Listão da Semana,

Knausgård, Louis, Pamuk e mais 10 lançamentos

Nesta semana, chega ao Brasil ‘Inverno’, o segundo volume da quadrilogia das estações, do norueguês Karl Ove Knausgård

13jul2023 | Edição #71

Depois de fazer sucesso com a série de seis livros "Minha luta", que vendeu meio milhão de cópias apenas na Noruega, Karl Ove Knausgård repete a saga de romances autobiográficos com a chamada quadrilogia das estações, cujo segundo livro, Inverno, chega nesta semana às livrarias brasileiras. Na mesma toada memorialística vem a tradução de Quem matou meu pai, em que Édouard Louis narra o retorno à cidade de sua infância — o escritor francês alcançou notoriedade com O fim de Eddy (2014), traduzido para vinte idiomas, em que narra seu despertar sexual em uma cidade conservadora e preconceituosa do interior de seu país.

Completam a seleção da semana os novos romances do Nobel turco Orhan Pamuk e da japonesa Yoko Tawada, ensaios da canadense Anne Carson em tradução inédita, um manifesto feminista em defesa da abolição do estado carcerário e um thriller do mato-grossense Joca Terron.

Viva o livro brasileiro!

Inverno. Karl Ove Knausgård.
Trad. Guilherme da Silva Braga • Companhia das Letras • 240 pp • R$ 89,90

No segundo volume da Quadrilogia das Estações do escritor norueguês, o protagonista faz um balanço melancólico de seu mundo – a água, a neve, os animais, os amigos, o Natal, a sucessão do tempo – enquanto espera a chegada de sua filha. Depois do nascimento da criança, um mês antes do planejado, ele reflete sobre os eventos prosaicos do cotidiano: os bichos de pelúcia, os cotonetes, os fogos de artifício.

Sobre o primeiro livro da série, Outono, Natalia Timerman escreve na Quatro Cinco Um: “É um conjunto coeso em sua heterogeneidade, textos com teor de diário cujas entradas seriam não os dias, mas as coisas — algumas belíssimas, memoráveis, outras singelas, outras ainda engraçadas”. Knausgård ganhou fama internacional com a hexalogia Minha luta, traduzida para mais de vinte idiomas e com 500 mil cópias vendidas somente em seu país natal. Leia na íntegra. 

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Quem matou meu pai. Édouard Louis. 
Trad. Marília Scalzo • Todavia • 72 pp • R$ 49,90

Nesta narrativa breve, o escritor francês Édouard Louis escreve sobre seu retorno à feia cidade de sua infância para rever e ajudar seu pai doente, que mal consegue andar e respirar. Ele descreve as desigualdades sociais do país e o desprezo dos políticos pelos trabalhadores e reflete sobre sua angustiante relação com a família, marcada pela pobreza, pela vergonha e pelos conflitos. Louis é autor de O fim de Eddy (2014), que vendeu mais de 230 mil exemplares e foi traduzido para vinte idiomas.

Leia também: Autoficção de estreia do autor francês Édouard Louis relata de maneira crua e fragmentada a violência e a homofobia no interior da França

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A mulher ruiva. Orhan Pamuk.
Trad. Luciano Vieira Machado • Companhia das Letras • 280 pp • R$ 74,90 

Ganhador do Nobel de 2006, o escritor turco Orhan Pamuk descreve um jovem de classe média abandonado pelo pai, que se torna aprendiz de um afetuoso cavador de poços que tenta encontrar água em terras áridas. A rotina dos dois é interrompida pelo aparecimento de uma pessoa enigmática, que conduz o romance a um desfecho surpreendente, levando o leitor a procurar na trama pistas da reviravolta. Pamuk é professor de literatura na Universidade Columbia e teve livros traduzidos para cerca de cinquenta idiomas — no Brasil, tem uma dúzia de livros lançados.

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Sobre aquilo em que eu mais penso: ensaios. Anne Carson.
Trad. Sofia Nestrovski • Editora 34 • 192 pp • R$ 65

O volume reúne onze ensaios da poeta e helenista canadense Anne Carson publicados originalmente entre 1997 e 2013 e até então inéditos no Brasil. Nos textos, ela reflete sobre temas como o tempo em Virginia Woolf e Tucídides, o sono em Homero e Elizabeth Bishop, o intraduzível em Francis Bacon e Joana D’Arc e o documental em Longino e Antonioni. Segundo os organizadores Danilo Hora e Sofia Nestrovski (que também traduz os ensaios) na introdução, Carson “está sempre em busca de uma entrada para o poético, seja na justaposição de fontes distantes, no experimento com diferentes formatos de prosa e verso ou no modo abrupto como o ensaio se interrompe e dá lugar a uma outra coisa, a uma espécie de contrapeso lírico”.

