451, A Feira do Livro,

Listão d’A Feira do Livro

Uma seleção de títulos de autores que participam do festival literário, que acontece entre 29 de junho e 7 de julho, na praça Charles Miller, Pacaembu, em São Paulo.

01jun2024 - 04h51 • 12jun2024 - 11h09

Uma seleção de títulos de autores que participam do festival literário, que acontece entre 29 de junho e 7 de julho, na praça Charles Miller, Pacaembu, em São Paulo.


BIOGRAFIA

Rodrigo Hübner Mendes. O potencial da mudança: o desafio de navegar pelas incertezas.
O fundador do Instituto Rodrigo Mendes compartilha sua história de vida, como virou o jogo ao ficar tetraplégico e conhecimentos sobre liderança. Objetiva. 256 pp. R$ 79,90

Martinho da Vila. Martinho da vida.
Livro de memórias do compositor, que lançou seu primeiro álbum em 1969, já com sucessos como “Casa de bamba”, “O pequeno burguês” e “Quem é do mar não enjoa”. Planeta. 320 pp. R$ 69,90

Leia também: Devagar, devagarinho e sempre — Aos 86 anos, Martinho da Vila lança suas memórias de quase setenta anos de música, 38 de escrita e mais de vinte livros

CRÍTICA LITERÁRIA

Henry Louis Gates Jr.. Caixa-preta: escrevendo a raça.
Panorama de autores negros dos EUA que resistiram ao racismo pela escrita. Trad. floresta. Companhia das Letras. 248 pp. R$ 84,90

Leia também: Felizmente, isso não é problema meu — ‘Ficção americana’ nos ensina que a absolvição calmante ao tormento branco diante do passado não é da nossa conta

Betina González. A obrigação de ser genial.
A escritora argentina explora temas como a genialidade, o que separa autoras de suas pares, e a diferença entre sentimento e sentimentalismo, rótulo muitas vezes colocado na literatura de mulheres. Trad. Silvia Massimini Felix. Pref. Andrea del Fuego. Bazar do Tempo. 240 pp. R$ 74

“González, como a maioria das escritoras, demorou a se reconhecer como tal e comenta que elas, em geral, são separadas em duas categorias: a do duplo padrão e a da anomalia. A primeira diz respeito às mulheres serem relegadas a esferas particulares, como a ‘literatura feminina’, uma vez que seus escritos não teriam nada a contribuir com a condição humana. A segunda vê a obra de determinada autora como uma exceção à regra, no sentido de não parecer uma literatura feita por uma mulher, podendo ser considerada ‘excêntrica, anômala, não feminina e, portanto, interessante’”, escreve a jornalista e historiadora Paula Carvalho em resenha para a revista dos livros. Leia na íntegra.

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Bernardo Esteves. Admirável novo mundo.
O jornalista analisa o povoamento das Américas e achados arqueológicos na Argentina, EUA, Chile, Brasil, Peru e México. Companhia das Letras. 504 pp. R$ 104,90

Ouça mais: O jornalista Bernardo Esteves apresenta no 451 MHz seu livro ‘Admirável novo mundo’, sobre a ocupação do ‘homo sapiens’ no continente americano e no mundo

Marcelo Viana. Histórias da matemática: da contagem nos dedos à inteligência artificial.
A partir de episódios retratados em sua coluna na Folha de S.Paulo, o diretor-geral do IMPA apresenta pensadores, problemas famosos, teorias e curiosidades ligadas à matemática. Tinta-da-China Brasil. 256 pp. R$ 84,90

Trecho:

Um fazendeiro estava determinado a matar um corvo que fizera o ninho numa torre da sua casa. O problema é que, cada vez que entrava na torre, o pássaro fugia, ficava observando e só voltava depois que o homem saía da torre. O fazendeiro recorreu a um estratagema: dois homens entraram juntos na torre e apenas um saiu. Mas o pássaro não se deixou enganar: só voltou ao ninho depois que o segundo homem saiu. Nos dias seguintes, eles repetiram o truque, sucessivamente com dois, três e até quatro homens, mas sempre sem sucesso. Por fim, entraram cinco homens na torre e saíram quatro. Dessa vez deu certo: incapaz de distinguir entre quatro e cinco, o corvo voltou para o ninho. 

Quem conta esse episódio é o historiador da matemática Tobias Dantzig (1884‑1956), no grande clássico. Número, a linguagem da ciência, publicado pela primeira vez em 1930. Não é um caso raro: estudos realizados nas últimas décadas indicam que o sentido do número está amplamente distribuído no reino animal, mesmo entre espécies com cérebros rudimentares. Muitos insetos, peixes, aves e mamíferos têm um sentido aproximado do número, que lhes permite escolher rapidamente entre dois grupos (de animais, de alimentos etc.) com tamanhos diferentes. Leia trecho completo.

