Morgana Kretzmann, dicionário do surrealismo e mais 15 lançamentos
Romance de Morgana Kretzmann elenca mulheres fortes como protagonistas de uma luta contra a construção de uma hidrelétrica em comunidades na fronteira Brasil-Argentina
Uma reserva ecológica ameaçada, mulheres fortes e as fronteiras do extremo-sul do Brasil formam o caldo do thriller ecológico Água Turva, de Morgana Kretzmann, que chega esta semana às livrarias.
Também chegam às prateleiras uma HQ premiada de Miguel Vila; o dicionário abreviado do surrealismo, de André Breton e Paul Éluard; um romance de Sanaka Hiiragi; um ensaio do filósofo Franco “Bifo” Berardi; um romance póstumo de Alberto Guzik; uma trilogia de Jon Fosse; o catálogo da exposição Pequenas Áfricas, do IMS; contos da mexicana Laura Baeza; um estudo sobre contratos de cláusula arbrital, de Inaê Siqueira de Oliveira; um romance de Antonio Tabucchi; e mais novidades quentinhas.
Água turva. Morgana Kretzmann. Companhia das Letras • 272 pp • R$ 79,90
Vencedora do prêmio São Paulo de Literatura com seu romance de estreia Ao pó (Patuá), a escritora gaúcha lança agora um thriller ecológico sobre uma guarda-florestal do Rio Grande do Sul que recebe a inesperada ajuda de uma contrabandista e da assessora de um deputado ganancioso em sua luta para tentar barrar a construção de uma usina hidrelétrica na região que deixaria a reserva ecológica debaixo d’água.
Ganhadora do prêmio Micheluzzi, esta HQ narra o tenso relacionamento entre dois adolescentes, Marco e Stella, que é desestabilizado pelas intrusões de Daniele e sobretudo de Lulu, uma mãe solteira de passado misterioso e turbulento, que tem seios bastante salientes e personalidade avassaladora, e que atrai Marco para um complicado triângulo amoroso.
Dicionário abreviado do surrealismo. André Breton e Paul Éluard. Trad. Diogo Cardoso • 100/Cabeças • 176 pp • R$ 105
Lançado em 1938, este livro-colagem com mais de 200 reproduções foi criado para servir de catálogo da 4ª Exposição Internacional do Surrealismo, em Paris, que foi organizada por Marcel Duchamp, Salvador Dalí e Max Ernst (com obras de André Masson, Joan Miró, Man Ray e outros). Traz verbetes como “dor” (“a dor física nunca foi para nós mais que a quinta roda da carruagem da carne”) e “erotismo” (“cerimônia faustosa em um subterrâneo”).
A lanterna das memórias perdidas. Sanaka Hiiragi. Trad. Leiko Gotoda • Bertrand Brasil • 192 pp • R$ 59,90
A autora, grande apreciadora da fotografia, ambienta o romance num estúdio fotográfico, onde Hirasaka recepciona os visitantes e revela que eles estão num momento de transição entre a vida e a morte. Eles recebem então uma imensa quantidade de fotos (onde cada uma representa um dia de suas vidas) para selecionar uma delas para cada ano. Com isso, eles têm de rever suas vidas para decidir o que foi mais importante.
O terceiro Inconsciente: a psicoesfera na Era Viral. Franco “Bifo” Berardi. Trad. Camila de Moura • Glac Edições/Autonomia Literária • 192 pp • R$ 75
O filósofo italiano — autor de Depois do futuro (Ubu, 2019) e Asfixia: capitalismo financeiro e a insurreição da linguagem (Ubu, 2020) — estuda as novas formas de emergência do inconsciente num momento crítico (crise do capital, pandemias virais) e os desafios que elas apresentam para nossa ação política e imaginação poética.
A estátua de sal de Sodoma. Alberto Guzik. Selo Lucias/Urutau • 260 pp • Distribuição gratuita
Romance póstumo do escritor, dramaturgo e crítico de teatro que morreu em 2010, está centrado na vida de um crítico e professor de teatro de São Paulo às voltas com o fim de seu casamento e o início de um novo romance. O livro traz um prefácio do dramaturgo Ivam Cabral, diretor-executivo da SP Escola de Teatro, e posfácio de Aimar Labaki.
Trilogia: Vigília, Os sonhos de Olav e Repouso. Jon Fosse. Trad. Guilherme da Silva Braga • Companhia das Letras • 200 pp • R$ 69,90
Uma trilogia sobre o relacionamento amoroso entre Asle e Alida, um jovem casal que está tentando definir seu lugar no mundo. Na primeira história, que recorda a parábola bíblica de Maria e José, eles vagam na chuva e na escuridão em busca de um abrigo para que a moça, já no final da gravidez, possa dar à luz, mas todas as portas se fecham para eles. Na segunda, vemos o rapaz sendo assombrado por fatos do passado, e na terceira a filha de Alida revela um pouco da trajetória do casal.
