Listão da Semana,
Emmanuel Carrère, Claire Keegan, J. Borges e mais 16 lançamentos
Reunindo informações sobre as trajetórias das vítimas e réus do que ficou conhecido como V13, o escritor francês relata os julgamentos que testemunhou em 2022 acerca dos atentados terroristas que ocorreram em Paris em 2015
06set2024O julgamento dos acusados pelos atentados de Paris em novembro de 2015, que ficou conhecido como o processo do V13 — de vendredi (sexta-feira) 13, dia em que dezenas de jovens foram mortos no ataque ao Bataclan — foi acompanhado por Emmanuel Carrère e registrado em seu livro V13, que chega esta semana às livrarias.
Na seleção da semana, um romance da irlandesa Claire Keegan; uma análise da arquitetura cubana por Alejo Carpentier; a fauna e a flora do Brasil ilustradas por J. Borges; o inventário de memórias de Julia Wähmann; contos e poemas de Afonso Borges; fundamentos da arte contemporânea, por João Correia; como enfrentar o ódio na internet, por Felipe Neto; a jornada de um refugiado sírio, por Luciano Tasso; e mais novidades quentinhas.
Viva o livro brasileiro!
Veja os lançamentos de semanas anteriores.
Mais Lidas
V13: O julgamento dos atentados de Paris. Emmanuel Carrère.
Trad. Mariana Delfini // Alfaguara // 224 pp // R$ 89,90
O escritor francês, vencedor do prêmio Princesa de Astúrias, narra o julgamento dos atentados terroristas ocorridos em Paris ao longo de 2015.
“O que teria levado Emmanuel Carrère, um dos mais importantes escritores da França, a querer cobrir o julgamento dos responsáveis pelos atentados de Paris em 2015? O mundo inteiro tinha ficado assombrado naquela terrível noite da sexta-feira, 13 de novembro, quando dezenas de jovens foram dizimados enquanto se divertiam num show no Bataclan, enquanto uma série de outros ataques aconteciam na capital francesa. Agora, o caso ia ser apreciado pela Justiça.
Os próprios editores do Nouvel Obs (antigo L’Obs) achavam que Carrère não teria a abnegação necessária para passar meses inteiros num tribunal de segurança máxima, ouvindo audiências cansativas e intermináveis. Mas foi o que aconteceu e que agora vem narrado com minúcias nesse V13, como ficou conhecido o processo do Vendredi 13.”
Leia na íntegra a resenha de Eduardo Muylaert
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Leia também: Emmanuel Carrère fala de jornalismo, depressão, ioga e o narcisismo como ferramenta de escrita
Pequenas coisas como estas. Claire Keegan.
Trad. Adriana Lisboa // Relicário // 128 pp // R$ 59,90
Vencedor do Prêmio Orwell na categoria de Ficção Política e finalista do International Booker Prize em 2022, é a primeira obra da escritora irlandesa publicada no Brasil. O romance de Keegan ambienta o leitor em uma pequena cidade na Irlanda em 1985, quando um comerciante de carvão é confrontado por uma descoberta que envolve um convento e as jovens mulheres que abriga, o que o leva ao passado e aos silêncios de um povoado controlado pela Igreja Católica.
“Em outubro, havia árvores amarelas. Então os relógios recuaram uma hora e os longos ventos de novembro chegaram e sopraram, desnudando as árvores. Na cidade de New Ross, chaminés expeliam uma fumaça que ia se dissolvendo e se espalhando em fiapos peludos e compridos antes de se dispersar ao longo dos embarcadouros, e logo o rio Barrow, escuro feito cerveja preta, engrossou com a chuva.
As pessoas, em sua maioria, suportavam o tempo com tristeza: lojistas e comerciantes, homens e mulheres nos correios e na fila do desemprego, na mercearia, no café e no supermercado, no salão de bingo, nos bares e nos restaurantes baratos onde se vendia peixe com batatas fritas, todos comentavam, à sua maneira, o frio e a chuva que tinha caído, perguntando o que havia naquilo – e se poderia haver algo naquilo –, pois quem acreditaria que ali estava, mais uma vez, outro dia de frio intenso?” Leia o trecho na íntegra
Trecho de Claire Keegan “Pequenas coisas como estas”
Saiba mais sobre o livroAssinantes da Quatro Cinco Um têm 20% de desconto no site da Relicário. Conheça o Clube de Benefícios 451.
