Repertório 451 MHz,

De São Paulo a Luanda

Novos colunistas da Quatro Cinco Um, Juliana Borges e Ondjaki refletem no 451 MHz sobre as diferentes formas do racismo e o futuro das democracias

24mar2023

Está no ar o 84º episódio do 451 MHz, o podcast da revista dos livros. Neste episódio, os mais novos colunistas da Quatro Cinco Um, a escritora e pesquisadora paulistana Juliana Borges e o escritor angolano Ondjaki, refletem sobre as diferentes formas que o racismo toma pelo mundo, o futuro das democracias e o que pretendem escrever mensalmente na revista dos livros.

Duas vezes por mês, trazemos entrevistas, debates e informações sobre os livros mais legais publicados no Brasil. O 451 MHz tem apoio dos Ouvintes Entusiastas. Seja um você também!

Noite de estreia

Juliana Borges e Ondjaki são os mais novos colunistas da Quatro Cinco Um, publicando mensalmente textos na revista impressa e no site.

Perspectiva Amefricana

Feminista negra antiproibicionista e antipunitivista, Juliana Borges é escritora e pesquisadora em antropologia, política criminal e relações raciais.


A escritora e pesquisadora Juliana Borges [Acervo pessoal]

Borges é autora de Prisões: espelhos de nós (Todavia, 2020) e O que é encarceramento em massa? (Letramento, 2018), sobre os quais falou no episódio 30 do 451 MHz, com Preta Ferreira, sobre o encarceramento da população negra. Em 2022, ela fundou a livraria HG Publicações, que promove títulos antirracistas, anticapitalistas, feministas, indígenas, LGBTQIA+ e independentes. Além disso, Borges promove ativamente políticas de livro e leitura.

        

Em sua coluna, chamada Perspectiva Amefricana, a escritora falará sobre pensamento feminista negro e políticas de promoção do livro e da leitura. Em seu primeiro texto, que sairá na edição impressa número 68, de abril, Borges discorre sobre as diferentes formas que o racismo pode tomar.

Deslembramentos

Ondjaki nasceu em Luanda, capital de Angola, e é autor de livros de poesia, contos, literatura infantojuvenil e romances que falam sobre memória, sociopolítica e a cultura de seu país.


O escritor e poeta angolano Ondjaki [Kaio Elias/Divulgação]

Em 2010, ganhou o prêmio Jabuti na categoria Juvenil com AvóDezanove e o segredo do soviético, lançado pelo selo Seguinte, e em 2013 ganhou o prêmio José Saramago com Os transparentes, que saiu pela Companhia das Letras.

        

Ele também fundou a livraria Kiela e a editora Kacimbo, com futuros lançamentos do jovem autor angolano Israel Campos, jornalista que cobriu as eleições do país pela rede britânica BBC. Em maio, a Kacimbo, juntamente com a editora moçambicana Ethale, publica sua primeira tradução: um livro da escritora sul-africana Zukiswa Wanner. Já a livraria Kiela foca em títulos voltados para a formação de leitores, em especial do público infantojuvenil, e promove eventos culturais para jovens e crianças.

Na sua coluna, chamada Deslembramentos, Ondjaki trará crônicas de memórias e afetos da sua vida em Angola. E é isso que ele faz na sua coluna de estreia.

Colaboração das antigas

Tanto Borges quanto Ondjaki já haviam colaborado na revista dos livros.

A escritora escreveu sobre como a onda de reconstituição de crimes reais alimenta o populismo penal e a obsessão por justiça. Seu livro Prisões foi resenhado duas vezes na Quatro Cinco Um: a primeira por Felipe da Silva Freitas para a seção do Laut e a segunda na coluna de Paulo Roberto Pires.

Grande admirador de Manoel de Barros, Ondjaki escreveu uma resenha do livro infantil Exercícios de ser criança, no qual o poeta brinca de fingir que pode interromper o voo dos pássaros.

A Quatro Cinco Um ainda publicou uma entrevista que Ondjaki e seu pai, o também escritor Júlio de Almeida, fizeram um com o outro a partir do lançamento simultâneo de O incesto real e O livro do deslembramento, escritos respectivamente por pai e filho.

        

Ondjaki ainda havia concedido uma entrevista à editora Beatriz Muylaert sobre o livro infantil A estória do sol e do rinoceronte, que conta com ilustrações de Catalina Vásquez. “Acho importante falarmos de amor, mas também da morte. Falar de luz e luzes, mas também da tristeza. Não para apresentar soluções ou fórmulas, mas para incorporar na parte normal e quotidiana da humanidade”, disse ele.

O escritor também participou de uma conversa on-line com Paulo Werneck, diretor de redação, em que falaram sobre A estória do sol e do rinoceronte e outros quatro livros de poesia e ensaio que foram lançados simultaneamente pela editora Pallas em 2021. A entrevista aconteceu no Instagram da Quatro Cinco Um, e está disponível no YouTube da revista. Assista a conversa a seguir:

O melhor da literatura LGBTI+

Mariam Pessah, autora de Grito de mar (Taverna, 2019), recomenda A intimidade do procedimento: escrita, lesbiana, sul como práticas de si, de val flores, publicado em 2022 pela Greta – Grupo de Tradução Lésbica e que ajudou a traduzir.

val flores é uma das principais intelectuais lésbicas, feministas, ativistas e poetas da América Latina e do Caribe. Em seus textos, a poeta argentina discorre sobre o lesbianismo não como orientação sexual, mas como um termo que situa politicamente as pessoas que se identificam como lésbicas. O livro foi traduzido pelo Greta, grupo de tradução formado por vinte tradutoras lésbicas de todo o Brasil, do qual Mariam Pessah faz parte.

Confira a lista completa de indicações dadas no podcast 451 MHz, no bloco O Melhor da Literatura LGBTQIA+.

O 451 MHz é uma produção da Rádio Novelo e da Associação Quatro cinco um.
Apresentação: Paulo Werneck
Coordenação Geral: Évelin Argenta e Paula Scarpin
Produção: Ashiley Calvo
Edição: Gabriela Varella
Produção musical: Guilherme Granado e Mario Cappi
Finalização e mixagem: João Jabace e Luis Rodrigues, da Pipoca Sound
Identidade visual: Quatro Cinco Um
Coordenação digital: Juliana Jaeger e FêCris Vasconcellos
Para falar com a equipe: [email protected]