Listão da Semana,
Mais do que um rostinho bonito
‘Pagu no metrô’ mistura realidade e ficção para narrar a passagem de Patrícia Galvão por Paris, nos anos 30
03mar2022 | Edição #55A imprensa e os livros de história teimaram em reduzi-la à alcunha simplista (e machista) de “musa do modernismo”, mas Pagu foi muito mais. Intelectual, artista e ativista à frente de seu tempo, afrontou a sociedade de sua época — o que lhe rendeu, aliás, dezenas de prisões. Pagu no metrô, que chega nesta semana às livrarias, mistura realidade e ficção para narrar a passagem de Patrícia Galvão por Paris, nos anos 30, onde conheceu escritores renomados, filiou-se ao Partido Comunista Francês e foi ferida e presa.
O lançamento é também o livro de março do Clube 451, no qual todo mês os assinantes recebem a revista impressa e um livro recém-lançado escolhido por nossos editores.
Completam a seleção da semana poemas de Miriam Alves, o novo romance de Margaret Atwood, a tradução dos livros de estreia da turca Leylâ Erbil e do italiano Cesare Pavese, ensaios de Philip Roth, um quadrinho sobre a Guerra dos Sete Povos e o livro infantil de LeBron James.
Viva o livro brasileiro!
Pagu no metrô. Adriana Armony.
Nós. 144 pp. R$ 62
Mais Lidas
Autora dos romances Estranhos no aquário (2012) e A feira (2017), a escritora e crítica literária carioca Adriana Armony constrói, baseada em pesquisas nos arquivos franceses, um relato semificcional sobre o período em que Patrícia Galvão, a Pagu, viveu em Paris, entre 1934 e 1935. Lá, frequentou círculos de escritores surrealistas e a Universidade Popular, onde lecionavam professores da Sorbonne, e morou no apartamento de Elsie Houston, esposa do escritor Benjamin Péret. Filiou-se ao Partido Comunista Francês e participou de manifestações políticas nas quais foi ferida (ficou três meses no hospital) e presa. Ameaçada de deportação para a Alemanha, foi salva pelo embaixador Souza Dantas, que conseguiu repatriá-la ao Brasil sem condenação.
Pagu no metro é o livro de março do Clube 451, no qual todo mês os assinantes recebem a revista impressa e um livro recém-lançado escolhido por nossos editores.
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Poemas reunidos. Miriam Alves.
Posf. Emerson Inácio • Fósforo/Luna Parque • 384 pp • R$ 84,90
A antologia reúne quatro décadas da produção poética da escritora paulista Miriam Alves, desde sua obra de estreia – Momentos de busca (1983) – aos versos divulgados nos Cadernos Negros, passando pelos poemas publicados em revistas e antologias e pelas plaquetes da década de 2010. Alves foi escritora visitante na Universidade do Novo México e no Middlebury College, nos Estados Unidos, e participou de debates sobre literatura afro-brasileira e feminina nas Universidades do Texas, Tennessee e Illinois.
À Quatro Cinco Um, ela fala sobre a importância da criação literária para mudar o imaginário em torno das pessoas negras: “Faz parte da estratégia de sobrevivência dos negros falar do que há do outro lado da ponte para furar o bloqueio dessa cultura que se diz hegemônica. Com meu texto, minha fala, meus cacos de vidro, eu vou quebrando esse bloqueio. Eu poderia escrever um textão na internet, mas escrevo um poema, um romance”.
Leia na íntegra a entrevista feita por Iara Biderman.
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O coração é o último a morrer. Margaret Atwood.
Trad. Geni Hirata • Rocco • 416 pp • R$ 69,90
Publicado originalmente em 2015, trinta anos depois de O conto da aia (1985), mas inédito em português até agora, o romance distópico narra a vida do casal Stan e Charmaine, que, tendo perdido seus empregos e sua casa no grande colapso financeiro, sobrevive de bicos e é obrigado a viver num carro. Nessa situação de incerteza, eles veem um anúncio que convida as pessoas a participar de uma “experiência social” que oferece empregos estáveis e casa própria em troca da liberdade: mês sim, mês não, eles precisam trocar sua casa por uma cela de prisão. Eles começam então a desenvolver obsessões pelos seus “alternantes”, o casal que ocupa a sua residência quando estão na prisão. A Rocco prepara ainda a tradução de Stone Mattress, outro inédito de Margaret Atwood.
