Literatura infantojuvenil,

Leitores de carteirinha: outubro 2023

Jovens frequentadores de bibliotecas comunitárias resenham seus livros preferidos

30set2023 | Edição #74

Pedro Vieira de Miranda, 12 —  Santa Luzia (MG)

Scott Cawthon e Kira Breed-Wrisley. Olhos prateados: Five Nights at Freddy’s 1.
Tradução de Glenda D’Oliveira • Intrínseca • 368 pp • R$ 59,90

Olhos prateados: Five Nights at Freddy’s 1, o primeiro livro da trilogia, é uma história de terror, suspense e assassinatos em série. Baseado nos jogos feitos por Scott Cawthon, fala sobre Charlie, filha de Henry, um dos fundadores da Pizzaria Freddy Fazbear, juntamente com William Afton.

Charlie havia saído de Hurricane, sua cidade natal, depois do desaparecimento misterioso de Michael Afton, filho de William, e volta depois de alguns anos por causa de uma homenagem a Michael. Depois de encontrar seus amigos de infância, eles decidem explorar a agora abandonada pizzaria. Depois de muitos momentos de nostalgia, eles encontram ali a sala de controle dos animatrônicos e, por um movimento em falso do amigo John, os animatrônicos que estavam danificados voltam a funcionar.

Pesadelo

Charlie tem seu braço rasgado por Foxy, um dos animatrônicos, e observa que os olhos de todos estavam vazios, com um ponto branco no lugar da pupila. O que era para ser um momento de recordação vira um pesadelo. Depois desse episódio, Charlie acorda junto a John, e isso traz um pouco de romance à obra, pois os dois tem uma conversa bem íntima.

O livro retrata com detalhes os momentos de pânico vividos na pizzaria — parece que estamos vivendo a história juntamente com os personagens. Dá um frio na barriga. A trama é muito boa e de fácil compreensão, mas, como já joguei os jogos de Five Nights at Freddy’s, é meio triste saber que esta é uma de suas últimas obras. As aventuras dentro da Freddy’s foram horripilantes e, ao mesmo tempo, emocionantes. Adorei e recomendo a todos. 

Gabriel Henrique N. da Silva, 12 — Salvador (BA)

Oliver Jeffers. O coração e a garrafa.
Tradução de Rui Lopes • Salamandra • 32 pp • R$ 60

Quando peguei o livro na biblioteca, gostei muito porque ele tem uma capa legal. No final, achei o livro incrível. Li com minhas irmãs. Fiquei um pouquinho triste com a história. É sobre uma menina que fazia muitas coisas divertidas com seu avô. Passeavam, conversavam, liam livros, contavam as estrelas. Ela nunca estava sozinha. Sempre sorrindo. Mas uma coisa muito ruim aconteceu: a menininha não encontrou seu avô sentado na cadeira.

Ela fecha o coração e o guarda em uma garrafa. Tinha medo de que, se gostasse de mais alguém, poderia perdê-lo novamente

A menina ficou muito triste, ela não fazia mais as coisas como antes. Fiquei triste na parte em que a menina para de brincar, de olhar as estrelas… Ela fecha o coração e o guarda em uma garrafa. Seu coração estava fechado para as outras pessoas. Ela tinha medo de que, se gostasse de mais alguém, poderia perdê-lo novamente.

Depois de alguns dias ela decidiu quebrar a garrafa para aproveitar as coisas do mundo, mas a garrafa não abria. “Foi aí que alguém mais pequeno, e ainda com grande curiosidade acerca das coisas do mundo, se lembrou de que talvez conseguisse encontrar uma solução.” Ela deixou que outra pessoa entrasse em seu coração. Com um gesto de bondade, amizade e amor, ela libertou o coração da garrafa. Voltou a sorrir e a fazer as coisas. Entendeu que as pessoas de que gostamos sempre estarão em nossos corações. Então nem a cadeira nem seu coração estavam mais vazios.

Ana Clara da Silva dos Santos, 15 — Paraty (RJ)

Equipo Plantel. O que são classes sociais?
Ilustrações de Joan Negrescolor • Tradução de Thaisa Burani • Boitatá • 52 pp • R$ 48

O livro aborda de modo claro o conceito de classes sociais, mostrando como a sociedade capitalista se estrutura.

Através das classes sociais, o capitalismo deixa o rico mais rico e o pobre mais pobre. Estamos tão ocupados tentando comer e sobreviver que não refletimos sobre nossa situação de desigualdade social. Vemos que o trabalho é a fonte de tudo, literalmente; já pensou se um dia deixassem de existir trabalhadores? Quantas produções em massa perderíamos? 

Precisamos repensar o modo como as classes vivem e exigir nossos direitos. Assim, talvez, a desigualdade deixe de existir

Em algum momento da história da sociedade, certos grupos conseguiram dominar a maioria das pessoas que trabalhavam. Se voltarmos no tempo, perceberemos que isso é algo constante. Quem faz a riqueza não é rico!

A classe alta sempre vai ser a classe alta. A classe média talvez não seja a alta, mas não é a baixa. E a classe baixa tem tantas questões para resolver (saúde, moradia, alimentação) que, recebendo o mínimo e trabalhando o máximo, não sobra nada para pensar em se tornar classe média algum dia.

Foi a primeira vez que li algo do tipo. A sensação foi de choque e de poder. Choque porque sou da classe trabalhadora; e sensação de poder porque ela é a classe que, unida, pode mudar a realidade. Precisamos repensar o modo como as classes vivem e exigir nossos direitos. Assim, talvez, a desigualdade deixe de existir no futuro.

Nota da redação
A Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC) é um dos projetos mais importantes de articulação entre leitores e bibliotecas no Brasil. Publicamos aqui resenhas de livros escolhidos por três jovens que frequentam a Biblioteca Comunitária Corrente do Bem (MG), a Biblioteca Comunitária Padre Alfonso Pacciani (BA) e a Biblioteca Comunitária Terra e Mar (RJ). Contamos com eles para manter acesa a chama da leitura! Conheça e saiba como apoiar a Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias no site rnbc.org.br e a ONG Vaga Lume no site vagalume.org.br.

Quem escreveu esse texto

Pedro Vieira de Miranda

Tem 12 anos, estuda em Santa Luzia (MG).

Gabriel Henrique N. da Silva

Tem 12 anos, estuda em Salvador (BA).

Ana Clara da Silva dos Santos

Tem 15 anos, estuda em Paraty (RJ).

Matéria publicada na edição impressa #74 em setembro de 2023.