A cidade das colunas. Alejo Carpentier.
Trad. Samuel Titan Jr. // Editora 34 // 80 pp // R$ 69
Com 42 imagens em P&B do fotógrafo italiano Paolo Gasparini, o escritor cubano — um dos criadores do realismo fantástico e autor de Os passos perdidos — apresenta a arquitetura de Havana a partir de uma perspectiva que defende a mistura e a mestiçagem como centrais para as experiências latino-americanas.
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Leia também: Desde o século 19, leitores profissionais narram romances para enroladores de charuto em Cuba
Bestiário de Brandônio: fauna maravilhosa no Brasil do século XVII. Xilogravuras de J. Borges. Brandão Ambrósio Fernandes.
Ils. Borges José Francisco // Livros da Raposa Vermelha // 80 pp // R$ 64,90
Falecido em julho deste ano, o xilogravurista e artista pernambucano, conhecido por sua produção de histórias em cordel, ilustra o bestiário do escritor e senhor de engenho português Brandão Ambrósio Fernandes, que viveu no Brasil colonial entre os séculos 16 e 17 e registrou suas experiências no território e entre os animais.
Leia também: Estreia de Stênio Gardel na literatura infantil, cordel ilustrado é canto de permanência à memória — individual e coletiva
Triste cuíca. Julia Wähmann.
Janela + Mapa Lab // 112 pp // R$ 64,90
A partir de diários da infância e juventude, relatos do avô durante a Segunda Guerra Mundial e episódios vividos na pandemia, a escritora carioca, autora do romance Manual da demissão (Record, 2018), elabora uma espécie de inventário acerca da construção da memória. Com foco nas reflexões de como a escrita fixa as lembranças ao longo da vida, Wähmann examina o que separa a ficção de eventos reais.
Leia também: Na ficção e na realidade, apesar do custo humano, a guerra permanece uma das poucas constantes da humanidade
Tardes brancas: 26 contos e 5 poemas. Afonso Borges.
Pref. Humberto Werneck // Autêntica // 88 pp // R$ 54,90
Antologia de contos e poemas do jornalista e escritor mineiro, criador do projeto literário Sempre Um Papo, que evocam memórias locais de Belo Horizonte e tratam sobre cotidianos pouco cotidianos: quando o inesperado e o inusitado, envoltos por mistério ou absurdo, dão as caras e transformam situações com tons de metafísica.
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Leia também: Em romance permeado por questionamentos metafísicos, Joca Reiners Terron percorre limites entre nossa espécie e outros viventes
Olhar Contemporâneo: como compreender a arte de agora: vol. 1. João Correia.
Perspectiva // 192 pp // R$ 67,40
O historiador da arte discorre sobre alguns fundamentos que facilitam a compreensão acerca da produção artística contemporânea e suas conexões com temas emergentes, a partir do projeto educativo Olhar Contemporâneo, criado por Correia em 2019. O autor se inspirou no trabalho dos educadores e intelectuais Ana Mae Barbosa, bell hooks e Paulo Freire, entre outros.
Leia também: Escritos inéditos de um dos percursores da curadoria contemporânea e fundador do Departamento de Artes Plásticas da ECA-USP revelam como a tecnologia esgarçou os limites das artes visuais
Como enfrentar o ódio: a internet e a luta pela democracia. Felipe Neto.
Companhia das Letras // 376 pp // R$ 69,90
Livro de estreia do youtuber e empresário carioca, fundador do Instituto Vero (de letramento midiático e educação digital no Brasil), retrata o processo de tomada de consciência política de Neto, após lidar com os dois lados do ódio na internet — a princípio, como ferramenta para alavancar a própria carreira e, posteriormente, como força da qual se tornou vítima durante o governo Bolsonaro.
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A longa caminhada de Jamil fugindo da guerra. Moreira de Acopiara.
