Revoar,

Voando alto

O que acontece quando mulheres e pessoas negras ocupam cargos altos nas estruturas de poder no Brasil

17set2020

Mesmo sendo maioria no Brasil, mulheres e pessoas negras não ocupam cargos altos nas estruturas de poder do Estado. Essa subrepresentatividade também vale para populações indígenas.

O Supremo Tribunal Federal tem 130 anos e até hoje apenas três mulheres e três negros ocuparam cargos como ministras e ministros em toda a sua história. No Legislativo — que conta com quase seiscentos cargos entre deputados e senadores —, a diferença é descomunal: 75% dos parlamentares são brancos.

Embora no Brasil haja 50 milhões de mulheres negras, somente onze estão no Congresso. O pior: não há nenhuma senadora negra no país. E quando pensamos na representatividade de povos indígenas, há apenas uma: a deputada Joenia Wapichana. Já no quadro de pessoas com deficiências, existem somente duas pessoas, o deputado Felipe Rigoni e a Senadora Mara Gabrilli.

No oitavo e último episódio da temporada Autoritarismo e Discriminação, Natália Neris e Rafael Mafei discutem a problemática para entender o que acontece quando pessoas injustamente subalternizadas ascendem a posições de comando e passam a decidir o futuro daquelas que estão acostumadas a estar no topo.

Para isso, o Revoar traz ao centro do debate três grandes nomes de luta no ativismo por mudanças sociais: a deputada Benedita da Silva, única mulher negra que participou do grupo de deputados e senadores que escreveu e aprovou a Constituição do Brasil de 1988; a professora Eunice Prudente, única mulher negra a se tornar professora da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo; e Luiz Eloy Terena – único advogado indígena com doutorado em antropologia pelo Museu Nacional e advogado da Articulação de Povos Indígenas do Brasil (APIB), representando a instituição em ação histórica no Supremo Tribunal Federal.

No derradeiro programa, convidadas e convidado conversam sobre as dificuldades que enfrentaram e continuam confrontando em suas carreiras e, também, nas lutas que adotaram para suas vidas, justamente por ser impossível dissociá-las de suas origens. Abordam, também, as perspectivas para o reconhecimento e preservação dos direitos e da igualdade de oportunidades para minorias étnico-raciais no Brasil.

O episódio explora as nuances da discriminação a grupos oprimidos em espaços de poder e como uma ideologia supremacista e discriminatória cria obstáculos para grupos desfavorecidos. Além disso, participantes fazem um balanço dos direitos conquistados e os desafios colocados ainda hoje a povos indígenas, mulheres e pessoas negras no Brasil.

A temporada se encerra ressaltando a importância de se remover todo e qualquer tipo de barreira que impeça a ascensão de grupos historicamente discriminados. Todas as histórias e exemplos narrados também mostram que a remoção desses obstáculos e o combate a esses privilégios é uma função importante do direito da antidiscriminação.

O Revoar é publicado semanalmente, às quinta-feiras pela manhã. A temporada Discriminação e Autoritarismo é apresentada por Natália Neris e Rafael Mafei, com produção da Rádio Novelo. Para falar diretamente com a equipe, escreva para [email protected].

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O podcast é uma produção da Rádio Novelo para o LAUT  
Apresentação: Natália Neris e Rafael Mafei
Coordenação: Paula Scarpin e Vitor Hugo Brandalise
Roteiro: Natália Néris e Rafael Mafei
Tratamento de roteiro: Paula Scarpin e Vitor Hugo Brandalise
Pesquisa: Marcelo Oliveira
Produção: Clara Rellstab
Edição: Claudia Holanda e Mari Romano
Finalização e mixagem: João Jabace
Engenharia de som com o apoio técnico da Som de Cena
Música original: Mari Romano
Identidade visual: Sergio Berkenbrock dos Santos
Distribuição: Bia Ribeiro
Coordenação digital: Karina Oliveira e Kellen Moraes
Para falar com a equipe: [email protected]