Literatura infantojuvenil,

Leitores de carteirinha: junho de 2021

Jovens frequentadores de bibliotecas comunitárias resenham seus livros preferidos

01jun2021 | Edição #46

Jamile da Cruz Novais, 18 – Salvador (BA)

Carolina Maria de Jesus. Quarto de despejo: diário de uma favelada.
Ática • 200 pp • R$ 53,60

Esse é o primeiro livro da escritora Carolina Maria de Jesus, que foi publicado por intermédio de um repórter que se interessou pelo diário em que ela escrevia quase todos os dias. Como ela era semianalfabeta, para o livro ser publicado, teve que passar por algumas alterações, mas tentaram e conseguiram manter a originalidade de sua escrita.

Ela morava numa favela em São Paulo e era catadora de material reciclável. Era daí que ela tirava seu sustento e o de seus três filhos. Ela via como a vida de muitos se esvaíra, era essa a sua realidade, mas continuava a manter-se forte, principalmente pelos seus filhos. 

Depois da publicação de Quarto de despejo, que foi traduzido para mais de dez línguas, ela se mudou para uma casa melhor, no subúrbio da cidade. Morreu aos 62 anos, devido a uma crise de asma. 

Lição de vida

A leitura agrega bastante no nosso conhecimento, expõe talentos, traz reflexão e nos ensina cada lição! Nessa obra, vemos a vida do favelado, do pobre e do preto, passando fome, frio e todo tipo de discriminação, tendo que chegar a comer comida do lixão. Essa é, infelizmente, a nossa nação.

São situações reais, muitas vezes tratadas como banais, mas em que se percebem agressões, assassinatos, sofrimento. Aí pensamos: quando é que vai acabar esse tormento? Tanto racismo, preconceito, humilhação. Lutaremos para mudar isso, população! Está na hora de evoluir e mostrar respeito. Afinal de contas, ninguém merece viver em um quarto de despejo.

Carolina Maria de Jesus, escritora, mãe solteira, compositora, poetisa, preta, brasileira, mostrou sua força, a de mulher guerreira.

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Yasmim Veloso Freitas Braga, 15 –  Belém (PA)

Machado de Assis. Quincas Borba
Penguin/Companhia das Letras 360 pp • R$ 37,90

Pedro Rubião é um professor que chega a Barbacena (MG) e se apaixona por Piedade, que logo morre. Rubião acaba virando o melhor amigo do irmão dela, conhecido como Quincas Borba, homem muito rico e considerado louco. Quincas fica doente e, quando falece, deixa tudo para Rubião, com a condição de que cuide do seu cachorro, também chamado Quincas. 

O romance fala de interesse, traição, poder, aparência, loucura, ironia, imoralidade e falsidade

Como Rubião fica rico, ele decide se mudar para o Rio de Janeiro. Vai para a cidade de trem e, nessa viagem, conhece um casal de interesseiros, Cristiano Palha e sua esposa, Sofia, por quem Rubião se apaixona. E este é o núcleo principal do romance: a história de amor entre Rubião e Sofia. Essa paixão deixou Rubião louco, tanto que ele é internado para tratar da sua saúde. Para fugir de Sofia, volta para Minas Gerais, junto com seu cachorro. Chegando lá ninguém o reconhece e, por isso, ele acaba ficando na rua sozinho com o animal. E, dessa forma, Rubião morre, assim como Quincas Borba, três dias depois. 

O romance fala de interesse, traição, poder, aparência, loucura, ironia, imoralidade e falsidade. Uma característica desse livro é que começa pelo meio da história, com Rubião já rico e pensando em Sofia, para depois voltar para o passado e explicar o que aconteceu de forma linear até o fim da narrativa.

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Dhemerson Cruz Costa, 16 – São Luís (MA)

Antoine de Saint-Exupéry. O pequeno príncipe.
Tradução de Ferreira Gullar 
HarperCollins • 96 pp • R$ 31,90

O pequeno príncipe traz um piloto de avião que gostava de desenhar quando era criança. Um dia, seu avião sofre uma pane e ele cai no deserto do Saara. Lá, encontra um menininho de cabelos dourados que lhe pede que desenhe um carneiro. Por ter sido desencorajado a desenhar quando pequeno, faz o desenho de um carneiro dentro de uma caixa. Para a sua surpresa, o garoto aceita o desenho, e os dois passam a conversar.  

O pequeno príncipe conta-lhe que veio de um planeta do tamanho de uma casa. Ele precisava de um carneiro para comer a árvore de baobá, impedindo que ela crescesse muito e tomasse conta do planeta. O menino também falou de suas aventuras em vários outros planetas. Na Terra, ele encontrou uma serpente que lhe prometeu mandá-lo de volta para casa, picando-o. A partida estava marcada para o dia seguinte. 

O piloto ficou triste ao saber disso, porque se afeiçoou ao pequeno príncipe. Chegado o momento do encontro com a serpente, o pequeno príncipe não gritou e aceitou corajosamente o seu destino, voltando para o seu planeta. 

Valor

Dias mais tarde, o piloto conseguiu se salvar e sentiu-se consolado, porque sabia que o pequeno príncipe havia conseguido voltar para o seu planeta, uma vez que, com o raiar do dia seguinte, o corpo do pequeno já não estava mais no local. Hoje, quando olha as estrelas, o piloto sorri ao lembrar de seu grande pequeno amigo.

Foi através do pequeno príncipe que o piloto aprendeu a dar valor às pequenas coisas, como admirar o pôr do sol, apreciar a beleza de uma flor e contemplar as estrelas.

Este texto foi feito com o apoio do Itaú Social

Quem escreveu esse texto

Jamile da Cruz Novais

18 anos, estuda em Salvador (BA).

Yasmim Veloso Freitas Braga

15 anos, estuda em Belém (PA).

Dhemerson Cruz Costa

16 anos, estuda em São Luís (MA).

Matéria publicada na edição impressa #46 em abril de 2021.