Meio ambiente,
Precisamos de novas histórias sobre o clima
Muitas coisas — algumas terríveis, outras maravilhosas — estão acontecendo, e é importante pensar o jeito como as contamos
01set2024 • Atualizado em: 30ago2024 | Edição #85Toda crise é, em parte, uma crise de narrativa. Isso vale para tudo, inclusive para o caos climático. Vivemos rodeados de histórias que nos impedem de enxergar, acreditar ou agir em prol da mudança. Algumas dessas histórias são pré-concepções, outras, propagandas setoriais. Às vezes o cenário mudou, mas a história não, e as pessoas seguem narrativas antigas, mapas desatualizados, que levam a becos sem saída.
Precisamos superar, logo e em definitivo, a era dos combustíveis fósseis. Mas só conseguiremos mudar o combustível das nossas máquinas quando mudarmos a condução das nossas ideias. A agitadora social adrienne maree brown diz que o ativismo climático tem algo de ficção científica: “Estamos moldando um futuro que queremos, mas ainda não conhecemos. É uma batalha de imaginação”.
Para fazermos o que a crise climática exige de nós, precisamos de histórias sobre um futuro habitável, retratando o poder do povo, nos motivando a fazer o necessário para o mundo de que precisamos. Talvez precisemos ainda ser ouvintes melhores, mais críticos e cuidadosos no que acreditar, porque histórias podem dar — ou tirar — poder.
Mais artistas
Mudar a nossa relação com o planeta — a fim de encerrar uma era de consumo despudorado de poucos com consequências para muitos — significa mudar o jeito que pensamos sobre quase tudo: riqueza, poder, alegria, tempo, espaço, natureza, valor, em que consiste uma vida boa, o que realmente importa, como as mudanças acontecem. Segundo a jornalista Mary Heglar, não nos falta inovação. “Temos inúmeras ideias para painéis solares e microrredes. Enquanto dispomos de todas essas peças, não temos ideia de como encaixá-las para construir um mundo novo. Por tempo demais, a luta em defesa do clima se restringe a cientistas e especialistas em políticas públicas. Precisamos deles, mas precisamos de muito mais. Precisamos desesperadamente de mais artistas.”
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No que consiste a crise climática? O que podemos fazer? Que mundo é possível? Essas questões estão diretamente ligadas às histórias que contamos e ouvimos. A história das mudanças climáticas passou por milhões de ouvidos indiferentes trinta anos atrás, quando começou a ser amplamente discutida. Mesmo há uma década, a crise do clima era vista como um fenômeno lento, destinado a um futuro distante. Falava-se no “mundo dos nossos netos”. Era um problema difícil de apreender — um problema disperso, gradual, atmosférico, invisível e global com diversas causas e manifestações, cuja solução também era dispersa e multifacetada.
Não podemos apagar as más notícias, mas ignorar as boas é uma receita para o desespero e a indiferença
Talvez o ativismo climático nunca conquiste nada tão grande quanto finalmente ter conseguido que a maioria das pessoas entendesse a magnitude do problema. Porque quando conquistamos o imaginário popular, o jogo muda, e com ele mudam os desfechos possíveis. Mas esse processo de convencimento foi longo, lento e árduo, e ainda há muitas ideias equivocadas por aí. Precisamos de histórias melhores — e “melhor” pode significar mais atuais.
Existe solução
A negação explícita das mudanças climáticas — a velha história de que mudanças climáticas não são reais — tornou-se amplamente ultrapassada (fora das redes sociais) em razão das catástrofes climáticas pelo mundo e do trabalho de jornalistas e ativistas. Mas outras histórias ainda nos impedem de ver as coisas com clareza.
O greenwashing — esquema criado pelas indústrias extratoras de combustíveis fósseis para parecerem preocupadas com o meio ambiente enquanto seguem lucrando com a sua destruição — se dissemina desenfreadamente. E ainda faltam histórias capazes de oferecer contexto. Vejo pessoas atacarem veementemente a mineração, sobretudo de lítio e cobalto, inevitável para a construção de uma infraestrutura de energia renovável. Aparentemente, as pessoas não têm ideia do impacto e da magnitude, muito maiores, da mineração de combustíveis fósseis: petróleo, gás e carvão.