Leia também: Com inspiração em Marcel Proust, obra inaugura o catálogo de livros da canadense Anne Carson no Brasil

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As últimas crianças de Tóquio. Yoko Tawada. 
Trad. Satomi Kitano Kitahara • Todavia • 144 pp • R$ 72,90

Ganhador do National Book Award de 2018 para literatura traduzida, o romance de ficção científica de Yoko Tawada se passa em um Japão devastado por uma catástrofe e isolado do resto do mundo. Nele, os velhos vivem quase eternamente, mas as crianças nascem cada vez mais fracas e morrem logo. Um idoso que vive nos arredores de Tóquio — cidade natal da autora, que hoje vive em Berlim — luta para manter seu bisneto vivo. Autora de romances, poemas, peças e ensaios, Tawada já recebeu os prêmios Akutagawa, Adelbert von Chamisso, Tanizaki e Kleist, além da medalha Goethe.

Leia também: De baleias a ursos-polares, Yoko Tawada fala sobre direitos dos animais e de como a escrita está ligada ao clima

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O seu terrível abraço. Tiago Ferro.
Todavia • 152 pp • R$ 69,90/49,90

O novo romance do escritor paulista Tiago Ferro, autor de O pai da menina morta (2018) – que ganhou o prêmio São Paulo de Literatura – tem como protagonista um intelectual branco, de classe média, que é diagnosticado com uma doença terminal. O drama pessoal do escritor tem como pano de fundo as frustrações da geração que amadureceu depois da redemocratização do Brasil e a crise social que culminou nas manifestações de 2013.

Leia também: Em elaboração literária do luto pela filha, Tiago Ferro se expõe sem medo de correr riscos e questiona os clichês sociais ligados à morte

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Abolicionismo. Feminismo. Já. Angela Davis, Gina Dent, Erica R. Meiners, Beth E. Richie. 
Trad. Raquel de Souza • Companhia das Letras • 288 pp • R$ 59,90

O livro faz um manifesto em defesa da abolição do estado carcerário — que perpetua a violência nas prisões, nas forças policiais e na sociedade civil — e um apelo por um feminismo interseccional e internacionalista. As autoras, proeminentes ativistas antiprisionais, sustentam que o abolicionismo é mais persuasivo quando incorpora a perspectiva feminista, e que o feminismo se torna mais inclusivo quando prega o fim da repressão policial. Davis é professora emérita da Universidade da Califórnia, onde Dent dá aulas sobre estudos feministas, história da consciência e estudos legais; e Meiners e Richie são professoras da Universidade de Illinois, especialistas em educação e estudos sobre mulheres, gênero e sexualidade.

Leia também: Ao se apropriarem de suas narrativas, Angela Davis e Preta Ferreira desafiam as hierarquias em torno do poder de escrever a história

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Onde pastam os minotauros. Joca Reiners Terron. 
Todavia • 184 pp • R$ 69,90/44,91

O escritor cuiabano Joca Terron faz um thriller alegórico ambientado em um matadouro do interior de Mato Grosso, na última segunda-feira de um ano marcado pela pandemia. Três abatedores de touros ruminam suas culpas e dramas pessoais enquanto uma secretária procura organizar a vida dos patrões enquanto sonha com uma vida melhor. Terron foi finalista do prêmio Jabuti com Noite dentro da noite (2017).

Leia tambémJoca Reiners Terron e a escrita da fantasmagoria — Memória e alucinação dão o tom da narrativa

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+ novidades quentinhas

Cidade aberta, cidade fechada. Ricardo Ramos Filho.
Record • 112 pp • R$ 49,90

Crônicas do escritor – neto de Graciliano Ramos – sobre a cidade de São Paulo, aberta no período anterior à pandemia e fechada durante o confinamento. 

Meia-lua inteira: a constelação mística de Carlinhos Brown. Julius Wiedemann.
Record • 308 pp • R$ 59,90/34,11

Biografia do cantor e compositor baiano, líder do grupo Timbalada e integrante dos Tribalistas, que estimulou a criação de vários grupos musicais. 

Na TáBUA. Fabio Zimbres e Paulo Scott.
Lote 42 • 192 pp • R$ 100

Coleção de cartazes, com textos literários e ilustrações, afixados em paredes de bares, cafés e livrarias em meados dos anos 2000.

Neurociência e música: pesquisa, saúde e educação. Maria José da Silva Fernandes e Viviane Louro (org.).
Editora Unifesp • 336 pp • R$ 145

Estudos sobre a relação da música com a arquitetura do sistema nervoso e o impacto dessa arte na aprendizagem e no comportamento humanos.

Rodas negras: capoeira, samba, teatro e identidade nacional (1930-1960). Roberto Pereira.
Pref. Flávio Gomes • Perspectiva • 304 pp • R$ 84,90

A complexa história da capoeira baiana e do samba carioca, em que o autor desmonta mitos sobre o papel do governo Vargas na construção da identidade nacional.

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Quem escreveu esse texto

Marília Kodic

Jornalista e tradutora, é co-autora de Moda ilustrada (Luste).

Mauricio Puls

É autor de Arquitetura e filosofia (Annablume) e O significado da pintura abstrata (Perspectiva), e editor-assistente da Quatro Cinco Um.

Matéria publicada na edição impressa #71 em maio de 2023.