Listão da Semana,

Adelaide Ivánova, Valter Hugo Mãe, Madonna e mais 16 lançamentos

Longo poema de Adelaide Ivánova narra a caminhada de uma protagonista meio mítica exilada e oprimida pela mesma narrativa que persegue mulheres, imigrantes e pobres

26abr2024

Mulheres perseguidas por se insubordinarem e desafiarem o patriarcado, imigrantes, exílio, luta de classes: o longo poema Asma, de Adelaide Ivánova, conta essas histórias acompanhando uma protagonista meio mítica que caminha pelo mundo e pelos séculos — e chega esta semana às livrarias.

Também na seleção da semana, uma graphic novel que questiona os mitos fundadores do Estado de Israel; o novo romance de Valter Hugo Mãe; uma biografia da Madonna; um ensaio de Lucas Pedretti sobre a violência estatal desde o período da redemocratização; um romance conduzido pela música de protesto latino-americana; uma análise das utopias e distopias atuais, por Marcia Tiburi; os relatos de Ernst Jünger sobre a Primeira Guerra; o romance de Éric Vuillard sobre a guerra anticolonial na Indochina; e mais novidades quentinhas.

Viva o livro brasileiro!

Veja os lançamentos de semanas anteriores.


Asma. Adelaide Ivánova.
Editora Nós • 200 pp • R$ 69

Em um longo poema, a poeta pernambucana narra a vida de Vashti Setebestas, parte mulher parte entidade que, exilada e oprimida por uma narrativa que persegue mulheres, imigrantes e pobres, caminha pelo mundo através do tempo. Ivánova usa em Asma referências que vão de Homero a Virginia Woolf, de Chico Science a Ferreira Gullar e Amy Winehouse.

“Pesquisei figuras históricas até descobrir Vashti, rainha persa que foi expulsa pelo rei Xerxes por se recusar a fazer um strip-tease para os amigos dele. O mito inaugural da mulher insubordinada. Na minha cabeça, ela continua andando até hoje, aliás foi vista no Recife na semana passada (a louca!). Nesses 3 mil anos caminhando pela face da Terra, ela encontra de gregos a Amy, e vai sendo inspirada por mulheres, talvez pelas mesmas que são importantes para mim”, conta Ivánova para a Quatro Cinco Um. Leia a entrevista de Iara Biderman na íntegra.

Leia mais: Adelaide Ivánova indica um poema de Ana Guadalupe


Não é a Israel que meus pais prometeram. Harvey Pekar.
Posf. Joyce Brabner • Ils. JT Waldman • Trad. Cris Siqueira • Veneta • 176 pp • R$ 74,90

Nesta graphic novel, o quadrinista e crítico musical estadunidense reflete sobre o significado de ser judeu e o que Israel realmente representa para as comunidades judaicas, tomando exemplos próximos do pai e da mãe, imigrantes judeus poloneses que apoiam o sionismo por diferentes motivos — um pela fé, outro pela política. Em parceria com o ilustrador JT Waldman, Pekar constrói uma narrativa de questionamento aos mitos fundacionais do estado de Israel.

Veja também: O historiador israelense Ilan Pappe mostra como o Estado de Israel foi criado em cima da opressão e da limpeza étnica dos palestinos

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Deus na escuridão. Valter Hugo Mãe.
Pref. Rodrigo Amarante e Carlos Reis • Biblioteca Azul • 240 pp • R$ 69,90

Novo romance do escritor português nascido em Angola, vencedor do prêmio José Saramago de Literatura em 2007 e do Portugal Telecom em 2012. Nesta história passada na Ilha da Madeira, ele narra o cotidiano de dois irmãos que moram em uma comunidade em meio à natureza, e como o irmão mais velho corre contra o tempo para cuidar do caçula, nascido com uma condição física rara. O músico Rodrigo Amarante, da banda Los Hermanos, e o professor português Carlos Reis assinam os dois prefácios.

