Repertório 451 MHz,
Histórias de um historiador
Com uma escrita mais literária e intimista, Boris Fausto mescla o luto a um fino senso de humor e de observação do cotidiano
18nov2021Ouça mais Episódios
Está no ar o 53º episódio do 451 MHz, o podcast da revista dos livros! Duas vezes por mês, trazemos entrevistas, debates e informações sobre os livros mais legais publicados no Brasil. Neste episódio, Paulo Werneck, editor da Quatro Cinco Um, recebe o historiador e cientista político Boris Fausto para discutir seu último livro, Vida, morte e outros detalhes (Companhia das Letras), escrito logo após a morte do seu irmão, o filósofo Ruy Fausto. Na conversa, Boris falou sobre família, luto, política e o medo da Covid-19.
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O 451 MHz tem apoio dos Ouvintes Entusiastas. Seja um você também! O podcast tem ainda apoio do do banco digital brasileiro C6 Bank, do podcast Rádio Companhia, da Companhia das Letras, do Grupo Editorial Record e do Instituto Vera Cruz.
Historiador da própria vida
Boris Fausto é mais conhecido por seu trabalho na área de história — escreveu O crime do restaurante chinês: Carnaval, futebol e justiça, Memórias de um historiador de domingo e A revolução de 1930: historiografia e história. No entanto, seus últimos escritos se voltam para um trabalho memorialista carregado de suas relações afetivas mais íntimas.
Em 2010, quando teve que lidar com a morte de Cynira Stocco Fausto — com quem foi casado por 49 anos — o historiador decidiu usar a escrita como meio para elaborar o seu processo de luto. Desse dolorido momento, surgiu O brilho do Bronze (Cosac Naify), diário publicado em 2014. Apesar do tema, o livro traz pitadas de um humor irônico e a beleza contida nas memórias que guarda de sua companheira.
Mais recentemente, em maio de 2020, seu irmão — o intelectual Ruy Fausto — morreu de ataque cardíaco. O episódio fez o historiador voltar a escrever e a pensar no luto, experienciado também em 2012 com a morte de seu irmão caçula, o patologista Nelson Fausto. Ao conversar com seus filhos, o historiador e cientista político decidiu escrever sobre suas experiências com a morte e sobre o luto coletivo que o mundo vive em razão da pandemia de Covid-19.
“Eu matei a morte. Eu tenho uma história de ficção em que eu mato a morte. Não estar com medo dela é mentira, mas eu estou mais próximo dela. Eu convivo com ela, até porque eu matei a morte.” – Boris Fausto
Em Vida, morte e outros detalhes (Companhia das Letras), Boris Fausto escolheu abordar a temática delicada de maneira mais tenra que em sua primeira experiência memorialista. Entre divergências políticas e lembranças bem-humoradas, mostra que o carinho na relação com os irmãos nunca deixou de ser presente.
Mais na Quatro Cinco Um
Na edição 34 da revista dos livros, o fotógrafo Renato Parada homenageou o intelectual Ruy Fausto na coluna Folha de rosto. Nesta mesma edição, Luciana Silva Reis escreveu sobre a liberdade acadêmica brasileira na Era Vargas e no regime militar — o depoimento de Boris Fausto na Comissão da Verdade foi uma das bases para o artigo. Também na edição 34, Adriane Sanctis e Conrado Hübner Mendes discorreram sobre como a ausência de uma cultura humanista, crítica e questionadora pode culminar na imposição de visões de mundo e no autoritarismo.
O luto também foi tema em outras edições da Quatro Cinco Um. Na edição 9, O pai da menina morta (Todavia), elaboração literária do luto pela filha de Tiago Ferro, foi resenhada por Camila Appel. Na edição 45, o colunista Paulo Roberto Pires escreve sobre a dificuldade de perder amigos próximos. Na edição 49, Fabiane Secches resenhou Notas sobre luto (Companhia das Letras), em que a escritora Chimamanda Ngozi Adichie fala sobre a morte de seu pai. Neste mês, a escritora Conceição Evaristo elaborou a recente perda de sua mãe em uma crônica publicada no site da revista.
Narradores do Brasil
Na coleção de episódios roteirizados Narradores do Brasil, o 451 MHz faz breves incursões no formato narrativo para explorar a vida e a obra de nossos grandes autores. Ouça os episódios sobre Rubem Fonseca, Lygia Fagundes Telles, Nelson Rodrigues, Paulo Freire e Caio Fernando Abreu.
O melhor da literatura LGBTI+
No quadro, que tem apoio do C6 Bank, a tradutora e colaboradora da Quatro Cinco Um Flora Thomson-DeVeaux recomenda o livro A autobiografia de Alice. B. Toklas, de Gertrude Stein (L&PM, 2020). O livro, que na verdade foi escrito pela companheira de Toklas, retrata o cotidiano na Paris do início do século 20 e tem como principal cenário a sala de visitas da editora Gertrude Stein. A lendária residência na 27 rue de Fleurus reunia amigos como Picasso, Matisse, Hemingway, Jean Cocteau e Scott Fitzgerald, todos ainda jovens e desconhecidos, em reuniões informais e festas frequentes.
O 451 MHz é uma produção da Rádio Novelo e da Associação 451.
Apresentação: Paulo Werneck
Coordenação Geral: Paula Scarpin e Vitor Hugo Brandalise
Produção: Gabriela Varella
Edição: Claudia Holanda
Produção musical: Guilherme Granado e Mario Cappi
Finalização e mixagem: João Jabace
Identidade visual: Quatro Cinco Um
Coordenação digital: Juliana Jaeger
Gravado com apoio técnico da Confraria de Sons & Charutos (SP).
Para falar com a equipe: contato@ arevistadoslivros.com.br
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