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Uma mulher estranha. Leylâ Erbil.
Trad. Marco Syrayama de Pinto • Tabla • 224 pp • R$ 63
O primeiro romance da escritora turca Leylâ Erbil, lançado em 1971, alcançou grande sucesso de crítica (ela foi indicada ao Prêmio Nobel em 2002 pela PEN Writers Association). Leitora de Freud, Erbil introduziu inovações na tradição literária turca para expressar os conflitos existenciais de uma jovem poeta em choque com sua mãe religiosa (que desaprovava tudo o que ela fazia), a repressão política no país (que levou quase todos os seus amigos à prisão) e a atmosfera sufocante dos círculos universitários turcos, nos quais as contribuições das mulheres eram desprezadas até pelos intelectuais “progressistas”.
Trecho do livro: “Já conheci muitos artistas na Lambo. Só me resta conhecer U, V, X, Y e Z. Toda vez que tentei falar de poesia ou política, toda vez que eu quis iniciar uma amizade de verdade com eles, como seres humanos devem fazer, todos assumiram o mesmo ar de deboche ou de zombaria; evitam minhas palavras, desprezam o assunto que eu levanto e agem com descaramento, ou até com agressividade. Quando peço ajuda para arrumar emprego, me evitam”.
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Por que escrever? Conversas e ensaios sobre literatura (1960-2013). Philip Roth.
Trad. Jorio Dauster • Companhia das Letras • 568 pp • R$ 89,90
O volume reúne uma seleção de ensaios, entrevistas e palestras nas quais Philip Roth (1933-2018) reflete sobre o impacto da literatura nos leitores, explica seu processo criativo, discute estereótipos sobre os judeus e comenta as obras de Kafka, a ficção norte-americana e os seus romances mais célebres, além de conversar com escritores como Milan Kundera e Primo Levi. Faz, ainda, um balanço de sua longa trajetória literária.
Assinantes da Quatro Cinco Um têm 25% de desconto no site da editora Companhia das Letras. Conheça o nosso clube de benefícios
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Trabalhar cansa. Cesare Pavese.
Trad. Maurício Santana Dias • Companhia das Letras • 384 pp • R$ 74,90
O livro de estreia de Cesare Pavese, publicado em 1936, descreve a vida cotidiana e as paisagens do Piemonte em versos longos e narrativos, que destoavam do código lírico predominante na Itália. Muito influenciado por Baudelaire, Walt Whitman e Homero e profundo conhecedor da literatura anglo-americana (Joyce, Faulkner, Dos Passos), Pavese adotou uma forma menos hermética que procurava expressar, ao mesmo tempo, o particular e o universal. Apesar de manter certa distância da política, ele integrava o grupo de intelectuais antifascistas piemonteses (com Giulio Einaudi, Leone Ginzburg, Giulio Carlo Argan, Norberto Bobbio) e por isso passou um ano preso em um pequeno povoado da Calábria, no extremo sul da Itália, isolado dos colegas. A edição traz ainda dois textos de Pavese sobre a elaboração de Trabalhar cansa: “O ofício do poeta” e “A propósito de certos poemas ainda não escritos”.
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A batalha. Eloar Guazzelli e Fernanda Verissimo.
Quadrinhos na Cia • 96 pp • R$ 59,90
Em 1756, às vésperas da batalha decisiva dos guaranis contra as forças espanholas e portuguesas na Guerra dos Sete Povos, um cacique e um padre jesuíta narram a um menino indígena a grande vitória que alcançaram em 1641 na batalha fluvial do Mbororé, no rio Uruguai. Na ocasião, eles derrotaram, após oito dias de combate, os bandeirantes paulistas que tentaram escravizá-los.
Leia também: HQ mostra o processo das retomadas de terras e o cotidiano dos Tupinambá na Bahia.
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Eu prometo. LeBron James.
Ils. Nina Mata • Trad. Solaine Chioro • Rocquinho
O célebre jogador de basquete do Lakers expõe, em uma obra toda em versos, os ideais pedagógicos que guiam seu projeto educacional em Akron, Ohio, e os objetivos que cada criança deve fixar para si mesma: “Lembre-se: nada é dado. Tudo é conquistado”.
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Matéria publicada na edição impressa #55 em outubro de 2021.
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