Leia também: Romance de Valter Hugo Mãe aborda a nossa formação como nação, atravessada pela violência e em busca de esperança


Madonna: uma vida rebelde. Mary Gabriel.
Trad. Alessandra Bonrrunquer, Luana Balthazar e Patrícia Azeredo • BestSeller • 854 pp • R$ 119,90

Duas semanas antes do esperado show de Madonna em Copacabana, no Rio, chega ao leitor brasileiro a biografia da estrela escrita por Mary Gabriel. A jornalista e finalista do Pulitzer pela biografia de Marx, Amor & Capital: A saga familiar de Karl Marx e a história de uma revolução (Zahar, 2012), reconstrói a vida da rainha do pop para além de sua obra musical, costurando relatos e polêmicas da vida pessoal de Madonna e seu ativismo na luta pela liberdade sexual feminina, direitos da comunidade LGBTQIA+, antirracismo e antixenofobia.

Leia tambémMemórias da cantora Britney Spears retratam o jeito do nosso tempo de flertar com a loucura e reagir em vez de elaborar

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A transição inacabada: violência de Estado e direitos humanos na redemocratização. Lucas Pedretti.
Companhia das Letras • 320 pp • R$ 99,90

Autor de Dançando na mira da ditadura: bailes soul e violência contra a população negra nos anos 1970 (Arquivo Nacional, 2022) e integrante da Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia, o historiador e sociólgo investiga as causas e efeitos do aumento da violência policial e do encarceramento de uma parcela da população (negra pobre) nos anos que se seguiram ao fim da ditadura cívico-militar no Brasil..

Leia também: Desistir não é uma opção para as três gerações de mulheres que buscam justiça pela morte de Luiz Eduardo Merlino na ditadura

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Apenas uma mulher latino-americana: em busca da voz revolucionária. Bruna Ramos da Fonte.
Rocco • 280 pp • R$ 69,90

Prefaciado pela neta da cantora chilena Violeta Parra, o romance de formação da jornalista Bruna Ramos entrelaça a vida da escritora e jornalista ao movimento nueva canción, também chamado de canção engajada ou de música de protesto — a música popular combativa ligada às esquerdas, que defendia mudanças, denunciava as mazelas sociais e serviu como agente de resistência às ditaduras militares na América Latina durante as décadas de 60 e 70.

Leia também: Som da pesada — Historiador recupera documentos sobre a perseguição de agentes da ditadura aos bailes soul no Rio de Janeiro dos anos 70


Mundo em disputa: design de mundo e distopia naturalizada. Marcia Tiburi.
Civilização Brasileira • 266 pp • R$ 49,90

A filósofa e artista visual reflete sobre as origens das narrativas sobre desesperança e a naturalização de acontecimentos catastróficos. Tiburi questiona o destino das utopias quando se vive em uma espécie de distopia, analisando as disfunções contemporâneas sob os prismas da linguagem, da comunicação, da dominação e da cultura ocidental do sofrimento.

Leia também: Um retrato da filósofa e artista visual Marcia Tiburi, por Renato Parada

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Tempestades de aço. Ernst Jünger.
Trad. e posf. Marcelo Backes • Carambaia • 328 pp • R$ 139,90

Nova edição do clássico da literatura de guerra, com os relatos íntimos do escritor alemão sobre o período da Primeira Guerra Mundial, em que ingressou como voluntário do exército e experienciou a vida nas trincheiras, onde foi ferido catorze vezes. Publicado após a guerra, o autor também descreve o incômodo com a maquinização dos homens, derivada do advento dos processos acelerados de modernização. Apesar de uma vida próxima ao militarismo, Jünger foi um crítico ferrenho do partido nazista, do autoritarismo e do nacionalismo radical de Hitler.

Leia também: A extensa oferta de livros e produtos culturais sobre a Segunda Guerra Mundial ganha um volume de peso, que atesta o fascínio do conflito

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Uma saída honrosa. Éric Vuillard.
Trad. Sandra M. Stroparo • Manjuba/Mundaréu • 144 pp • R$ 64

O diretor de cinema e escritor francês, que venceu o Goncourt com A ordem do dia (Tusquets, 2019), sobre os bastidores de momentos-chave da Segunda Guerra, volta a unir história e literatura, desta vez sobre outro dos conflitos definidores do século 20: a Primeira Guerra da Indochina (1946 – 1954). O livro explora a reviravolta histórica que a França, uma das maiores potências mundiais, vivencia ao ser derrotada pelo exército vietnamita e que culmina na independência de Laos, Camboja e do próprio Vietnã.