Toda mineração deve ser feita com respeito à terra e à vizinhança, mas precisamos comparar o impacto da mineração em prol da energia renovável ao impacto muito mais devastador da extração (e queima) dos combustíveis fósseis.
Essa extração cria um ciclo incessante de consumo, responsável pela riqueza da indústria desses combustíveis fósseis. Ela colabora com o caos climático e também com a destruição e contaminação, a cada etapa do processo. A nível global, a queima de combustíveis fósseis mata quase 9 milhões de pessoas todos os anos, mais do que qualquer guerra recente. Mas, em grande parte, são mortes invisíveis, devido à falta de histórias envolventes sobre o tema.
Muito mais comuns são histórias sobre derrotas precoces. Na marcha climática de 2014, em Nova York, que contou com 400 mil participantes, um grupo manifestava “NÓS TEMOS A SOLUÇÃO” — mas muitas pessoas ainda acreditam no contrário. Temos as soluções para explorar energia eólica e solar; só precisamos implementá-las, e o quanto antes. Encarar a ineficiente captura de carbono ou tecnologias subdesenvolvidas como “a solução” é como recusar os botes de emergência à mão e ficar à espera de outros, mais confortáveis, enquanto o navio afunda.
Antiapocalipse
Sempre vejo histórias que encaram possibilidades como fatos consumados: se não vencermos todas as batalhas, perderemos tudo. Muitas histórias fatalistas circulam por aí — sobre como a civilização, a humanidade e até mesmo a própria vida estão fadadas a acabar. Esse pensamento apocalíptico é consequência de outro fracasso narrativo: a incapacidade de imaginar um mundo diferente daquele em que vivemos hoje.
Pessoas sem conhecimento histórico pensam que o mundo é estático. Presumem que, se a ordem atual está ruindo, o sistema entrará em colapso e não haverá alternativa. Uma imaginação histórica permite compreender que mudanças ocorrem o tempo todo. Basta olhar o passado para ver que o mundo era drasticamente diferente meio século atrás. A matriz energética do Reino Unido, por exemplo, era quase que exclusivamente à base de carvão até os anos 60, e muitos achariam que abandonar esse mineral levaria a um colapso total do sistema de energia. Hoje, mais da metade da energia do país vem de fontes com baixa emissão de carbono, como solar, eólica e nuclear. A Escócia já produz quase toda sua energia a partir de fontes renováveis.
O impacto de sua dieta e de como se locomove pode ser minúsculo comparado ao do dinheiro no banco
Embora muitas pessoas afirmem com naturalidade que o mundo está con-
denado, nenhum cientista respeitado concorda com isso. A maioria está bastante preocupada, mas longe de estar desesperada. Há danos graves, e nossa ação ou inação determinará quanto mais perderemos. Até mesmo o jornalista David Wallace-Wells, alçado à fama alguns anos atrás com um livro profundamente pessimista sobre o clima, mudou de opinião.
Hoje, ele descreve o futuro em um ponto intermediário entre o pior e o melhor cenário possíveis; um futuro “em que as previsões mais assustadoras se tornaram improváveis por causa da descarbonização, e as mais otimistas foram inviabilizadas na prática por uma trágica demora. A janela de futuros climáticos possíveis está se estreitando e, por isso, podemos enxergar melhor o que nos espera: um novo mundo, repleto de transformações […], mas distinto de um apocalipse climático total.”
Impacto individual
Precisamos urgentemente de uma narrativa sobre o clima que deixe explícitos os verdadeiros responsáveis pelo caos. Tornou-se comum dizer que somos todos responsáveis, mas a Oxfam relata que, nos últimos 25 anos, o 1% mais rico dos seres humanos emitiu duas vezes mais carbono que os 50% menos favorecidos — a responsabilidade, assim como o poder de gerar mudanças, é desigual.
