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A cobertura especial d’A Feira do Livro, que acontece de 14 a 22 de junho, é apresentada pelo Ministério da Cultura e pela Petrobras

MINISTÉRIO DA CULTURA E PETROBRAS APRESENTAM

A escritora Lavínia Rocha n'A Feira do Livro (Camila Almeida)

A FEIRA DO LIVRO 2025,

Escritoras discutem racismo e impacto da violência policial nas infâncias no Espaço Rebentos

N’A Feira do Livro 2025, Lavínia Rocha falou sobre identificação racial para uma turma de alunos; Isabel Malzoni e Ananda Luz trouxeram a realidade das crianças moradoras de favelas

19jun2025

Nesta quarta (18), A Feira do Livro 2025 recebeu mais de vinte alunos de uma escola municipal de São Paulo para discutir a história do continente africano com a escritora e professora Lavínia Rocha no Espaço Rebentos. As temáticas sociais também foram tema do bate-papo com as autoras Isabel Malzoni e Ananda Luz, que transformaram 1,5 mil cartas escritas por crianças impactadas pela violência policial na favela da Maré no livro Eu devia estar na escola (Caixote, 2024).

Professora de história na rede pública, Lavínia Rocha viralizou nas redes sociais com seu método descontraído de organizar as aulas, que ela nomeou de pedagogia do entusiasmo. Em particular, um vídeo em que ela perguntava para a turma “O que vem na cabeça de vocês quando eu falo África?” chamou a atenção dos internautas. Buscando romper com os estereótipos do continente africano observado nas respostas dos alunos, ela publicou neste ano o livro O que você pensa quando falo África? pela Yellowfante.

A escritora Lavínia Rocha (Camila Almeida)

Em conversa com a jornalista e também autora de infantojuvenis Gabriela Romeu, Rocha falou sobre sua trajetória na literatura e fez, junto com os alunos, uma dinâmica de percurso por diversos territórios africanos, explicando a história por trás de cada um deles e a herança deixada no Brasil. Para a escritora, a temática é uma forma de gerar identificação: “Quando estou escrevendo, sempre penso no que levar para as crianças. Quero que os livros sejam espelhos e janelas”, disse. 

Crianças vítimas da violência

Também estiveram no Espaço Rebentos a escritora Isabel Malzoni e a pedagoga Ananda Luz, que organizaram juntas o livro Eu devia estar na escola (Caixote, 2024), produzido a partir de 1,5 mil cartas de crianças moradoras de favelas da Maré que denunciavam a violência policial. Na mesa, elas falaram sobre o impacto causado por essa realidade: “Desde o começo, esse livro é a escuta das crianças. Li no jornal a notícia da morte de um menino que levou um tiro nas costas saindo da escola, e antes de morrer perguntou para a mãe se as pessoas não tinham visto que ele estava com a roupa da escola”, contou Malzoni.

Ananda Luz, Renata Rossi e Isabel Malzoni (Camila Almeida)

As autoras também apontaram a negligência da sociedade em relação às vozes das crianças faveladas: “Esse livro provoca muitas possibilidades de conversas, mas principalmente de a gente pensar sobre a escuta de crianças. Quais são as crianças que são escutadas efetivamente?”, questionou Ananda.

Mais no Espaço Rebentos 

Após as conversas com as escritoras, a programação infantil d’A Feira encerrou de forma descontraída com a Oficina de desenhos, coordenada por Jorge Franco. Com a participação de pessoas de diversas idades, foi construído um mural de obras horripilantes. 

Espaço Rebentos (Camila Almeida)

Artes nomeadas como O monstro de muitos olhares, Bafo Bafudo e Meu irmão quando fica bravo divertiam quem passava ao redor. No final, mais de 25 folhas com desenhos criativos foram expostas no cenário do palco, e o oficineiro finalizou dizendo: “Acho que nem vou dormir essa noite!”. 
A quarta edição d’A Feira do Livro 2025 acontece de 14 a 22 de junho, na praça Charles Miller, no Pacaembu. Realizado pela Associação Quatro Cinco Um, pela Maré Produções e pelo Ministério da Cultura, o festival literário paulistano, a céu aberto e gratuito, reúne mais de duzentos autores e autoras do Brasil e do exterior em uma programação com mais de 250 atividades, entre debates, oficinas, contações de histórias e encontros literários. Confira a programação e outras notícias do festival.

A Feira do Livro 2025 · 14 — 22 jun. Praça Charles Miller, Pacaembu

A Feira do Livro é uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet – Incentivo a Projetos Culturais, Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos dedicada à difusão do livro e da leitura no Brasil, Maré Produções, empresa especializada em exposições e feiras culturais, e em parceria com a Prefeitura de São Paulo.

Quem escreveu esse texto

Maria Fernanda Barros

É estudante de Jornalismo na ECA-USP e estagiária editorial na Quatro Cinco Um.

Beatriz Souza

Mariana Franco

É estudante de Audiovisual na ECA-USP e estagiária de produção no núcleo de podcasts da Quatro Cinco Um.