Leia também: Livro de Éric Vuillard ganhador do Goncourt sobre a 2ª Guerra Mundial testa limites entre história e literatura


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+ novidades quentinhas

Ulysses Bôscolo. Org. Claudio Mubarac.
Instituto Çarê/Letra da Cidade • 80 pp • R$ 50

O professor de desenho e gravura da ECA-USP registra a trajetória do artista e gravador paulistano Ulysses Bôscolo no primeiro número da coleção Risco Imanente, que explora a linguagem do desenho.

O último segredo de Anne Frank: A história não contada de Anne Frank, de sua protetora silenciosa e de uma traição em família. Joop van Wijk-Voskuijl e Jeroen De Bruyn.
Trad. Claudio Carina • Crítica • 320 pp • R$ 99,90

Reconta a vida da neerlandesa Bep Voskuijl, narrada por seu filho. Bep foi uma das secretárias responsáveis por esconder a família Frank durante a ocupação nazista na Holanda.

Virgínia mordida. Jeovanna Vieira.
Companhia das Letras • 192 pp • R$ 79,90

Neste romance finalista do prêmio Kindle de Literatura, a jornalista capixaba constrói uma trama sobre um relacionamento abusivo transpassada por questões de gênero e raça.

1888: uma biografia da abolição da escravidão no Brasil. Marcos Costa.
Valentina • 264 pp • R$ 59,90

Um relato dos bastidores do processo que levou ao fim da comercialização de escravizados no Brasil. Do mesmo autor de O reino que não era deste mundo (2015) e A história do Brasil para quem tem pressa (2016).

Kibogo subiu ao céu. Scholastique Mukasonga.
Trad. Larissa Esperança • Editora Nós • 168 pp • R$ 75

Finalista do National Book Award, este romance da escritora franco-ruandesa, vencedora do prêmio Renaudot, retrata um povo que vive o conflito entre as antigas crenças de Ruanda e a determinação de missionários para substituí-las pelo cristianismo europeu.

Toxic: Mulheres, fama e misoginia dos anos 2000. Sarah Ditum.
Trad. Carolina Simmer • BestSeller • 350 pp • R$ 69,90

A jornalista britânica reflete sobre a série de abusos cometidos por tabloides que, de 1998 a 2013, perseguiram celebridades como Britney Spears, Lindsay Lohan, Amy Winehouse, entre outras.

A estrada. Cormac McCarthy e Manu Larcenet.
Pipoca e Nanquim • 180 pp • R$ 119,90

Adaptação em quadrinhos do romance vencedor do Pulitzer, narra em tons de cinza a jornada de um pai e um filho tentando sobreviver num mundo pós-apocalíptico.

Cadernos Negros 45.
Quilombhoje Literatura • 376 pp • R$ 60

Reunindo 56 autores e autoras de diversas partes do Brasil, a edição celebra os 45 anos da série literária Cadernos Negros, publicações criadas em 1978 que se tornou um marco da expressão literária afro-brasileira.

O corpo vulnerado. Maria Angélica Melendi.
Org. Eduardo de Jesus • Cobogó • 344 pp • R$ 90

Em uma série de ensaios, a crítica argentina radicada no Brasil aborda as relações entre arte e política na América do Sul a partir de obras que colocam o corpo em evidência na produção de nomes como Arthur Bispo do Rosário, Feliciano Centurión, Lygia Pape e Lygia Clark.

Jogo da forca. Christian Morgenstern
Org. Samuel Titan Jr. • Editora 34 • 168 pp • R$ 68

Poemas do poeta alemão traduzidos ao longo do século 20 por Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Felipe Fortuna, Montez Magno, Paulo Mendes Campos, Rubens Rodrigues Torres Filho, Roberto Schwarz e Sebastião Uchoa Leite.

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Listão da Semana: confira os lançamentos de semanas anteriores

Quem escreveu esse texto

Iara Biderman

Jornalista, , editora da Quatro Cinco Um, está lançando Tantra e a arte de cortar cebolas (34)

Jaqueline Silva

É estudante de Jornalismo na ECA-USP e estagiária editorial na Quatro Cinco Um.