Quando dizemos “somos todos responsáveis”, ignoramos que a imensa maioria de nós não precisa mudar muito, mas uma minoria precisa passar por transformações imensas. Isso também serve para nos lembrar que o dever de renunciar a luxos e viver de forma mais simples não vale para a maioria daqueles que vivem fora daquilo que poderíamos chamar de “mundo superdesenvolvido”.
Quando falamos de responsabilidade, também é comum focarmos nas contribuições individuais. A indústria de combustíveis fósseis gosta dessa narrativa: nos distraímos com comportamentos individuais, e esquecemos dela. Essas empresas atuaram na promoção do conceito de pegada de carbono, uma estratégia para manter o foco em nós, e não neles. Funcionou. No geral, focamos no que fizemos ou deixamos de fazer para combater a emergência climática — mas esses atos, mesmo somados, jamais atingirão a escala e a agilidade necessárias para mudar o sistema.
Um dos objetivos da mudança sistêmica é suplantar a virtude individual. Assim como hoje não precisamos escolher entre um carro com ou sem cinto de segurança, num futuro próximo não precisaremos optar por dirigir veículos elétricos. A eletrificação ocorrerá graças à ação coletiva, que se traduz na forma de políticas e regulações.
Uma brilhante análise do ambientalista Bill McKibben destaca que, se você tem dinheiro depositado em um banco que financia a indústria de combustíveis fósseis, sua pegada de carbono pode ser muito maior do que você imagina. O impacto da sua dieta e de como se locomove pode ser minúsculo comparado ao impacto do dinheiro investido. O impacto individual, se deixarmos os ultrarricos de lado, só é relevante em conjunto. E em conjunto podemos mudar isso. Nosso maior poder reside em nosso papel de cidadãos (e não de consumidores), que permite nos unirmos para mudar coletivamente como o mundo funciona.
Campanhas pelo mundo miram o financiamento de combustíveis fósseis, com êxito, e ainda há muito a ser conquistado. Em anos recentes, o ativismo climático se tornou mais sofisticado e preciso em seus alvos. Faz um trabalho brilhante; só precisa de gente e recursos suficientes para ser mais poderoso que o status quo.
Heróis
Uma das convenções da técnica narrativa — seja em ficção, graphic novels, filmes etc. — diz que o mundo só pode ser salvo por indivíduos excepcionais. Isso guarda pouca relação com as mudanças concretas. As habilidades dos super-heróis da vida real são a solidariedade, a estratégia, a persistência, o visionarismo e a capacidade de nutrir esperança. Os salvadores de que precisamos não são, em sua maioria, indivíduos, mas coletivos: movimentos, coalizões, campanhas, sociedade civil. Dentro desses grupos, pode até haver alguém com um dom excepcional para motivar outros, mas mesmo os melhores maestros precisam de uma orquestra. Uma pessoa sozinha é incapaz de fazer muito; um movimento pode derrubar um regime. Temos um triste déficit de histórias sobre ações coletivas ou organizadores pacientes e obstinados que mudam o mundo.
A ficção em geral também nos condiciona a esperar soluções únicas e resoluções claras para os nossos problemas: é um esquema de vitória repentina, comemoração, problema resolvido. A crise climática não se encaixa facilmente nesse formato. Deixar de extrair e queimar combustíveis fósseis é vital, mas não existe solução única. Proteger os pântanos, florestas e campos que retêm carbono também é importante; assim como é importante modificar materiais de alto impacto como o cimento, melhorar o projeto de edifícios, cidades e meios de transporte, tratar da conservação do solo, do cultivo e da produção e consumo de alimentos. Existem marcos e metas importantes, mas o típico final hollywoodiano não condiz com a realidade.
