Listão da Semana,

Fernando Venâncio, Claudia Piñeiro, César Aira e mais 13 lançamentos

O ensaio premiado do linguista Fernando Venâncio, ‘Assim nasceu uma língua’, conta a história da língua portuguesa desde sua origem como variante do galego até a popularização do português brasileiro

03maio2024

As línguas podem surgir por caminhos mais tortos do que imagina nossa vã linguística. como nos mostra Assim nasceu uma língua, ensaio premiado de Fernando Venâncio que une leveza e profundidade para contar a história das palavras e que chega esta semana às livrarias. 

A seleção da semana inclui um suspense da argentina Claudia Piñeiro; quatro títulos de César Aira; um clássico da teoria do design, de Bruno Munari; um ensaio sobre desistir, de Adam Phillips; a autoficção de Piedad Bonnett sobre o suicídio do filho; uma reportagem sobre o esquema das bitcoins; um romance premiado de Hannelore Cayre; um ensaio relacionando Schopenhauer a Jorge Luis Borges e Guimarães Rosa; e mais novidades quentinhas. 

Viva o livro brasileiro!

Veja os lançamentos de semanas anteriores.


Assim nasceu uma língua: sobre as origens do português. Fernando Venâncio.
Tinta-da-China Brasil • 304 pp • R$ 99,90

Vencedor do Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho 2020, o linguista, escritor e crítico literário português narra neste ensaio a história da língua portuguesa: suas estruturas e formas, os processos históricos que a formaram e sua disseminação por outros continentes — desde sua origem como variante do galego, língua ibero-românica falada no noroeste da Espanha, até a popularização do português brasileiro. Publicada originalmente pela Edições Tinta-da-China, em Lisboa, a edição brasileira, da Tinta-da-China Brasil (selo editorial da Associação Quatro Cinco Um) vem acompanhada de um prefácio do linguista Marcos Bagno, que reflete sobre os mitos em torno da língua.

“Venâncio apresenta seu livro como obra de divulgação e realiza, com propriedade, esse seu objetivo primordial. Escreveu um texto sem tecnicismos, com admirável clareza e temperado, aqui e ali, com elegantes e deliciosas tiradas irônicas. A narrativa é leve, cativante e fartamente exemplificada, combinando, na devida medida, as duas histórias que tradicionalmente ocupam os linguistas históricos: a história interna, que dá atenção às mudanças sistêmicas da língua, e a história externa, que relata as transformações dos contextos socioculturais em que a língua é falada e seus impactos sobre ela”, escreve Carlos Alberto Faraco em resenha para a Quatro Cinco Um. Leia na íntegra. 

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Catedrais. Claudia Piñeiro.
Trad. Marcelo Barbão • Primavera • 256 pp • R$ 69,90

A escritora e roteirista nascida em Buenos Aires em 1960, uma das convidadas para A Feira do Livro 2024, foi finalista do International Booker Prize pelo romance Elena Knows e vencedora do prêmio Clarín Novel por As viúvas das quintas-feiras (Alfaguara, 2007), adaptado em minissérie pela Netflix. Nesse novo suspense publicado no Brasil, a autora narra, por meio da memória dos sete personagens envolvidos na trama, o assassinato brutal de uma adolescente. Piñeiro explora as consequências do fanatismo religioso, a solidão nos laços familiares e os preconceitos sociais para revelar a verdade sobre um crime não solucionado por mais de trinta anos

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O primeiro volume da Coleção César Aira — que ao total publicará dezesseis títulos, que serão lançados ao longo de quatro anos — reúne quatro romances do escritor e tradutor argentino: A provaO Congresso de LiteraturaO vestido rosa e Atos de caridade. Uma novela com alto teor sexual; um congresso literário que parece saído da ficção científica; uma comédia de erros inspirada num conto de Guimarães Rosa; e uma irônica parábola religiosa.

Em resenha para a Quatro Cinco Um, o jornalista Schneider Carpeggiani escreve: “Se houver um novo boom (o que o mercado adoraria), ele deve atravessar o caminho de César Aira, um nome sempre lembrado, com mais ou menos força, nas bolsas de apostas do prêmio Nobel de literatura. Se pensamos hoje em algo como um boom literário latino-americano, pensamos também na ideia de um grande autor latino-americano. E Aira, com sua galáxia gigantesca de livros, talvez seja o que melhor se enquadra na categoria. Ainda que, ao mesmo tempo, pareça indiferente de caber dentro dela. Tem sempre um paradoxo no caminho dele”. Leia a resenha na íntegra.

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Design como arte. Bruno Munari.
Trad. Feiga Fiszon • Cobogó • 272 pp • R$ 88

Publicada originalmente em 1966, tornou-se uma das obras mais influentes do artista, designer e teórico italiano. Munari destaca o trabalho dos designers como criadores das formas dos objetos cotidianos que nos envolvem e seu papel de formadores democráticos do gosto. O autor traça as ideias acerca de designers e estilistas, design visual, gráfico e industrial e pesquisa de design.

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Sobre desistir. Adam Phillips.
Trad. Breno Longhi • Ubu • 160 pp • R$ 54,90

O psicanalista e ensaísta britânico, também bastante conhecido nos meios literários (ele é colaborador da London Review of Books) recorre a autores como Kafka, Shakespeare, Nietzsche e Freud para discutir a ambiguidade de nossas escolhas e desejos. Entre a busca de satisfazê-los ou de desistir, Phillips analisa a existência permanente dos sacrifícios, sejam bons ou ruins, e que se revelam em futuros diferentes.

