História,
Luiz Felipe de Alencastro lança livro com artigos que driblaram a censura durante a ditadura
‘Despotismo tropical’ reúne artigos publicados pelo historiador sob o pseudônimo de Julia Juruna no Le Monde Diplomatique, nos anos 70 e 80, denunciando perseguições e torturas cometidas pelos militares
26jul2024O historiador e cientista político Luiz Felipe de Alencastro lança neste sábado (27), às 17h, na livraria Platô, em Brasília, a coletânea de artigos Despotismo tropical: a ditadura e a redemocratização nas crônicas de Julia Juruna, publicado pela Tinta-da-China Brasil, selo editorial da Associação Quatro Cinco Um. O evento contará com a presença de Tamires Sampaio, assessora especial do Ministro da Justiça, e o organizador do livro, o historiador Rodrigo Bonciani.
Escrito sob o pseudônimo feminino e indígena Julia Juruna, os textos que compõem o livro foram publicados originalmente no jornal francês Le Monde Diplomatique nos anos 70 e 80. Os artigos denunciam a censura, a perseguição militar e as torturas, e funcionaram na época como uma espécie de correio brasileiro para que os europeus (e o restante do mundo) soubessem o que estava acontecendo do lado de baixo do Equador.
Reunidos e traduzidos pela primeira vez em português pelo historiador Rodrigo Bonciani, coautor de Contracondutas: ação político-pedagógica (Editora da Cidade, 2017), os artigos de Alencastro ajudam a entender um período importante da história brasileira iniciado nos anos 60: a ditadura militar.
“Em um contexto em que a população indígena brasileira estava tomando algumas frentes contra a ditadura, Alencastro escolheu Julia Juruna como pseudônimo”, contou Rodrigo Bonciani no episódio 113 do podcast 451 MHz.
Mais Lidas
“Tem textos [que foram escritos] até o ano de 1992, um período longo entre o final da ditadura e a retomada da democracia do Brasil. A análise de quem tem uma visão muito importante do país tem uma contribuição enorme para pensarmos na atualidade dos temas ali presentes, como economia e até o escravismo colonial [tema ao qual Alencastro dedicou parte de seus estudos].”
A autora criada por Alencastro, desconhecida até o final dos anos 80, foi fundamental para levar notícias por baixo dos panos, driblando a censura, e reverbera até hoje. “A política do dever da memória a respeito do golpe deve ser uma política de Estado e não de governo”, afirmou Alencastro no mesmo programa.
Livraria recém-inaugurada
O evento acontece na livraria Platô, recém inaugurada na Asa Sul da capital brasileira. O local abriga cerca de três mil livros. Segundo os organizadores, o acervo fica distribuído em uma “passagem literária”, que interliga o espaço urbano da quadra residencial à comercial.
Entre o acervo, é possível encontrar livros de formação, clássicos, debates contemporâneos, poesia, artes, infantojuvenis, entre outros. A livraria também conta com um café e uma área externa onde os leitores podem se sentar e iniciar as suas leituras enquanto bebem seu café ou um vinho. A Platô abre de terça a domingo, das 12h às 19h (com mudanças no horário em dias de lançamentos).
Lançamento de Despotismo tropical: a ditadura e a redemocratização nas crônicas de Julia Juruna
Data: sábado, 27 de julho
Local: Platô Livraria
Horário: 17h
Endereço: Asa Sul CLS 405 Bloco A Loja 12
Valor: entrada gratuita
Peraí. Esquecemos de perguntar o seu nome.
Crie a sua conta gratuita na Quatro Cinco Um ou faça log-in para continuar a ler este e outros textos.
Ou então assine, ganhe acesso integral ao site e ao Clube de Benefícios 451 e contribua com o jornalismo de livros independente e sem fins lucrativos.
Porque você leu História
Antifascismo histórico e humano
Biógrafo de Mussolini, Antonio Scurati une histórias célebres e anônimas de resistência ao horror e explica o poder de sedução de autocratas atuais
JANEIRO, 2025