Pequenas Áfricas: o Rio que o samba inventou. Ynaê Lopes dos Santos, Luiz Antonio Simas, Vinicius Natal, Angélica Ferrarez. Org. Paulo Roberto Pires. IMS • 322 pp • R$ 140
Catálogo da exposição promovida pelo IMS que retrata as origens e transformações do samba no Rio de Janeiro. Com curadoria dos historiadores e professores Angélica Ferrarez, Luiz Antonio Simas, Vinícius Natal e Ynaê Lopes dos Santos, a mostra reúne cerca de 380 itens, entre documentos, gravações musicais, fotografias, acervo jornalístico, filmes e obras de arte que abordam as redes de trabalho e espiritualidade das escolas de samba, terreiros e quintais até hoje.
Uma fenda na noite. Laura Baeza. Trad. René Duarte. Peabiru • 143 pp • R$ 49
Coletânea de contos da escritora mexicana — ganhadora dos prêmios Julio Torri e Gerardo Cornejo — sobre a obscuridade das relações familiares, em relatos povoados por pais ausentes, bruxas que voltam à noite para cobrar dívidas antigas, mães cruéis e aguerridas, meninas que se agarram a falsas promessas e jovens que vivem na solidão.
Transmissão da cláusula arbitral. Inaê Siqueira de Oliveira. Almedina • 176 pp • R$ 129
Um estudo sobre os contratos de sucessão universal, cessão de posição contratual, pagamento com sub-rogação, cessão de crédito e assunção de dívida: quem não é parte de um contrato que contém cláusula arbitral, mas se torna titular de posições jurídicas oriundas desse contrato ou da posição de uma das partes do contrato está sujeito à arbitragem? Em termos práticos: o sucessor universal está sujeito à arbitragem? E o cessionário do contrato? E o cessionário do crédito cedido? E quem paga um débito e se sub-roga na posição de credor? E quem assume uma dívida?
Para Isabel: uma mandala. Antonio Tabucchi. Trad. Federico Carotti • Estação Liberdade • 144 pp • R$ 56
Tradutor de Fernando Pessoa e Drummond, Tabucchi é autor do multipremiado romance Afirma Pereira (1994), que deu origem a um excelente filme (de 1996) de Roberto Faenza, com Marcello Mastroianni, Daniel Auteuil e Joaquim de Almeida. Publicado em 2013, após a morte do autor, Para Isabel: uma mandala tem como protagonista um escritor polonês que percorre a Europa e a Ásia em busca de Isabel, seu grande amor, tentando remontá-la a partir dos depoimentos que vai encontrando pelo caminho, mas só obtém a imagem de uma mulher plural e inapreensível.
O último dos copistas. Marcílio França Castro. Companhia das Letras • 208 pp • R$ 89,90
Narra a história de uma amizade entre um revisor literário e uma ilustradora de uma pequena casa editorial na era digital, que têm a obsessão de desvendar detalhes da vida de Ângelo Vergécio, um copista do século 16 cuja caligrafia deu origem à fonte Garamond.
Ouriço: revista de poesia e crítica cultural vol. 3. Relicário/Macondo • 192 pp • R$ 79,90
O terceiro número da revista tem como tema “ordenhar a volúvel vasta vaca azul-lavável chamada imaginação”, com contribuições de Age de Carvalho, Ana Estaregui, Ana Martins Marques, Anne Sexton, Arnaldo Antunes, Bruna Beber, Daniel Arelli, Edoardo Sanguinetti, Ismar Tirelli Neto, Ítalo Moriconi, Julia de Carvalho Hansen, Leonardo Gandolfi, Lu Menezes, Lucas Litrento, Marcelo Jacques de Moraes, Maria Aparecida Barbosa, Prisca Agustoni, Ricardo Domeneck, Simone Brantes e Walter Benjamin.
HQ de fato: Luto é um lugar que não se vê e O novo sempre vem. Gabriela Gullich e Carol Ito. Conrad • 32 pp • R$ 14,90
Duas histórias em quadrinhos dedicadas ao jornalismo. A primeira é uma reportagem sobre os cemitérios, que buscam eternizar a presença de pessoas que já se foram. A segunda trata da importância de Belchior, que morreu em 2017, na música popular brasileira.
A transição inacabada: violência de Estado e direitos humanos na redemocratização. Lucas Pedretti. Companhia das Letras • 320 pp • R$ 99,90
Autor de Dançando na mira da ditadura (2022), o historiador reconstitui os debates ocorridos durante a abertura política para mostrar que a retórica da conciliação e do esquecimento gerou um sistema que segue matando negros e pobres nas periferias.
Toda família tem uma. Marília Valengo. 7 Letras • 96 pp • R$ 54
Reúne poemas escritos pela autora paraibana durante um longo tratamento para engravidar, que lhe fez entender que não queria ser mãe daquela forma: “Por que eu quero tanto produzir vida? Será que estou associando que eu, enquanto sujeito mulher, só teria valor se fosse mãe?”.
A quadrinista italiana reconta vinte e cinco contos tradicionais do Japão sobre amores não correspondidos, vinganças, feitiços e acontecimentos sobrenaturais.
