolm reúne ensaios sobre fotografias que revisitam sua infância em Praga e nos EUA, sua juventude, profissão e casamentos

19fev2024 | Edição

Chega esta semana às livrarias Imagens imóveis: sobre fotografia e memória, livro póstumo da jornalista Janet Malcolm, no qual seus ensaios sobre fotografia são a ponte para contar sua própria história.
 
A semana também traz um ensaio sobre Kafka; o primeiro volume da antologia Fantásticas, com a ficção de Maria Bormann, Théophile Gautier e Leopold von Sacher-Masoch; um novo romance de Karl Ove Knausgård; um ensaio sobre religião de Mangabeira Unger; uma edição especial de A volta do parafuso, de Henry James; um romance premiado de Bernardine Evaristo; o olhar feminista sobre a história da arte de Émilie Notéris; e mais novidades quentinhas. 

Viva o livro brasileiro!

Imagens imóveis: sobre fotografia e memória. Janet Malcolm.
Trad. Paulo Henriques Britto • Posf.  Anne Malcolm • Companhia das Letras • 184 pp • R$ 64,90

Autobiografia da escritora e jornalista norte-americana – autora de O jornalista e o assassino (2011) – composta por ensaios sobre fotografias que marcaram sobretudo a sua infância (como a imagem do trem no qual sua família deixou a cidade de Praga, em 1939) e adolescência, com algumas incursões na sua vida profissional e afetiva.

Ao resenhar a edição do livro em inglês para a Quatro Cinco Um, Paulo Roberto Pires escreve: “Em Still Pictures, a reservada autora de Anatomia de um julgamento explora o terreno que reputava inóspito e inadequado para uma jornalista, o da autobiografia. Um tênue fio cronológico conduz os textos por sua juventude, anos de formação, casamentos e vida profissional. O subtítulo ‘sobre fotografia e memória’ dá as pistas do estratagema que Malcolm usa para, neste capítulo final de sua obra, não ‘ficar sozinha na sala’ — metáfora que usa para distinguir o memorialismo — e do apelo à introspecção — da concretude que molda a vida de jornalista, sempre povoada por personagens. A grande maioria dos textos, sempre curtos, parte de uma fotografia familiar, ou seja, de uma evidência concreta que é por ela descrita e examinada.” Leia a resenha na íntegra.

Leia também: Impermeável à perfumaria empática e às boas intenções, Janet Malcolm levou o jornalismo a seus limites éticos e estéticos

Assinantes da Quatro Cinco Um têm 25% de desconto no site do Companhia das LetrasConheça o nosso clube de benefícios, que dá descontos em livros, eventos e mais.

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Kafka indignado. Pascale Casanova. 
Trad. Iraci D. Poleti e Regina Salgado Campos • Edusp • 448 pp • R$ 68

Autora do importante A república mundial das letras (Estação Liberdade, 2002), a crítica literária francesa examina as motivações políticas que levaram Kafka a produzir uma literatura tão combativa, destacando sua condição de autor de uma cultura dominada (tcheca e judaica) diante da poderosa cultura alemã, e procurando as respostas em sua obra ficcional.

Leia mais: Diários revelam como Franz Kafka se sentia dividido entre um emprego no escritório e a vocação para a literatura

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Fantásticas: volume I. Maria Bormann, Théophile Gautier e Leopold von Sacher-Masoch.
Trad. Régis Mikail e Karina Jannini • Ercolano • 124 pp • R$ 66,50

Com prefácio da psicanalista Luciana Saddi, o primeiro volume dessa antologia reúne três narrativas ficcionais sobre mulheres envolventes, cujos corpos exercem um grande poder de atração sobre os homens: “Arria Marcella” (1852), de Théophile Gautier; “Os mortos são insaciáveis” (1875), de Leopold von Sacher-Masoch; e “Estátua de neve” (1890), de Maria Bormann. Todas as obras ressaltam questões cruciais para a psicanálise.

Leia também: Romance de Mieko Kawakami se debruça sobre o corpo feminino e examina a condição da mulher e da maternidade

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Estrela da manhã. Karl Ove Knausgård.
Trad. Raul Loureiro • Companhia das Letras • 656 pp • R$ 159,90

Publicado em 2020, o primeiro romance do  do best-seller norueguês desde a consagrada série autobiográfica Minha Luta descreve a vida de nove personagens às voltas com variados problemas pessoais que presenciam, assombrados, o aparecimento de uma imensa estrela no céu da Noruega. Uma série de eventos sinistros começa a acontecer.

