Literatura infantojuvenil,
Leitores de carteirinha: junho 2022
Jovens frequentadores de bibliotecas comunitárias resenham seus livros preferidos
27maio2022 | Edição #58Evelyn Vitória A. dos Santos, 17 – Sabará (MG)
Túlio Damascena (org.). Imagens textuais de Sabará.
Borrachalioteca • pp a definir • R$ a definir
O livro surgiu a partir de um concurso literário de mesmo nome, sendo publicado pelo selo Borrachalioteca em 2021. É uma coletânea que reúne 69 microcontos que ilustram belas histórias acerca de Sabará, cidade situada a 21 quilômetros de Belo Horizonte.
Começa com uma pequena carta de Túlio Damascena, coordenador da Borrachalioteca, na qual ele apresenta o conteúdo ao leitor e explana sua felicidade em compartilhar memórias de sua cidade. Mais adiante, encontramos os contos, cada um com a particularidade do seu autor: há relatos de família, romance, corações partidos, lendas e igrejas históricas.
Viajar com a imaginação
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Cada página tem a capacidade mágica que os livros nos proporcionam de viajar com o poder da imaginação: em “A mesma árvore”, de Juliana Baeta da Costa, é possível imaginar-se num quintal de avó junto a uma jabuticabeira enquanto se reflete sobre o decorrer da vida; em “Pequena história de um grande amor”, de Sérgio Alexandre Silva, é plausível vagar por uma encantadora narração de amor, registrada pelo sentimento intenso de Antônio e Clarinha, que, de tão deleitosa, é descrita como algo que será recontado por anos. E toda essa viagem é também assegurada pelas ilustrações que alguns dos contos receberam, feitas por artistas do município, como a obra de Rodrigo A. da Cruz, baseada em “O que você não vê”, de Elouise Marcelino, que tem como pano de fundo a Praça Santa Rita.
O livro foi publicado pelo selo da Borrachalioteca, uma biblioteca comunitária que surgiu a partir da ideia do Túlio de unir a borracharia de seu pai aos livros: enquanto os clientes aguardavam a conclusão do serviço, podiam viajar pela leitura. Essa é uma das mais entusiasmantes narrativas de Sabará. Agora que você já conhece um pouco da coletânea, que tal buscar páginas que levam a Minas?
Ana Patrícia Silva Melo, 15 – Soure (Ilha do Marajó)
Ilustralu (Luiza de Souza). Arlindo.
Companhia das Letras • 200 pp • R$ 62,90
Arlindo é uma história em quadrinhos que conta a história de um jovem homossexual que enfrenta vários dilemas, entre eles a rejeição do pai. Sua mãe desconfiava que ele fosse gay, mas mantinha por ele o mesmo amor de sempre. Arlindo começou, então, a gostar do seu amigo, que se chamava Felipe, mas ele não sabia como contar isso. Certo dia, Arlindo recebe uma notícia de que seu amigo foi agredido só pelo fato de ser gay. Isso o deixou triste, porque gostava de seu amigo e pelo fato de também ser homossexual.
Preconceito
No decorrer da história, Arlindo assume para sua família a sua homossexualidade, e então seu pai o ofende com falas preconceituosas como: “Preferia ter um filho ladrão, traficante e outros do que ter um filho gay”. Infelizmente, essas falas ainda são muito visíveis na realidade brasileira. Então, sua mãe decide sair de casa e vai morar com a avó de seus filhos, apoiando Arlindo. Em um certo momento da narrativa, Arlindo recebe uma ligação de seu amigo. Ambos se gostavam, e até se beijaram na escola — o que deixa uma tensão no ar, pois a história acaba nesse momento.
Estou superansiosa para saber se haverá uma segunda parte. Gostei bastante do livro, pois fala de diversos temas como amizade, o apoio da mãe e, apesar de tudo o que Arlindo teve de enfrentar, a história tem um final feliz, como o que todas as pessoas deveriam ter. É um livro sensível e emocionante.
Letícia Silva Adriano, 14 – Duque de Caxias (RJ)
Vida off-line. Rodrigo Marques.
Autografia • 190 pp • R$ 50
Mirela é obrigada a desconectar-se por um tempo desse mundo on-line quando seus pais resolvem passar as férias no campo. A menina acaba se admirando com a simplicidade da natureza e descobre novas sensações ao lado de Arthur, que a ajuda a sobreviver off-line. Ainda sem conexão com a internet, ela se envolve em um crime misterioso. A história desse livro assemelha-se muito ao século em que vivemos, no qual muitos jovens aprisionam suas vidas em aparelhos tecnológicos sem aproveitar os encantos da natureza.
Ruth Evillyn Lopes, 18 – Fortaleza (CE)
Victoria Aveyard. A rainha vermelha.
Tradução de Cristian Clemente • Seguinte • 424 pp • R$ 47,90
O livro conta a história de Mare Barrow, uma garota de dezesste anos que vive em um mundo dividido pelo sangue: prateado ou vermelho. Ela é uma vermelha que vive em péssimas condições e rouba para tentar sustentar sua família. Mare acha que nunca conseguirá sair dessa vida, mas consegue um emprego no palácio real, onde começa a trabalhar para os seus inimigos, os de sangue prateado. Certo dia, ela descobre na frente de toda a corte que também tem um poder misterioso.
A Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC) é um projeto de articulação entre leitores e bibliotecas no Brasil. Publicamos aqui resenhas de livros escolhidos por jovens que frequentam a Borrachalioteca de Sabará (MG), o Espaço Literário Gigi Guerra (RJ) e a Biblioteca Sorriso da Criança (CE). A Vaga Lume é uma organização que promove a leitura e auxilia a gestão de bibliotecas comunitárias nas comunidades rurais da Amazônia. Publicamos a resenha de uma jovem que frequenta a biblioteca da comunidade Caju-Una, em Soure, na Ilha do Marajó. Conheça e saiba como apoiar a Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias no site rnbc.org.br e a Vaga Lume no site vagalume.org.br
Este texto foi realizado com o apoio do Itaú Social
Matéria publicada na edição impressa #58 em fevereiro de 2022.
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