Ils. Luciano Tasso // Cortez // 32 pp // R$ 57
O poeta e cordelista cearense, membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, recria a jornada de um refugiado sírio para chegar ao Brasil. Com a cadência das sextilhas dos cordéis, Jamil e a família representam a trajetória envolta por medo, preconceito, xenofobia e saudades de casa que acomete as mais de 13 milhões de pessoas que tiveram de deixar o país natal desde o início da guerra na Síria.
Leia também: Artista peruana narra sem palavras, mas com honestidade e poesia, o drama dos refugiados
Açaí + Seca. Djavan & Daniel Kondo.
WMF Martins Fontes // 48 pp // R$ 99,90
Segundo volume da coleção Letrailustre, em que artistas visuais recriam canções simbólicas da música brasileira por meio de ilustrações. Neste, o premiado ilustrador gaúcho mira duas composições de Djavan — das quais o cantor alagoano vencedor do Grammy Latino se inspirou em realidades do sertão nordestino e do norte do país —, com representações gráficas que aludem à fruta roxa nativa da Amazônia e à aridez do solo. Inclui textos do poeta Guilherme Gontijo Flores.
Leia também: O livrokê de Lulu Santos — Songbook com os maiores sucessos do cantor e compositor carioca é complementado com ilustrações do artista gráfico Daniel Kondo
Vapt-vupt
+ novidades quentinhas
Tremor. Teju Cole.
Trad. Paulo Henriques Britto // Companhia das Letras // 224 pp // R$ 94,90
O escritor e fotógrafo estadunidense crescido em Lagos, autor de Cidade aberta (Companhia das Letras, 2012) aborda um personagem similar a si e que subverte as ideias sobre as referências estéticas ocidentais.
Cinderela do rio. Mafuane Oliveira e Taisa Borges.
Peirópolis // 56 pp // R$ 70
A escritora e a artista plástica recriam a história da Gata Borralheira em versão e ambiente tipicamente brasileiros, que refletem sobre desigualdade social e o trabalho doméstico desde a infância.
Desejo: mulheres do mundo todo revelam suas fantasias de amor e sexo. Gillian Anderson.
Trad. Ibraíma Dafonte Tavares // Vestígio // 344 pp // R$ 79,80
A ativista e atriz reúne cartas de mulheres que revelam diferentes perspectivas sobre feminilidade e maternidade, amor, traição, consentimento, igualitarismo, fantasias e a complexa dualidade entre prazer e dor.
Bem-vinda de volta. Paola Yuu Tabata.
Seguinte // 200 pp // R$ 69,90
A ilustradora, quadrinista e designer paulistana narra episódios de sua vida adulta por meio de Hikari, uma garota de ascendência japonesa, que enfrenta o sentimento de não pertencimento.
Améfrica. Coletivo Legítima Defesa..
N-1 Edições // 194 pp // R$ 77,69
O grupo de artistas monta um espetáculo em três atos que reconta a aliança entre negros e indígenas no território do Quilombo dos Palmares.
Carreira e família: a jornada de gerações de mulheres rumo à equidade. Claudia Goldin.
Trad. Denise Bottmann // Portfolio-Penguin // 384 pp // R$ 99,90
A Nobel de Economia reúne histórias reais e estudos realizados durante mais de trinta anos sobre os fatores que impactaram na inserção feminina no trabalho.
Dicionário dos símbolos. Mircea Eliade e Ioan Petru Couliano (orgs.).
Trad. Silvana Cobucci e Leonardo A. R. T. dos Santos // Intr. Jacques Vidal // Vozes // 456 pp // R$ 220
Os historiadores de religião e filósofos romenos examinam a origem e a remanescência dos símbolos.
Piñen. Daniela Catrileo.
Trad. René Duarte // Peabiru // 112 pp // R$ 49
A escritora e poeta chilena narra três histórias pelos arredores de Santiago e, a partir de relatos dos mapuches, povo indígena do Chile, discute corpo, origem, pertencimento, cosmovisão e as consequências da discriminação.
Política, substantivo feminino: um despertar para o protagonismo das mulheres na democracia. Gabi Sabino.
Pref. Tabata Amaral // Maquinaria Sankto // 192 pp // R$ 54,90
A escritora e jornalista, que atua em processos de gestão pública na cidade de São Paulo, elabora um guia com dados e estratégias para o aumento da participação de mulheres na política.
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