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Livros de João do Rio, Édouard Louis e Geni Núñez são os mais vendidos da Flip 2024
Historiador Luiz Antônio Simas, que abriu a celebração deste ano, e a Nobel de Literatura Han Kang também estão entre os mais procurados; veja lista
15out2024A Livraria da Travessa, livraria oficial da Flip 2024, vendeu quinze mil exemplares na Festa Literária Internacional de Paraty, que aconteceu entre os dias 8 e 13 de outubro na cidade histórica.
Homenageado da 22ª edição, João do Rio foi o autor mais vendido — a edição da Antofágica da coletânea de crônicas A alma encantadora das ruas liderou o ranking de vendas e a edição comentada pelo historiador Luiz Antonio Simas, publicada pela José Olympio, ficou com a segunda colocação.
Autores convidados desta edição foram os mais cobiçados, conforme esperado. Entre os títulos mais vendidos aparecem A mais recôndita memória dos homens (Fósforo), do franco-senegalês Mohamed Mbougar Sarr e tradução de Diogo Cardoso; Quero estar acordado quando morrer: diário do genocídio em Gaza (Elefante), do palestino Atef Abu Saif, com tradução de Gisele Eberspächer; e Descolonizando afetos (Paidós), da guarani Geni Núñez, a autora mulher mais vendida da Flip 2024. A surpresa nas vendas foi Han Kang, escritora sul-coreana que venceu o Nobel de Literatura na última quinta (10).
Confira a seguir os 10 livros mais vendidos da 22ª Flip
- A alma encantadora das ruas (Antofágica), de João do Rio
Autor homenageado da Flip 2024, João do Rio retratava a formação urbana e a velocidade com que ocorria, tecendo também reflexões sobre o progresso e suas contradições, como mostra esse livro de crônicas originalmente publicado em 1908.
- A alma encantadora das ruas: edição comentada por Luiz Antonio Simas (José Olympio), de João do Rio e Luiz Antonio Simas
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“Ao contrário do que o pseudônimo parece sugerir, João do Rio fala dos dilemas de todas as grandes cidades do mundo”, lembra Luiz Antonio Simas no podcast 451 MHz. No episódio “João do Rio na encruzilhada”, o historiador conversa com a editora Ana Lima Cecilio, curadora da Flip 2024, sobre um dos autores mais importantes do início do século 20 e homenageado desta edição.
- A mais recôndita memória dos homens (Fósforo), de Mohamed Mbougar Sarr
Ganhador do prêmio Goncourt de 2021, o quarto romance do escritor senegalês – um estudioso da obra do grande poeta Léopold Sédar Senghor – se inspira em um episódio do século passado para construir uma trama labiríntica cujo tema é outra obra literária. Em 1968, o escritor malinense Yambo Ouologuem se tornou o primeiro negro a conquistar o prestigiado prêmio Renaudot, mas quatro anos depois seu livro foi acusado de plágio e ele acabou sendo retirado das livrarias.
No romance de Sarr (que dedicou seu livro a Ouologuem), um jovem escritor senegalês descobre em Paris um livro mítico publicado em 1938, O labirinto do inumano, cujo autor desapareceu silenciosamente após uma rumorosa acusação de plágio. Faye inicia então uma investigação para descobrir se ele ainda está vivo. Leia entrevista com Mohamed Mbougar Sarr, por Fernando Eichenberg.
- Quero estar acordado quando morrer (Elefante), de Atef Abu Saif
Diário do escritor e jornalista nomeado ministro da cultura da Autoridade Nacional Palestina. Nascido em um campo de refugiados, Saif narra neste livro o período em que ficou preso na Faixa de Gaza junto ao filho e outros parentes, em meio à Guerra entre Israel e o Hamas. O livro foi publicado simultaneamente em dez países.
- Descolonizando afetos: experimentações sobre outras formas de amar (Paidós), de Geni Núñez
A psicóloga e ativista indígena guarani discute a imposição do casamento monogâmico pelos missionários da era colonial, que procuravam reprimir as demais modalidades de relacionamento vigentes nas populações indígenas. Ela defende a necessidade de repensar o exclusivismo nos relacionamentos afetivos e o acolhimento das pessoas que desejam vivenciar outras formas de amar.
Leia mais: Uma queda pela tentação, um ensaio de Geni Núñez na Quatro Cinco Um
- Felizes por enquanto (Planeta de Livros), de Geni Núñez
Estreia na poesia da psicóloga e ativista guarani, autora de Descolonizando afetos (Paidós, 2023), reúne reflexões sobre relacionamentos, colonização, tempo e memória.
- Canção do amor (Elo Editora), de Txai Suruí
Txai Suruí, do povo paiter suruí da Terra Indígena Sete de Setembro, em Rondônia, é coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental – Kanindé e colunista da Folha de S.Paulo. Ela é hoje uma das vozes mais importantes na luta pelos direitos indígenas e pelo meio ambiente – questões intimamente ligadas. Em Canções do amor, a escritora explora a poesia em uma defesa pelo direito de existir.
- A vegetariana (Todavia), de Han Kang
A poeta, contista e romancista sul-coreana Han Kang, de 53 anos, se tornou a primeira escritora asiática a ganhar o prêmio Nobel de Literatura no último dia 10 de outubro. Han é conhecida por ter uma prosa elegante e por explorar temas como a opressão patriarcal, violências históricas e as fronteiras do que nos define enquanto seres humanos. Em A vegetariana, romance composto por três narrativas, a autora conta a história de uma mulher que decide parar de comer carne motivada por perturbadores sonhos noturnos. O ato tem consequências dramáticas, revelando o erotismo e a loucura latentes na sociedade. Leia a resenha de Rita Mattar.
- O avesso da pele (Companhia das Letras), de Jeferson Tenório
Partindo do assassinato brutal de um professor negro de literatura durante uma abordagem policial, Jeferson Tenório revela o processo de introjeção do racismo a partir da investigação da tragédia pelo filho que perdeu o pai. Leia as resenhas de Luciana Araujo Marques e Carlos Marcelo na Quatro Cinco Um.
- Mudar: método (Todavia), de Édouard Louis
O livro constitui uma espécie de ensaio no qual o autor francês narra de forma crua as dificuldades enfrentadas durante sua infância e sua adolescência (pobreza material, violência, homofobia) e a maneira como se distanciou de sua família e de seus amigos, agarrando os estudos para se libertar da condição de operário fabril. Ele lê sem parar, janta com aristocratas e passa as noites com milionários para se tornar uma outra pessoa e erradicar de vez um passado que abomina. Leia a resenha de Paulo Roberto Pires.
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