Tinta-da-China Brasil,

Como foi o 2023 da Tinta-da-China Brasil

Editora lançou nove títulos de história, literatura, crítica literária e HQ, de autores como Fernando Pessoa, Maia Kobabe, Eliane Robert Moraes, André Belo e Paloma Vidal

21dez2023 | Edição #77

Em 2022, quando se tornou o selo editorial da Associação Quatro Cinco Um, a Tinta-da-China Brasil foi reativada com reimpressões de títulos queridos pelos leitores e o lançamento de novas obras, que se somaram a um catálogo de quase cinquenta livros. Em 2023, lançamos nove títulos, entre obras de  história, literatura, crítica literária, graphic novel e um novo volume da revista Granta. Foi um ano muito especial e agradecemos a parceria e as leituras.

Logo no começo do ano, em  janeiro, o 451 MHz, podcast da revista Quatro Cinco Um produzido pela Rádio Novelo, publicou um episódio especial sobre o Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa. O convidado foi o professor, crítico e músico José Miguel Wisnik, que discutiu os aspectos filosóficos na obra do autor português e falou de seu impacto na música brasileira.

Em março publicamos a segunda edição do Livro do Desassossego da Tinta-da-China Brasil, com organização e estabelecimento de texto de Jerónimo Pizarro, um dos grandes especialistas em sua obra. Esta é com certeza a edição mais bonita do livro: com capa dura e design de Vera Tavares, traz a grafia utilizada por Pessoa e notas comentando os manuscritos do poeta. Vem espiar!

Ainda em março, Valério Romão participou de uma conversa com Ilana Katz no canal de YouTube da Dois Pontos. O escritor português falou sobre Autismo, romance no qual mergulha na vida de uma família que lida com o dia a dia de uma criança autista. O jornal Público, de Portugal, descreve o livro como “tremendo, brutal de tão honesto”. Clique aqui para saber mais detalhes sobre Autismo!

Fernando Pessoa deu as caras de novo em abril. Lançamos um guia de leitura do autor português, escrito por Jerónimo Pizarro: Ler Pessoa é um ensaio claro, pontuado de histórias, exemplos e imagens de manuscritos, no qual Pizarro apresenta os principais conceitos em torno de Pessoa – como os heterônimos que ele criou ao longo da vida. Se você ainda não tem seu exemplar, pode adquiri-lo no site da editora.

 
Pizarro, que é colombiano e professor da Universidad de los Andes, veio ao Brasil lançar Ler Pessoa na Janela Livraria, no Rio de Janeiro [Divulgação]
 

Em maio, a Tinta-da-China Brasil trouxe para as livrarias um título importantíssimo para repensar a nossa democracia: O caminho da autocracia: Estratégias atuais de erosão democrática, o primeiro título de uma coleção que lançamos com o LAUT – Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo. Adriane Sanctis, Conrado Hübner Mendes, Fernando Romani Sales, Mariana Celano de Souza Amaral e Marina Slhessarenko Barreto mostram como os governos autoritários são implementados no mundo todo. Soa familiar? Pois o Brasil de Bolsonaro também está contemplado na análise dos pesquisadores. É bom ler e ficar de olhos abertos…

Veio junho e dois grandes acontecimentos bateram à nossa porta: participamos da Feira do Livro, promovida pela Associação Quatro Cinco Um no Pacaembu, em São Paulo, e lançamos a graphic novel Gênero queer, de Maia Kobabe. Um dos grandes hits do nosso estande foram os adesivos com pronomes que distribuímos para os fãs da HQ de Kobabe. No quadrinho, elu conta sua jornada de autodescoberta como pessoa queer e assexuada, em meio a uma profusão de referências pop e nerds.


Tenda da Tinta-da-China Brasil n’A Feira do Livro [Foto de Gabriel Guarany]

Gênero queer saiu nos principais jornais e sites de notícias, e tanto Natalia Timerman quanto Stephanie Borges escreveram sobre o livro nas suas colunas. O gibi chama atenção não apenas por sua qualidade, mas também por ter sido o livro mais censurado nos Estados Unidos em 2021. Se você ainda não conhece essa história, leia aqui.

 
N’A Feira do Livro, fizemos cartazes com algumas das nossas capas mais lindas. Eles estão disponíveis no nosso site [Divulgação]

Em Julho, publicamos o volume 10 da Granta, a mais prestigiosa revista literária do mundo, e o tema desta vez foi “O Outro”. A capa vem com uma foto do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, e o miolo traz contos, ensaios, diários, trechos de romances de autores diversos. Você tem preferidos desta edição? Conheça todos os nomes aqui.

O lançamento aconteceu na Livraria Megafauna em setembro: Ruan de Sousa Gabriel, jornalista de O Globo, mediou uma conversa entre Natércia Pontes, escritora presente no volume 10, e Gustavo Pacheco, autor de Alguns humanos e um dos editores da revista.