ENSAIO

Rosa Freire d’Aguiar. Sempre Paris.
Retrato da capital francesa dos anos 70 aos 90, quando a jornalista e tradutora morou na cidade como correspondente. Reúne ensaio e entrevistas. Companhia das Letras. 360 pp. R$ 89,90

Leia mais: A cidade interminável — Em ‘Sempre Paris’, a tradutora Rosa Freire d’Aguiar rememora os dias de jornalista com excelentes entrevistas e suculento ensaio pessoal sobre a vida francesa entre os anos 70 e 90

Julia de Souza. John.
Neste ensaio sobre a perda do pai para a demência progressiva, a poeta elabora sentimentos como dor e luto num registro que alcança os meandros de perdas múltiplas. Âyiné. 110 pp. R$ 79,90

“Todos os lutos se parecem, mas cada um é devastador à sua maneira. No caso de John, ensaio pessoal da poeta Julia de Souza, perder o pai é um lento processo que, se não prepara ou ameniza a abrupta interrupção da morte, dá a ela sentidos diversos. Tomado pela demência, John vai sendo privado de expressão, memória e cognição. Mais do que filha enlutada, ensimesmada na dor, a autora cultivou longamente ‘a vontade temerosa de acessar a forma da consciência demente’ do pai, tendo ela mesma atravessado ‘períodos de névoa existencial, apagamento e aflição profunda’ desde uma crise psiquiátrica desencadeada na adolescência”, escreve o colunista Paulo Roberto Pires para a revista dos livros. Leia na íntegra.

Camila Sosa Villada. A viagem inútil: trans/escrita.
A atriz e autora resgata memórias da infância e reflete sobre sua relação com os pais, que a apresentaram à escrita e à leitura, e a literatura em sua vida. trad. Silvia Massimini Felix. Fósforo. 72 pp. R$ 59,90

“Escrever A viagem inútil foi uma luta, pois trata de como alguém que não estava destinada à literatura chegou a ela. Livros, autores, palavras e tudo o que facilitou minha infância, minha adolescência e agora, meus quarenta e tantos anos. A literatura entrou na minha vida com minha mãe apontando as palavras com a unha, enquanto lia em voz alta, e eu associava as letras ao som. A quantas pessoas ocorre ensinar uma criatura a ler assim?”, conta a autora em entrevista para a Quatro Cinco Um. Leia a entrevista da jornalista Adriana Ferreira Silva na íntegra.

HISTÓRIA

Luiz Felipe de Alencastro. Despotismo tropical: a ditadura e a abertura política nas crônicas de Julia Juruna.
Textos sobre a ditadura que o historiador e cientista político publicou nos anos 70 e 80 no Le Monde Diplomatique sob o pseudônimo de uma mulher indígena. Org. Rodrigo Bonciani. Tinta-da-China Brasil. pp e R$ a definir

Rui Tavares. Agora, agora e mais agora.
Adaptação do podcast apresentado pelo historiador português. Repassa séculos de história, revendo dilemas do passado para colocar em perspectiva os dilemas atuais. Tinta-da-China Brasil. pp e R$ a definir

Ouça mais: Nos cinquenta anos da Revolução dos Cravos, episódio especial do 451 MHz reconstitui o dia que inaugurou a democracia em Portugal

INFANTOJUVENIL

Stênio Gardel. Bento Vento Tempo.
História em cordel sobre amor e transformação na relação de um menino e seu avô. ils. Nelson Cruz. Companhia das Letrinhas. 40 pp. R$ 64,90

Geni Núñez. Jaxy Jaterê.
A ativista conta as aventuras de Jaxy Jaterê, saci conhecedor de ervas e chás que protege a floresta. Ils. Miguela Moura. HarperKids. 32 pp. R$ 49,90

LITERATURA BRASILEIRA

Maria Adelaide Amaral. Aos meus amigos.
Um retrato da geração que lutou contra a ditadura nos anos 70 e, no início dos anos 90, se desiludiu com um mundo em que a revolução sexual teve que enfrentar a aids e a queda do Muro de Berlim colocou as esquerdas em xeque. Instante. 288 pp. R$ 74,90

Iara Biderman. Tantra e a arte de cortar cebolas.
A editora da Quatro Cinco Um estreia na ficção com uma coletânea de contos curtos e ágeis que privilegiam vozes femininas. Prevalece nas histórias a ideia de deslocamento e o impulso de cruzar fronteiras — de classe, gênero, sexo, moral, gosto e, até mesmo, de espécie. Editora 34. 150 pp. R$ 53

Pablo L. C. Casella. Contra fogo.
Estreia do autor paulista, que é analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o romance narra como brigadistas voluntários arriscam suas vidas para combater o fogo na Chapada Diamantina e precisam conciliar essa atividade com a vida familiar e profissional. Todavia. 320 pp. R$ 79,90

Dan. Vale o que tá escrito.
Trama metalinguística em que a trajetória de um miliciano se confunde com a construção de Brasília, reunindo elementos da cultura pop e televisiva dos anos 90 em um romance de formação. DBA. 224 pp. R$ 59,90

Caetano W. Galindo. Lia: cem vistas do monte Fuji.
Autor de Latim em pó (2023) e tradutor de James Joyce, T. S. Eliot, J. D. Salinger e David Foster Wallace, o poeta e linguista curitibano estreia no romance com uma espécie de mosaico que narra a vida de uma mulher a partir de 99 fragmentos. Companhia das Letras. 232 pp. R$ 69,90

Lilia Guerra. O céu para os bastardos.
Romance sobre uma empregada doméstica de uma família de classe média que mora num violento bairro da periferia e está prestes a se aposentar. Todavia. 176 pp. R$ 54,90

Odorico Leal. Nostalgias canibais.
Estreia na ficção do tradutor piauiense, traz novelas e contos que fazem ligações entre passado e futuro do país, incluindo uma releitura de Macunaíma em que o personagem é canibal e atravessa os séculos. Âyiné. 110 pp. R$ 79,90.

