Capa,

Enxergando Beauvoir

Jeanne Detallante, designer francesa que assina o retrato da filósofa francesa na capa de abril, fala sobre seu processo de criação

31mar2020 | Edição #32 abr.2020

A capa da Quatro Cinco Um de abril traz um especial sobre Simone de Beauvoir, que ganha uma nova biografia, lançada no Brasil pela editora Planeta. Djamila Ribeiro e Sérgio Augusto se debruçam sobre o livro, escrito por Kate Kirkpatrick, entrevistada nesta edição por Mariana Schiller.

A revista traz ainda textos sobre a Nobel de literatura bielorrusa Svetlana Aleksiévitch no Afeganistão, a gripe espanhola (e os pontos de contato com a Covid-19), as ameaças da Uber às cidades, a nova safra da música africana e o dia em que Virginia Woolf se vestiu de príncipe abissínio, entre outros. A edição tem 21 resenhas de livros e um listão com 109 indicações de lançamentos.

Quem assina a ilustração da capa, um retrato de Beauvoir, é Jeanne Detallante (@jeannedetallante), designer gráfica francesa que tem no currículo trabalhos para grifes como Prada e Miu Miu, eventos como a Art Basel e veículos como Vogue Itália, Vogue Japão, The New Yorker e GQ. Confira abaixo um bate-papo rápido com a artista.


A designer gráfica francesa Jeanne Detallante

Você é fã de Beauvoir?
Tenho vergonha de dizer que nunca li seus livros! Mas sei sobre ela, e admiro o modelo de liberdade que ela propôs às mulheres, e também a reflexão sobre feminilidade e papéis sociais. Sou grata à sua influência na sociedade e no feminismo, algo que eu herdei. Vou aproveitar esse período de isolamento para colocar isso em dia.

O que você pretende comunicar com esse retrato de Beauvoir?
Pensei que um retrato simples e direto era a melhor maneira de mostrar quão icônica ela é — ela tem um estilo muito forte e gráfico — e também sua humanidade.

Como foi o processo de criação da ilustração?
Fiz o desenho à mão no tablet digital, e optei por usar cores quentes. Queria um rosa que tivesse certa frieza e eletricidade e um vermelho que fosse como um fogo domado, um vermelho poderoso que não dominasse tudo.

Você trabalhou com algumas marcas bastante celebradas. Tem alguma colaboração favorita?
Colaborações favoritas são aquelas em que há uma cumplicidade na inspiração (e, idealmente, confiança suficiente para ter liberdade!).

O que a inspira?
Poesia em qualquer coisa, culturas clássica e pop, códigos sociais e instinto … em um dia bom, praticamente qualquer coisa!

Conhece algo da cultura brasileira?
Meu conhecimento da cultura brasileira é bem básico, tenho vergonha de admitir, mas recebi uma cópia de uma fita gravada com o título "Brazilian mix" que vinha sem títulos de banda ou música, e eram duas horas de músicas incríveis anos 60 e 70, incluindo Jorge Ben e Os Mutantes, entre outros (que eu deveria descobrir, mas eu meio que quero manter o mistério). Foi a trilha sonora de alguns dos melhores momentos da minha vida e ainda a ouço.

Quais são os seus próximos projetos profissionais?
Bem, por ora estamos todos no mesmo barco trêmulo… veremos.

Matéria publicada na edição impressa #32 abr.2020 em março de 2020.