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O que não tem nome. Piedad Bonnett.
Trad. Elisa Menezes • DBA Literatura • 152 pp • R$ 62,90

A poeta e dramaturga colombiana, vencedora do Prêmio Nacional de Poesia do Instituto Colombiano de Cultura, narra em tom autobiográfico a experiência do luto após o suicídio do filho esquizofrênico, que por anos lutou contra a depressão e outras consequências da doença. Dividido em quatro partes, Bonnett une o relato pessoal à ficção para traçar as características da dor, do adoecimento, da loucura e do suicídio, na tentativa de nomear os sentimentos que envolvem o luto e a ausênci

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Queda livre: a história de Glaidson e Mirelis, faraós dos bitcoins. Chico Otavio e Isabela Palmeira.
História Real/Intrínseca • 208 pp • R$ 69,90

Investigação jornalística de três anos que destrinchou a trajetória de Glaidson Acácio dos Santos e sua esposa Mirelis Yoseline Diaz Zerpa, responsáveis por erguer um dos maiores esquemas de pirâmide financeira do Brasil, que movimentou 38 bilhões de reais e enganou 89 mil pessoas, entre famílias pobres e celebridades. Os jornalistas narram a origem, ascensão e queda do casal, em meio a ostentação, lavagem de dinheiro e o envolvimento com a fé.

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A patroa. Hannelore Cayre.
Trad. Diego Grando • Dublinense • 192 pp • R$ 69,90

Da escritora e advogada francesa, este romance vencedor do Prix du Polar Européen e do Grand Prix de Littérature Policière, prêmios franceses focados em romance policial, explora os conflitos de uma especialista em língua árabe que presta serviços à justiça francesa. Em meio a diversos problemas pessoais e incidentes com a polícia e criminosos, entra para o mundo do crime com o codinome de “Patroa”.

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O sonho é o monograma da vida: Schopenhauer, Borges, Guimarães Rosa. Márcio Suzuki.
Editora 34 • 280 pp • R$ 78

O diretor de cinema e escritor francês, que venceu o Goncourt com A ordem do dia (Tusquets, 2019), sobre os bastidores de momentos-chave da Segunda Guerra, volta a unir história e literatura, desta vez sobre outro dos conflitos definidores do século 20: a Primeira Guerra da Indochina (1946 – 1954). O livro explora a reviravolta histórica que a França, uma das maiores potências mundiais, vivencia ao ser derrotada pelo exército vietnamita e que culmina na independência de Laos, Camboja e do próprio Vietnã.

Leia também: Livro de Éric Vuillard ganhador do Goncourt sobre a 2ª Guerra Mundial testa limites entre história e literatura

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+ novidades quentinhas

A revolta dos bichos. Mykola Kostomárov. 
Trad. e Posf. Diego Moschkovich • Ercolano • 76 pp • R$ 57,50
Considerado precursor de A revolução dos bichos, de George Orwell, o conto do historiador russo, especialista em revoltas camponesas durante o império czarista, foi publicada postumamente, em 1917.

Diário da menina vestida de blue. Samantha Buglione.
Editora Nauta • 228 pp • R$ 65
A psicanalista parte de questões psicológicas da relação de uma filha com o pai e o trauma pelo abandono da mãe ainda na infância, em um romance que retrata uma mulher que faz uma caçada por si mesma.

Entre a utopia e o cansaço: pensar Cuba na atualidade. Aline Miglioli, Fabio Luis Barbosa e Vanessa Oliveira (Org.).
Editora Elefante • 384 pp • R$ 70
Uma economista, uma jornalista e um historiador reúnem 22 textos sobre a realidade cubana atual em temas como homossexualidade, religião, racismo e imigração.

Dona Ivone Lara e o sonho de sambar e encantar. Jacques Fux e Flávia Borges.
Companhia das Letrinhas • 64 pp • R$ 64,90
Biografia ilustrada sobre a infância, o trabalho como assistente social, a música e a arte da grande dama do samba brasileiro.

Uma psicanálise errante: andanças cinemáticas e reflexões psicanalíticas. Miriam Chnaiderman.
Blucher • 344 pp • R$ 115
A cineasta e psicanalista mineira relaciona cinema, literatura e psicanálise no debate clínico sobre os “erros” do inconsciente e as relações entre o mundo de dentro e o de fora.

É solitário no centro da Terra. Zoe Thorogood.
Trad. Andressa Lelli • Conrad • 192 pp • R$ 79,90
Indicada aos prêmios Eisner e Ringo, a graphic novel narra uma espécie de autobiografia da quadrinista e o embate ambíguo entre seu processo criativo e sua saúde mental.

Inesquecíveis. Fabien Toulmé.
Trad. Bruno Ferreira Castro e Fernando Scheibe • Nemo • 128 pp • R$ 74,90
O autor de Não era você que eu esperava e A odisseia de Hakim passa por países da Europa, América Latina e África reunindo histórias de eventos que marcaram a vida de pessoas.

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Listão da Semana: confira os lançamentos de semanas anteriores

Quem escreveu esse texto

Iara Biderman

Jornalista, editora da Quatro Cinco Um, está lançando Tantra e a arte de cortar cebolas (34).

Jaqueline Silva

É estudante de Jornalismo na ECA-USP e assistente editorial na Quatro Cinco Um.

Peraí. Esquecemos de perguntar o seu nome.

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