Repertório 451 MHz,
De Nova York a Cabul
Vinte anos depois do 11 de Setembro, Simone Duarte, que cobriu os atentados ao vivo de Nova York, lança livro sobre os impactos da tragédia
20ago2021Ouça mais Episódios
Está no ar o 47º episódio do 451 MHz, o podcast da revista dos livros! Duas vezes por mês, trazemos entrevistas, debates e informações sobre os livros mais legais publicados no Brasil. Neste episódio, o apresentador Paulo Werneck, editor da Quatro Cinco Um, recebe a colunista Simone Duarte, conhecida como “a voz do 11 de setembro” e que acaba de lançar O vento mudou de direção (Fósforo), em que narra os impactos dos atentados em personagens de diferentes nacionalidades.
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O 451 MHz tem apoio dos Ouvintes Entusiastas. Seja um você também! O 451 MHz tem ainda apoio do banco digital brasileiro C6 Bank e dos podcasts Quarta Capa, da Todavia, e Rádio Companhia, da Companhia das Letras.
Ouça o episódio aqui e agora:
Duas décadas depois
Em 11 de setembro de 2001, a jornalista Simone Duarte entrava ao vivo na TV Globo, direto de Nova York, para noticiar os ataques terroristas que chocaram o mundo — a cobertura rendeu à equipe uma nomeação ao Emmy internacional. Agora, vinte anos passados, ela lança O vento mudou de direção (Fósforo), livro em que perfila os destinos de cidadãos afegãos, paquistaneses e iraquianos desde o ataque às Torres Gêmeas.
Neste episódio do 451 MHz, ela divide os bastidores da cobertura dos atentados (como, por exemplo, a discussão sobre mostrar ou não na televisão as pessoas caindo do World Trade Center), discute o papel dos Estados Unidos na formação do Talibã e os acontecimentos recentes no Afeganistão, fala sobre o projeto de desradicalização pelo qual passam as crianças guerrilheiras e conta detalhes dos personagens (reais) de seu livro, como o jornalista que entrevistou Osama Bin Laden e recebeu do próprio a informação de que haveria um atentado.
Trajetória estelar
Além de ter trabalhado durante quinze anos na Globo, nas redaçõas do Rio de Janeiro e de Nova York, Duarte, carioca que mora desde 2008 em Lisboa, foi também diretora executiva do jornal português Público, atuou na ONU no Timor-Leste e foi a primeira jornalista brasileira a entrar na Coreia do Norte. Fez mestrado em relações internacionais pela New School, em Nova York, onde também lecionou, e recebeu a prestigiosa bolsa Eisenhower. Duarte realizou ainda o documentário A caminho de Bagdá (2004), sobre Sergio Vieira de Mello, diplomata brasileiro morto em 2003 em atentado no Iraque. O filme foi premiado pela Associação de Correspondentes da ONU e exibido nos canais PBS, France 5 e RTP2.
Memórias das memórias
Em seu livro, Duarte mostra as consequências sofridas pelo que chama de “outro lado” — “não o lado dos terroristas, mas dos três países que foram mais afetados pelas consequências do 11 de setembro: o Afeganistão, o Paquistão e o Iraque”. Entre as vozes silenciadas ouvidas por ela estão a de um chefe de espionagem da inteligência paquistanesa, um menino cooptado pelo Talibã para ser um homem-bomba e uma poeta que teve que fugir de seu país para viver no país do inimigo.
Ela conta que não procurou fazer um livro sobre política internacional, mas sobre pessoas, e que não se trata de um projeto jornalístico: “Minha ideia não era investigar o que eles me diziam. São as minhas memórias das memórias deles”. Por meio da escrita, ela pretende desmistificar os estereótipos comumente atribuídos aos países árabes e muçulmanos — e nos lembra do perigo da história única.
Mais na Quatro Cinco Um
A edição de setembro da revista trará um artigo assinado pelo jornalista Sérgio Dávila, diretor de redação da Folha de S. Paulo, sobre O vento mudou de direção, de Simone Duarte, e O único avião no céu, do norte-americano Garrett M. Graff, recém-lançado no Brasil pela editora Todavia. Historiador e jornalista, Graff joga luz na tragédia (e nos heróis que emergiram das cinzas) tendo como base documentos tornados públicos recentemente e mais de quinhentas histórias orais recolhidas nos últimos dezessete anos junto a funcionários públicos, bombeiros, sobreviventes, amigos e familiares das vítimas.
Na edição #19 da revista, a colunista Bianca Tavolari resenhou Dentro do nevoeiro, livro em que Guilherme Wisnik faz uma reflexão sobre o estado de incerteza do mundo atual tendo a imagem do nevoeiro como elemento crucial — seja a nuvem impalpável dos fluxos financeiros, seja a nuvem dos dados da internet, seja a névoa de poeira que restou da destruição das Torres Gêmeas.
O melhor da literatura LGBTI+
No quadro, que tem apoio do C6 Bank, Claudia Holanda, editora de conteúdo da Rádio Novelo (que produz o 451 MHz), recomenda o livro A vulva é uma ferida aberta e outros ensaios (A Bolha, 2021), da norte-americana Gloria Anzaldúa.
Narradores do Brasil
Na coleção de episódios roteirizados Narradores do Brasil, o 451 MHz faz breves incursões no formato narrativo para explorar a vida e a obra de nossos grandes autores. Ouça agora mesmo os dois primeiros episódios, sobre Rubem Fonseca e Lygia Fagundes Telles. E, em breve, um novo episódio!
O 451 MHz é uma produção da Rádio Novelo para a Quatro Cinco Um
Apresentação: Paulo Werneck
Coordenação Geral: Paula Scarpin e Vitor Hugo Brandalise
Produção: Gabriela Varella
Edição: Claudia Holanda
Produção musical: Guilherme Granado e Mario Cappi
Finalização e mixagem: João Jabace
Identidade visual: Quatro Cinco Um
Coordenação digital: Juliana Jaeger
Gravado com apoio técnico da Confraria de Sons & Charutos (SP).
Para falar com a equipe: [email protected]
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