Leia também: Após Minha luta, Karl Ove Knausgård faz um inventário de elementos cotidianos para a filha que ainda virá

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A religião do futuro. Roberto Mangabeira Unger.
Trad. Paulo Geiger • Casa dos Mundos • 552 pp • R$ 99

Publicado em 2016, o livro propõe uma revolução na consciência religiosa, para que ela possa libertar as pessoas em vez de oferecer apenas uma consolação. O professor titular de direito de Harvard defende uma religião que possa sobreviver à fé em um Deus transcendente e na vida após a morte. Para ele, as pessoas podem se tornar mais humanas ao se tornarem mais divinas, não em outra vida e em outro tempo, mas agora na Terra e em suas próprias vidas.

Leia também: Mangabeira Unger professa a fé na ação política para a realização do potencial do país

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A volta do parafuso. Henry James.
Trad. Luci Collin • Darkside • 224 pp • R$ 79,90

Edição especial (ilustrada pelo italiano Marco Mazzoni) desta novela fantasmagórica de 1898 sobre uma governanta encarregada de cuidar de duas crianças órfãs de excepcional beleza numa propriedade rural da Inglaterra. O livro teve tanto sucesso que inspirou vários filmes (como Os inocentes, de Jack Clayton, com roteiro de Truman Capote e William Archibald, e Através da sombra, de Walter Lima Jr.), peças teatrais, balés e uma ópera de Benjamin Britten.

Leia também: Contos de Cristhiano Aguiar mostram que é preciso conviver com o perigo, seja ele sobrenatural ou simplesmente cruel

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Sr. Loverman. Bernardine Evaristo.
Trad. Camila von Holdefer • Companhia das Letras • 328 pp • R$ 89,90

Ganhador do Ferro-Grumley Award for LGBT Fiction, este romance de 2014 tem como protagonista um senhor de 74 anos que leva uma vida dupla. Nascido em Antigua, este idoso elegante e brincalhão, casado com uma mulher muito religiosa, é amante de seu amigo de infância. Quando seu casamento entra em colapso, ele pensa em se separar da mulher e viver com o amante, mas isso coloca em risco tudo o que ele conquistou.

Leia também: Bernardine Evaristo descreve como estudar a diáspora africana e a identidade mestiça conferiu complexidade à sua literatura

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Alma material. Émilie Notéris.
Trad. Fernanda Morse • Âyiné • 186 pp • R$ 89,90

Publicado em 2020 pela crítica de arte feminista e queer — autora de La Fiction réparatrice (2017) —, o livro lança um novo olhar sobre a história da arte para resgatar a participação das mulheres artistas (incluindo as negras), que foi invisibilizada pela narrativa branca, heteronormativa e patriarcal predominante até agora.

Leia também: No podcast 451 MHz, Lilia Schwarcz e Mariana Leme comentam o processo de pesquisa, os apagamentos das artistas mulheres na história e na crítica de arte e as descobertas que fizeram para a exposição Histórias das mulheres: artistas até 1900, no Masp

Assinantes da Quatro Cinco Um têm 20% de desconto no site do ÂyinéConheça o nosso clube de benefícios, que dá descontos em livros, eventos e mais.

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Vapt-vupt
+ novidades quentinhas

Antes que o fruto caia. Andreas Chamorro.
Aboio • 136 pp • R$ 54,90

O primeiro romance do editor paulistano — autor dos contos de Divindades solitárias (2021) — relata as aflições de uma sisuda professora de filosofia que alimenta muitas dúvidas se leva a termo uma gravidez  não planejada nem desejada.

Cartas a Milena. Franz Kafka.
Camelot • 208 pp • R$ 29,90 

Reúne as cartas apaixonadas que Kafka enviou para uma jovem escritora, muito culta e inteligente, que o escritor conheceu em 1920, durante uma viagem a Praga, e que se ofereceu para traduzir duas de suas obras para o tcheco.

Estátua!. Renato Moriconi.
Companhia das Letrinhas • 48 pp • R$ 64,90

O autor paulista mostra uma menina bastante empoderada que decide participar de um antigo jogo infantil.

Nietzsche, filósofo da suspeita. Scarlett Marton.
Autêntica • 144 pp. • R$ 44,90

Professora titular da USP rebate as principais acusações feitas contra o pensador alemão, quais sejam: a de que ele não seria propriamente um filósofo, mas sim um escritor; a de que ele seria um precursor do nazismo; e a de que Nietzsche seria um irracionalista e um niilista.

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Quem escreveu esse texto

Iara Biderman

Jornalista, , editora da Quatro Cinco Um, está lançando Tantra e a arte de cortar cebolas (34)

Mauricio Puls

É autor de Arquitetura e filosofia (Annablume) e O significado da pintura abstrata (Perspectiva), e editor-assistente da Quatro Cinco Um.

Matéria publicada na edição impressa em .