Há outra maneira de calcular a riqueza — na forma de esperança para o futuro, de justiça e inclusão
Muitas vezes, a mudança funciona mais como uma corrida de revezamento, em que um novo protagonista pega o bastão. Reconhecer a realidade do colapso climático significa reconhecer a interconexão de todas as coisas. Essa conexão gera obrigações: respeitar a natureza, criar regulações domésticas e tratados internacionais para proteger o que for necessário, limitar a liberdade do indivíduo em nome do bem-estar da coletividade. Trata-se, claro, de uma visão de mundo em contraste com o fundamentalismo de livre mercado e o libertarianismo. Até mesmo os fatos apresentados pela ciência climática são ideologicamente ofensivos para aqueles comprometidos com uma liberdade individual desprovida de responsabilidades.
Responsabilidade e obrigação são palavras sombrias na cultura dominante, mas talvez possamos ao menos encontrar histórias que reconheçam nessa relação uma reciprocidade à Terra por tudo o que ela nos dá. Ou ao menos podemos reconhecer nosso interesse pessoal em garantir o funcionamento do sistema do qual dependem nossas vidas.
Longo arco
Precisamos encontrar um jeito de nos afastarmos de acontecimentos pontuais a fim de observarmos o contexto mais amplo de como chegamos aqui. Se contarmos apenas histórias de curto prazo, tudo perde o sentido. Martin Luther King Jr. disse: “O arco do universo moral é longo, mas se inclina na direção da justiça”. Vimos ele se inclinar de várias formas nos últimos anos, mas perceber essa inclinação leva tempo. Precisamos de marcos temporais, de lembranças de como as coisas eram, para perceber qualquer mudança, inclusive as climáticas.
O ativista climático e poeta Julian Aguon declarou recentemente que os povos indígenas “têm uma capacidade única de resistir ao desespero por meio de uma conexão com a memória coletiva, e essa pode ser nossa melhor esperança de construir um novo mundo enraizado na reciprocidade e no respeito mútuo — pela Terra e pelos outros”. Essa ênfase na memória coletiva sugere que uma noção forte de passado permite uma noção forte de futuro, e que relembrar dificuldades e transformações nos prepara para encará-las novamente.
Cada boa notícia da ação climática ajuda a entender uma crise que pode, sim, ser enfrentada
É encorajador observar o longo arco da mudança das tecnologias renováveis. A maior parte do noticiário sobre o tema diz respeito ao curto prazo, mas, se ampliarmos o recorte temporal, vemos que mudanças graduais constituíram uma espantosa queda de preços e um surpreendente aumento da eficiência e da adoção dessa energia.
Vinte anos atrás, não tínhamos uma forma construtiva para superar a era dos combustíveis fósseis. Agora temos. E as soluções continuam melhorando. Em 2021, a organização Carbon Tracker publicou um relatório mostrando que a tecnologia existente permitiria produzir cem vezes mais energia solar e eólica do que a atual demanda global. O relatório conclui: “As barreiras técnicas e econômicas foram superadas; o único empecilho para a mudança é de ordem política”. No final do último milênio, essas barreiras pareciam intransponíveis. São mudanças revolucionárias, mas a revolução foi lenta demais para que a maioria fosse capaz de percebê-la.
Tendemos a pensar que as utopias são inacreditáveis, mas estamos falando de uma instituição ponderada que foca em políticas econômicas e energéticas. O relatório teve pouco impacto sobre o público geral. Como a revolução energética é gradual, não existe um momento revolucionário específico. Contudo, o conjunto constitui uma narrativa encorajadora e até surpreendente.
Por outro lado, as pessoas facilmente acreditam em narrativas sórdidas, sejam elas baseadas ou não em fatos. Ainda somos bombardeados por histórias danosas, e inverídicas, sobre o clima e o futuro. Profecias podem ser autorrealizáveis: se insistirmos que a vitória é impossível, acabamos nos posicionando contra a possibilidade de êxito.
Narrativa persistente
Há mais uma narrativa que persiste, pelo menos, desde a invenção das lâmpadas compactas fluorescentes e do Toyota Prius. Segundo ela, precisamos abdicar da abundância e ingressar em uma era de austeridade. Mas tudo está na forma de narrar. Vivemos numa era de extrema riqueza para poucos e desespero para muitos. Mas há outra maneira de calcular a riqueza e a abundância — na forma de esperança no futuro, de segurança e confiança pública, de bem-estar emocional, de laços sociais fortes, de trabalhos com significado e vidas com propósito, de igualdade, justiça e inclusão.
