Listão da Semana,
Listão da semana: Sérgio Sant’Anna inédito e mais 5 lançamentos
‘A dama de branco’, romance da argentina Selva Almada, relatos orais do Onze de Setembro, crônicas de J. P. Cuenca e mais
20ago2021 | Edição #48Chegam nesta semana às livrarias textos inéditos (uma novela e cinco contos) de um dos grandes intelectuais brasileiros mortos pela Covid-19. No conto “A dama de branco”, que dá nome ao livro e foi seu último publicado em vida, Sérgio Sant'Anna reflete sobre reclusão e morte em tempos pandêmicos. O escritor trabalhou até o fim — e nunca deixou de experimentar.
Completam a seleção um romance da argentina Selva Almada, relatos orais do Onze de Setembro, crônicas de J. P. Cuenca, a história do time londrino que inspirou o Corinthians e uma antologia de contos russos para crianças.
Viva o livro brasileiro!
A dama de branco. Sérgio Sant’Anna.
Companhia das Letras • 192 pp • R$ 59,90
O conto que dá título ao livro foi o último texto publicado pelo escritor, que morreu em maio de 2020, vítima do coronavírus. Ele descreve um narrador que, no início da quarentena, observa uma vizinha que sai de madrugada para dar uma volta no estacionamento, o que cria uma estranha cumplicidade entre eles. O volume reúne mais dezesseis contos (sobre a solidão, a memória, o desejo) e uma novela que ele deixou inacabada.
Leia também: Irônico e inovador, Sérgio Sant’Anna não virou medalhão da literatura brasileira — e não estava nem um pouco preocupado com isso.
Ouça também: Sérgio Sant’Anna foi um dos convidados do podcast 451 MHz em 2019, quando celebrou cinquenta anos de carreira literária.
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Não é um rio. Selva Almada.
Trad. Samuel Titan Jr. • Todavia • 96 pp • R$ 49,90/34,90
O novo romance da escritor argentina trata da complexa relação de amizade entre dois cinquentões, Enero Rey e Negro, que levam um rapazinho, Tilo, para pescar uma arraia — o que constitui uma espécie de rito de passagem da adolescência para a idade adulta naqueles grotões. Tilo é filho de Eusebio, um homem que morreu afogado anos antes, e grande companheiro dos dois velhos. Os três bebem vinho, cozinham, falam, dançam e sempre voltam ao fantasma do afogado, personagem-chave da trama. Autora de romances, contos e obras de não ficção, Selva Almada esteve no Brasil em 2018 para participar da 16ª Festa Literária Internacional de Paraty em uma conversa com a filósofa Djamila Ribeiro e a poeta Bell Puã.
Não é um rio é o livro de agosto do Clube 451, no qual todo mês os assinantes recebem a revista impressa e um livro recém-lançado escolhido por nossos editores.
Leia também: A linguagem global da misogonia é o tema central da obra da argentina Selva Almada, que tira do anonimato três casos de feminicídio.
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O único avião no céu: uma história oral do 11 de setembro. Garrett M. Graff.
Trad. Júlia de Bassi e Érico Assis • Todavia • 560 pp • R$ 99,90/54,90
Mais Lidas
Com base em documentos tornados públicos recentemente e em mais de quinhentas histórias orais recolhidas nos últimos dezessete anos junto a funcionários públicos, bombeiros, sobreviventes, amigos e familiares das vítimas, o historiador e jornalista perpassa um dos acontecimentos mais marcantes do século. Graff joga luz não apenas na tragédia que nos assolou, mas também nos heróis que emergiram das cinzas.
Garrett Graff Andy Duback/Divulgação
Leia também: Livros retratam os atentados de Columbine e Realengo sem recorrer à simplificação das abordagens sensacionalistas e dos bodes expiatórios.
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Qualquer lugar menos agora: crônicas de viagem para tempos de quarentena. J. P. Cuenca.
Record • 240 pp • R$ 44,90
O novo livro do escritor e cineasta carioca é seu primeiro publicado pela editora Record, que contratou também um romance autobiográfico sobre a perseguição jurídica que a Igreja Universal promove contra ele em razão de um tuíte satírico (“O brasileiro só será livre quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último pastor da Igreja Universal”). O volume de crônicas versa sobre os costumes nos bares de Tóquio, as músicas lentas nas pistas de dança em Cabo Verde, as raposas de Berlim, o Parque Chas em Buenos Aires, as manifestações em Paris, o mototáxi em Mossoró, os bolivianos desempregados em São Paulo, os palestinos de Gaza, a viagem de trem entre Paris e Milão, os karaokês em Bangkoc e o menor clube de jazz do mundo em Nova York.
Leia também: A primeira, a segunda e a terceira parte das crônicas da quarentena de J. P. Cuenca publicadas na Quatro Cinco Um.
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Corinthian: a mais bela história do futebol mundial. Chris Watney e Tomás Rosolino.
Meu Timão • 160 pp • R$ 38,90
O historiador inglês e o jornalista brasileiro se juntam para contar a trajetória do Corinthian FC, tradicional time de futebol de Londres cujo sucesso entre o fim do século 19 e o início do século 20 deixou sementes em várias partes do planeta. O Real Madrid, da Espanha, joga de branco em sua homenagem. No Brasil, suas vitórias em uma excursão de 1910 levaram um grupo de operários a chamar de Corinthians o clube que estava fundando. Mas os feitos esportivos são apenas uma parte da história do Corinthian original, uma equipe marcada pela guerra e um símbolo de resistência à mercantilização do esporte mais popular do mundo.
Leia também: Três livros mostram a formação e a evolução dos grandes clubes na cidade de São Paulo.
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Contos russos juvenis. Daniela Mountian (org.).
Trad. Irineu Franco Perpetuo, Moissei Mountian e Tatiana Larkina • Ils. Fido Nesti • Kalinka • 402 pp • R$ 79,90
A antologia reúne quinze contos destinados às crianças produzidos a partir do reinado da imperatriz Catarina 2ª (que, aliás, assina o primeiro texto da coletânea). Os textos oferecem um painel das transformações temáticas e formais da literatura russa ao longo de quase 150 anos (mais precisamente, de 1781 a 1928). Merece destaque também o prefácio, em que Daniela Mountian descreve de forma muito instrutiva a evolução da literatura infantojuvenil na Rússia.
Ilustração de Fido Nesti
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Matéria publicada na edição impressa #48 em junho de 2021.
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