Tatiana Salem Levy. Melhor não contar.
A autora de Vista chinesa (2021) entrelaça relatos autobiográficos, trechos dos diários de sua mãe e histórias de outras mulheres em torno de episódios de assédio, abuso e outras violências sexuais. Todavia. 224 pp. R$ 69,90.

Natalia Timerman. As pequenas chances.
O reencontro de uma mulher com o médico que cuidou de seu pai com câncer traz à tona memórias e situações definitivas: a última viagem, a última gargalhada, a última ida ao teatro. Todavia. 208 pp. R$ 69,90.

Nara Vidal. Puro.
Ambientado na fictícia Santa Graça, na década de 1930, o romance explora as raízes do movimento eugenista brasileiro do início do século 20. Todavia. 96 pp. R$ 59,90.

LITERATURA ESTRANGEIRA

Asim, Jabari. Em algum lugar lá fora.
O romance do poeta e dramaturgo americano se passa numa fazenda do sul dos eua na década de 1850, em que os escravizados são submetidos a um proprietário tirânico.
A situação muda graças a um pastor negro liberto. Trad. Rogerio W. Galindo. Instante. 256 pp. R$ 74,90

Camila Fabbri. O dia em que apagaram a luz.
A escritora narra a tragédia da boate portenha República Cromañón, atingida em 2004 por um incêndio que matou 194 pessoas e deixou 1.432 feridas. Camila, que foi à boate um dia antes, entrevistou amigos e familiares das vítimas. Trad. Silvia Massimini Félix. Nós. 160 pp. R$ 70

Jamaica Kincaid. Annie John.
Neste romance de 1985 da autora antiguana, uma jovem reflete sobre colonialismo e feminismo. trad. Carolina Cândido. Alfaguara. 136 pp. R$ 69,90

Michel Nieva. Dengue boy: a infância do mundo.
No mundo do ano 2272, ápice da crise climática, cresce o dengue boy, criança sem mãos alvo de zombarias na escola. trad. Joca Reiners Terron. Amarcord. 208 pp. R$ 69,90

Claudia Piñeiro. Catedrais.
Por meio da memória de sete personagens, a autora narra o assassinato de uma jovem e explora as consequências do fanatismo, solidão e preconceitos sociais para desvendar um crime. trad. Marcelo Barbão. Primavera. 256 pp. R$ 69,90

Claudia Piñeiro. Elena sabe.
Mistura de romance policial e relatos íntimos, uma mãe tenta esclarecer o assassinato da filha. Finalista do International Booker Prize 2022. Trad. Elisa Menezes. Morro Branco. 160 pp. R$ 59,90

Camila Sosa Villada. Tese sobre uma domesticação.
Uma bem-sucedida artista travesti e sua família confrontam convenções sociais pelas possibilidades do amor e pelo desejo de libertação. trad. Silvia Massimini Felix. Companhia das Letras. 224 pp. R$ 69,90

Camila Sosa Villada. A namorada de Sandro.
Estreia da argentina na literatura, a coletânea de poemas e reflexões foi escrita ao fim de um relacionamento. Trad. Joca Reiners Terron. Planeta de Livros. 96 pp. R$ a definir

POESIA

Mar Becker. Cova profunda é a boca das mulheres estranhas.
A finalista do Jabuti de 2021 reúne poemas de “vingança” em nome das “mulheres estranhas”. Círculo de Poemas. 40 pp.
R$ 44,90

Adelaide Ivanóva. Asma.
A poeta narra a vida de Vashti, exilada e oprimida por narrativas que perseguem mulheres, imigrantes e pobres. Nós. 200 pp. R$ 69

PSICOLOGIA

Dunker, Christian & Iannini, Gilson. Ciência pouca é bobagem: por que a psicanálise não é pseudociência.
Os dois autores explicam por que a psicanálise é um saber científico. Ubu. 256 pp. R$ 69,90

Christian Dunker. Lutos finitos e infinitos.
Analisa o processo de recomposição, simbolização e introjeção da perda. Paidós. 488 pp. R$ 119,90

Vera Iaconelli. Manifesto antimaternalista: psicanálise e políticas da reprodução.
A psicanalista faz uma crítica demolidora do discurso maternalista, que reduz as mulheres à função de mães e cuidadoras. Zahar. 256 pp. R$ 59,90

Geni Núñez. Descolonizando afetos: experimentações sobre outras formas de amar.
A psicóloga e ativista discute a imposição do casamento monogâmico por missionários da era colonial e a repressão a outros tipos de relacionamento entre indígenas. Paidós. 192 pp. R$ 51,90