Antigamente, diziam que a energia renovável era muito cara. A afirmação integrava a narrativa da austeridade, e também servia de desculpa para não fazermos a transição. Mas melhorias de design e a economia de escala, dentre outros fatores, fizeram com que essa se tornasse a energia mais barata de ser produzida em quase todo lugar. Não há por que pensar que as inovações e as melhorias econômicas cessaram; suspeito que a melhor parte ainda está por vir.
O engenheiro e especialista em energia Saul Griffith escreveu recentemente: “A maioria das pessoas acredita que um futuro de energia limpa exigirá que todos vivam com menos, mas ele viabilizará coisas melhores”. A antiga narrativa dizia que não teríamos meios para atender às exigências da emergência climática. A nova diz que deixar de fazê-lo não só seria devastador do ponto de vista ecológico, como também teria um custo financeiro maior.
As energias renováveis caminham para se tornarem mais baratas que os combustíveis fósseis; em muitos lugares, já são. Isso sem mencionar os efeitos indiretos da queima de combustíveis para a saúde humana e para o clima. Nos Estados Unidos, os estados do Texas e Iowa geram boa parte de sua eletricidade de fontes eólicas, porque isso faz sentido de um ponto de vista econômico, e não porque esses estados republicanos estejam profundamente engajados com o enfrentamento da crise climática. Ao longo de sua vida útil, os carros elétricos acabam se mostrando mais baratos que os carros de combustão interna.
Saídas da emergência
Muita gente tende a medir a ação climática em termos de grandes acontecimentos nacionais e internacionais, mas muitas mudanças importantes acontecem a nível local, regional ou em outras instâncias. Uma universidade reduz investimento em combustíveis fósseis; um estado estipula um prazo para a comercialização exclusiva de carros elétricos; uma cidade aprova uma medida exigindo que novos edifícios sejam 100% elétricos; tem início a construção de uma grande planta solar; um país atinge um novo recorde na porcentagem de energia eólica em sua matriz; um oleoduto, uma nova plataforma de petróleo ou uma perfuração é cancelada; uma usina de carvão fecha; uma floresta passa a ser protegido.
Nada disso anula as más notícias sobre a devastação contínua dos ecossistemas, com seu custo em vidas humanas e seu impacto para um futuro habitável, mas cada uma dessas histórias ajuda a contextualizar tudo como parte de uma crise que pode, sim, ser enfrentada, contanto que decidamos fazê-lo. Muitas coisas estão acontecendo, algumas maravilhosas, outras terríveis, e o resultado é um número de narrativas maior do que qualquer um é capaz de absorver. A forma como encaixamos essas notícias em uma narrativa mais ampla é importante, assim como nossa capacidade crítica de reconhecer, escolher e modificar histórias.
A crise climática não é um problema com uma, mas com muitas soluções. Tampouco existe um único salvador, senão diversos protagonistas engajados nessa luta. Em 2019, a ativista climática sueca Greta Thunberg disse que devemos adotar um “pensamento de catedral”, e acrescentou: “Precisamos estabelecer os alicerces antes mesmo de sabermos como será exatamente o teto”. A escritora de ficção especulativa Octavia Butler incluiu o seguinte trecho em um de seus ensaios:
“OK,” desafiou o jovem. “Então, qual é a resposta?”
“Não existe uma,” eu lhe disse.
“Não tem resposta? Quer dizer que estamos condenados?” Ele sorriu como achando que aquilo pudesse ser uma piada.
“Não”, eu disse. “Quero dizer que não existe uma única resposta para resolver todos os nossos problemas futuros. Não existe truque de mágica. Existem, pelo contrário, milhares de respostas — no mínimo. Você pode ser uma delas, se assim quiser.”
Matéria publicada na edição impressa #85 em setembro de 2024.
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