Infantojuvenil,

Violeta, 12

Mary Poppins original é muito diferente da imagem criada pelo filme da Disney

13nov2018 | Edição #6 out.2017

Esta nova edição do livro é uma tradução do conto original de Mary Poppins lançado em 1934. Ele fez um sucesso tão grande que a autora iniciou uma série de contos da mesma personagem após o lançamento. Antes desse sucesso, a personagem já fora introduzida pela autora em seu livro Mary Poppins and the Match-Man

No prefácio da nova edição, descobrimos vários aspectos sobre a vida dura de P.L. Travers e sua carreira como escritora, e algumas conexões entre a vida da autora e a personagem Mary Poppins. Eu achei a edição excelente, o texto do prefácio informativo e as ilustrações belas e originais vindas da primeira edição.

A autora nos conta, em uma de suas palestras que se encontra no posfácio do livro, “Como não escrever para crianças”, uma peculiaridade muito grande do tipo de escritora que costuma ter crianças como público. 

A autora diz que seu foco não é a literatura infantil ou a literatura adulta, mas que foca sua escrita no que ela, como escritora, deseja fabular. Acaba que essas suas invenções atingem o interesse de crianças, principalmente. 

Diferenças entre livro e filme

Quando eu era menor, conhecia muito bem a figura de Mary Poppins, graças ao filme da Disney. Ela era uma personagem doce e alegre e, além disso, trazia consigo muitas situações fantasiosas e divertidas. Já a personagem do livro é amarga, guardada, antipática e rígida, ela representa uma imagem de autoridade. 

Além dessa personalidade, ela representa uma imagem feminista dos anos 1930. Mary Poppins deseja ser bem paga e respeitada por sua empregadora, e que seus dias de folga sejam de horários definidos por ela. 

Uma característica única desse romance é a maneira como as realidades das vidas são explicadas, especialmente para crianças. O momento que achei particularmente emocionante foi quando Mary Poppins se encontra no quarto dos bebês Banks conversando com eles e com um passarinho com a maior naturalidade. 

O passarinho conta aos pequeninos que, em algum tempo, eles já não conseguirão se conectar com a natureza e com o mundo dessa forma — ninguém consegue ao crescer, com exceção de Mary Poppins. 

Eles desatam a chorar, afinal, crescer gera certa angústia. Me pergunto, será que quando a gente cresce, perdemos uma versão do mundo, ou ganhamos novas? É certo que quando crescemos adquirimos uma cultura mas perdemos nossa visão
única do mundo?

Mas e Mary Poppins, essa grande exceção espetacular, não nos traz outra angústia que é o não saber porque ela é diferente, o porquê e de onde veio? Como ela foi parar nessa casa da Cherry Tree Lane? 

Será que é realmente necessário sabermos de sua vida, ou será que o que realmente importa é o que aconteceu lá, e não o porquê? Às vezes só basta imaginar. Mas por que isso é tão difícil de aceitar? 

Especial Infantojuvenil: oferecimento Itaú Social

Quem escreveu esse texto

Violeta Ferrari Corullon

É de São Paulo (SP) e, em 2017 e 2018, aos 12 e 13 anos, participou dos especiais infantojuvenis da Quatro Cinco Um

Matéria publicada na edição impressa #6 out.2017 em junho de 2018.