A loucura segundo B. Labatut e mais 10 lançamentos

Uma mulher acredita fervorosamente que seus desconhecidos romances autopublicados são alvo de plágio por parte de diversos escritores best-sellers, e se baseia em números, gráficos e conceitos científicos para sustentar sua tese paranoica. Ela é uma das personagens (reais) do novo livro de Benjamín Labatut, A pedra da loucura, sobre a dualidade entre razão e loucura. “O resultado final de suas operações é um emaranhado que hipnotiza e confunde, um estranho feitiço composto de uma série de coincidências misteriosas, dados e números que não têm nenhuma relação entre si, amalgamados para criar uma ordem que é extraordinariamente sedutora”, escreve ele no livro que chega nesta semana às livrarias brasileiras — e que conversa bastante com o Brasil pós-eleições. Labatut é um dos convidados da Flip 2022.

Completam a seleção da semana ensaios de Leyla Perrone-Moisés sobre José Saramago, um longo poema de Cida Pedrosa, o romance de Taiane Santi Martins que venceu o prêmio Sesc de Literatura, a estreia de Thiago Camelo no romance e relatos sobre a luta de transgêneros brasileiros em busca de seu espaço social.

Viva o livro brasileiro!

 

A pedra da loucura. Benjamín Labatut.
Trad. Mariana Sanchez • Todavia • 72 pp • R$ 49,90

Finalista do Booker Prize de 2021 com o livro Quando deixamos de entender o mundo, o escritor chileno (nascido na Holanda) Benjamín Labatut reflete sobre o caos e a loucura em dois ensaios sobre as obras de cientistas como David Hilbert e escritores como Lovecraft e Philip K. Dick. Labatut expõe as metamorfoses da experiência humana e as crises políticas recentes, como a explosão social no Chile em 2019.

Leia também: Livro inclassificável de Benjamín Labatut virou fenômeno editorial ao misturar ficção e biografias de grandes nomes da ciência.

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As artemages de Saramago. Leyla Perrone-Moisés.
Companhia das Letras • 160 pp • R$ 69,90

A tempo do centenário de José Saramago, comemorado em 16 de novembro, chega às livrarias a coletânea de ensaios de Leyla Perrone-Moisés, professora emérita da Universidade de São Paulo (USP), sobre o ganhador do Nobel de Literatura de 1998. Autor de clássicos como Ensaio sobre a cegueira, O evangelho segundo Jesus Cristo, Memorial do convento e Todos os nomes, o escritor português conseguiu a proeza de atrair o respeito da crítica especializada e, ao mesmo tempo, conquistar um vasto público leitor nos países em que foi publicado. “Artemages”, segundo Saramago em Manual de pintura e caligrafia, era como as pessoas do Alentejo chamavam as artes mágicas.

Leia também: José Saramago escreve sobre racismo e xenofobia na tribo literária.

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Araras vermelhas: poesia. Cida Pedrosa.
Companhia das Letras • 144 pp • R$ 64,90

Cida Pedrosa faz um longo e doloroso poema sobre a Guerrilha do Araguaia, que descreve a luta e a morte dos militantes que enfrentaram a ditadura militar entre 1972 e 1974. O texto entrelaça memórias pessoais, acontecimentos históricos e referências culturais das décadas de 60 e 70. Pedrosa é autora de Solo para Vialejo, vencedor do prêmio Jabuti 2020 nas categorias Livro do Ano e Livro de Poesia.

Leia também: Em entrevista, Cida Pedrosa fala sobre o prêmio Jabuti, a infância e o imaginário em torno do Nordeste.

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Mikaia. Taiane Santi Martins.
Record • 272 pp • R$ 54,90

A escritora gaúcha narra nesse romance, que conquistou o prêmio Sesc de Literatura, o drama de uma bailarina que, prestes a entrar no palco, sofre uma amnésia repentina. Passado durante a guerra civil em Moçambique, o romance é centrado na dualidade de sua busca pela memória enquanto as mulheres ao seu redor tentam esquecer os horrores da guerra.

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Dia um. Thiago Camelo.
Companhia das Letras • 208 pp • R$ 69,90

Romance de estreia do poeta de Verão em Botafogo (2010) e Descalço nos trópicos sobre pedras portuguesas (2017), Dia um descreve a morte de um homem e o luto e a depressão vividos por seus familiares, que se sentem culpados pelo desfecho. O autor também é letrista, tendo composto uma música com o irmão, Marcelo Camelo, gravada por Gal Costa.

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Vidas trans: a luta de transgêneros brasileiros em busca de seu espaço social. Amara Moira, João W. Nery, Márcia Rocha e Tarso Brant.
Astral Cultural • 176 pp • R$ 49,90

Os quatro autores, pessoas trans, descrevem seu sentimento de inadequação pessoal em relação aos padrões sexuais existentes, as dores e os preconceitos vividos dentro e fora de suas famílias e a liberdade conquistada após a decisão. Eles relatam também o momento em que perceberam que havia algo diferente e o processo de transição.

Ouça também: Em episódio do podcast 451 MHz, os cineastas Coraci Ruiz, Fernando Grostein e Fernando Siqueira conversam sobre transição de gênero e aceitação.

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Vapt-vupt
+ novidades quentinhas

A gaveta e o abismo: contos de terror e burocracia. Gabriela Guimarães Gazzinelli.
Jabuticaba • 184 pp • R$ 35

A autora do romance Prosa de papagaio (2019), ganhador do prêmio Sesc, reúne 43 contos sobre os personagens e os objetos que povoam as burocracias.

A solidão do amanhã. Henrique Schneider.
Dublinense • 128 pp • R$ 59,90

Ganhador dos prêmios Paraná de Literatura e Mauricio Rosenblatt, o escritor gaúcho descreve a jornada de um ativista estudantil que, após deixar a prisão no Brasil, precisa fugir para o Uruguai.

Corpos benzidos em metal pesado. Pedro Augusto Baía.
Record • 112 pp • R$ 54,90

O livro reúne onze contos sobre personagens da região Norte do Brasil, entre eles uma vítima do garimpo, um repórter que investiga uma vítima quilombola e um homem contaminado por metal pesado.

Poiética [Cadernos]. Paul Valéry.
Trad. e Posf. Roberto Zular e Fábio Roberto Lucas • Iluminuras • 232 pp • R$ 98

A edição aumentada da Poiética tem passagens que iluminam as ideias de Valéry sobre estilo e criação artística.

Saudades do mundo: notícias da Antropofagia. Eduardo Sterzi.
Todavia • 240 pp • R$ 84,90

O professor de teoria literária da Unicamp retoma ideias de Oswald de Andrade para ampliar o conceito de antropofagia com aproximações ao tema que vão de Sousândrade a Eduardo Viveiros de Castro. 

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