Lançamento da Granta, com os autores Natércia Pontes e Gustavo Pacheco, com mediação de Ruan de Sousa Gabriel [Foto de Sean Vadaru]

Por falar em eventos, em agosto tivemos um lançamento conjunto dos livros Uma crise chamada Brasil, de Conrado Corsalette, publicado pela editora Fósforo, e do nosso O caminho da autocracia. Na Livraria da Travessa de Ipanema, Corsalette e os pesquisadores do LAUT Fernando Romani Sales, Mariana Celano de Souza Amaral e Marina Slhessarenko Barreto discutiram o cenário político do Brasil recente e os desafios que as democracias mundiais têm enfrentado.

Seguindo no tema antifascista, em setembro trouxemos ao Brasil um título importantíssimo: Salazar e os fascismos, de Fernando Rosas, um dos grandes historiadores do período ditatorial de Portugal. Neste livro premiado pela Academia Portuguesa da História, ele investiga a tradição autoritária que elegeu líderes como Hitler, Mussolini e Franco, detendo-se sobre o salazarismo numa análise à luz de tais fascismos europeus. Adquira seu exemplar.

Rosas veio ao Rio de Janeiro em outubro para o lançamento de Salazar e os fascismos na Livraria da Travessa de Botafogo e deu entrevistas para a Carta Capital, a revista Veja, o canal Meio.

Além de Salazar e os fascismos, em outubro tivemos o lançamento da coleção Ensaio Aberto, coordenada por Tatiana Salem Levy e Pedro Duarte e feita em parceria com a Tinta-da-china edições, de Lisboa. Ela traz ensaios que aproximam literatura e filosofia escritos por professores que, além de se destacarem por suas pesquisas, imprimem em sua prosa uma qualidade notável.

   

Eliane Robert Moraes lançou A parte maldita brasileira: Literatura, excesso, erotismo, em que analisa contos, romances e peças de teatro de grandes autores brasileiros, como Machado de Assis, Nelson Rodrigues, Hilda Hilst, Roberto Piva e Reinaldo Moraes. Conheça mais do livro no nosso site.

Não escrever [com Roland Barthes] é o título do livro de Paloma Vidal, no qual ela se lança numa investigação entre a criação e a reflexão, aproximando-se da rotina, das buscas, dos medos, do corpo e da obra do francês Roland Barthes. No site da editora, você pode adquirir seu exemplar.


Autoras e coordenadores da coleção Ensaio Aberto no primeiro evento de lançamento, em Lisboa. A ele seguiram-se lançamentos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Siga nosso perfil no Instagram para acompanhar os detalhes. [Foto de Sean Vadaru]

Em novembro, recebemos André Belo no Rio de Janeiro, na Fundação Casa de Rui Barbosa, e em São Paulo, na Casa de Portugal, para o lançamento de Morte e ficção do rei dom Sebastião. O historiador português participou de conversas com Jacqueline Hermann, no Rio, e Ana Paula Megiani, em São Paulo, para debater o que está por trás do mito do sebastianismo, tema do seu livro.


O historiador André Belo autografa exemplar de Morte e ficação do rei Dom Sebastião [Foto de Diro Blasco]

Numa autópsia de um importante evento da história portuguesa, a morte do rei dom Sebastião no norte da África em 1578, Belo se lança numa análise dos fatores que contribuíram para que uma ficção tão improvável se espalhasse: o boato de que o rei estaria vivo e escondido e logo retornaria. O historiador faz uma investigação inédita sobre a morte do rei e sobre a impostura mais célebre a esse respeito, a de um italiano que alegava ser dom Sebastião e teve apoiadores, enfrentou processos e acabou condenado à morte.

Saindo de Alcácer Quibir e da Europa no início do século 17, fomos para Paraty. Em novembro estivemos na 21ª Flip, participando com três mesas na programação da Casa da Música (e da Literatura). Os encontros tiveram curadoria da revista Quatro Cinco Um e convidaram Paloma Vidal, Eliane Robert Moraes, Conrado Hübner Mendes e Marina Slhessarenko Barreto.

Foi um encerramento festivo para um ano de muito trabalho, vários livros publicados e diversos eventos. Boas festas!


Paloma Vidal, autora de Não escrever [com Roland Barthes], na Casa da Música (e da Literatura) em Paraty [Foto de Luy Albino]

Tinta-da-China Brasil: o selo editorial da Associação Quatro Cinco Um

Uma das editoras mais inventivas e importantes em Portugal, a Tinta-da-China aportou em 2012 no Brasil e, desde 2022, é o selo editorial da Associação Quatro Cinco Um.

Como a revista Quatro Cinco Um e A Feira do Livro, outras iniciativas da associação, a Tinta-da-China Brasil não tem fins lucrativos, tendo por objetivo a difusão da cultura do livro.

Publicamos ensaios, literatura de viagem, poesia, livros de história, jornalismo e humor, além da revista Granta e da mais linda coleção de Fernando Pessoa em qualquer língua.

Conheça os lançamentos no site da editora e acompanhe as novidades no perfil da Tinta-da-China Brasil no Instagram.

Quem escreveu esse texto

Tinta-da-China Brasil

Matéria publicada na edição impressa #77 em novembro de 2023.