Ciências Sociais,
Silvia Federici participa de encontros no Brasil
Autora de ‘Calibã e a bruxa’ dará aulas e participará de debates em Campinas, São Paulo, Salvador e São Luís
17set2019A filósofa e historiadora ítalo-americana Silvia Federici, conhecida por ser a autora de Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva (Elefante) participará de uma série de eventos no Brasil para marcar o lançamento de O ponto zero da revolução: trabalho doméstico, reprodução e luta feminista, também pela Editora Elefante.
A obra de Federici vive um bom momento no Brasil. Além do sucesso de Calibã e a bruxa e do lançamento de O ponto zero da revolução, a Elefante e o Coletivo Sycorax preparam a tradução Re-enchanting the World: Feminism and the Politics of the Commons [Reencantar o mundo: feminismo e a política dos comuns], com lançamento previsto para 2020. A Boitempo também lança em outubro o título Mulheres e caça às bruxas.
Federici dará uma aula magna no Centro de Convenções da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) no dia 23 de setembro, às 13h30. Depois, participará de uma conferência no Memorial da América Latina, em São Paulo, no dia 24 de setembro, às 19 horas, com a participação de Sabrina Fernandes, apresentadora do canal Tese Onze, no YouTube, e autora do livro Sintomas mórbidos: a encruzilhada da esquerda brasileira (Autonomia Literária, 2019); Mariléa de Almeida, doutora em história pela Unicamp e assessora da deputada estadual Erica Malunguinho; e Jera Guarani, liderança indígena guarani mbya de São Paulo.
Ela estará em Salvador no dia 7 de outubro, e em São Luís, nos dias 10 e 11 de outubro, onde primeiro ministrará uma aula magna no Auditório da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), às 17 horas, e no segundo dia participará do lançamento de O ponto zero da revolução no Solar Cultural da Terra Maria Firmina dos Reis, às 18h30.
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Em 15 de outubro, ela estará de volta a São Paulo para participar de um debate no Seminário Internacional Democracia em Colapso?, que ocorrerá no Sesc Pinheiros até dia 19 de outubro.
Apesar de ter nascido em Parma, na Itália, em 1952, Federici vive desde 1967 nos Estados Unidos, onde é professora emérita da Universidade Hofstra, em Nova York, nos Estados Unidos. No âmbito da militância, ela participou da Wages for Housework Campaign [Campanha por salários pelo trabalho doméstico] e contribuiu com o Midnight Notes Collective [Coletivo notas da meia-noite]. Na década de 1980, deu aulas na Universidade de Port Harcourt, na Nigéria, onde acompanhou a organização feminista Women in Nigeria e contribuiu para a criação do Committee for Academic Freedom in Africa [Comitê para a liberdade acadêmica na África].
Sabrina Fernandes explica que “Silvia Federici é uma das pensadoras feministas de maior impacto na atualidade, no Brasil e fora, especialmente após o sucesso de Calibã e a bruxa. A relevância de Federici está na teoria e também na prática, sendo uma influente organizadora de movimentos de mulheres há muito tempo. Isso significa que sua presença tem o potencial de ajudar na conexão entre lutas no Brasil e fomentar debates importantes nesse momento.”
O sucesso de Calibã e a bruxa superou as expectativas da própria editora, conforme conta Tadeu Breda, editor da Elefante, que justifica essa repercussão pela importância da obra em si; pela demanda pelo livro antes mesmo do seu lançamento; o trabalho das mulheres do Coletivo Sycorax, “que não se limita a traduzir as obras da Silvia Federici em parceria conosco, mas realiza oficinas e discussões sobre as questões levantadas pela autora”; o momento pelo qual passa o feminismo no país; a vinda da autora para os lançamentos em São Paulo e Rio de Janeiro, em 2017; o design gráfico do volume, de Bianca Oliveira e Karen Ka, que “imprimiu personalidade ao livro”; e a liberação do PDF, que fez com que o livro chegasse a milhares de pessoas. “O resultado é que todos os dias — sem exagero — aparece pelo menos uma publicação nas redes sociais sobre Calibã e a bruxa, tanto pelo conteúdo como pelo design”, afirmou.
Sobre a importância de O ponto zero da revolução, Fernandes diz que o livro traz ensaios que “conectam vários aspectos da obra de Federici e que trazem conceitos que iluminam a relação entre feminismo e marxismo, a luta das mulheres e a luta contra o capitalismo. É uma excelente fonte para compreender especialmente a questão da reprodução social e quanto é determinante nas relações de gênero e de classe na nossa sociedade. O trabalho doméstico (e reprodutivo) perpassa todas essas relações e continua invisível, desvalorizado e discriminado nas mais diversas esferas, o que faz da discussão do livro de suma importância.”
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