A Feira do Livro, Ciências Sociais,

Climão de amor

O escritor e filósofo Renato Noguera e a cantora Letrux conversam sobre o mais nobre dos sentimentos hoje n’A Feira do Livro

11jun2022 | Edição #58

Renato Noguera, que gosta muito de falar sobre o amor, acaba de lançar um ensaio sobre a dor da morte. Em O que é o luto: como os mitos e as filosofias entendem a morte e a dor da perda (Harper Collins), o autor de Por que amamos e Mulheres e deusas usa narrativas de diferentes tradições — africanas, indígenas, ocidentais — para entender nossas emoções diante das perdas e propor uma ética (bastante amorosa, por sinal) para o luto.

Por que, agora, um livro sobre luto?
Eu ia publicar um outro livro sobre o amor, mas deixei para lançar depois. Eu me interesso muito por esse universo dos sentimentos, das emoções. Achei que era um momento oportuno para falar do luto por causa da pandemia. A pegada do livro é a mesma do Por que amamos. Falo de diferentes tradições para entender um pouco sobre como algumas culturas conseguem lidar com a morte sem pudor e sem vergonha, digamos assim. Apesar de a morte ser o carro-chefe do livro, luto também é quando a gente deixa de ser criança, perde o emprego, rompe um relacionamento.

O que podemos esperar do seu próximo livro?
Estou me debruçando sobre os formatos de relacionamentos. Um tipo de dicionário: o que é poligamia, poliandria, poliamor, que não monogamia é essa de que estamos falando? Há muito debate sobre a não monogamia, e eu me pergunto em que medida ela é possível, se seria para todas as pessoas ou só para algumas e, também, se é possível existir monogamia sem opressão.

Também tenho pensado sobre uma questão que chamei de “síndrome de Tinderela” — o complexo dos aplicativos de relacionamento que misturam uma fantasia romântica de alma gêmea com a insaciabilidade crônica de um self-service afetivo.

Como começou seu caso de amor com o amor?
Os conflitos amorosos estão no cerne da minha formação — e no da maioria das pessoas, acho. Aos 23 anos eu me deparei com a metafísica do amor sexual de Schopenhauer. Comecei a estudar o tema e, anos depois, dei o curso “Quatro lições sobre o amor”. Junto a tudo isso, um processo de separação me levou para a terapia — minha insatisfação afetiva era muito grande naquele momento. Mas meu caso de amor com o amor é para a vida inteira.

Quem escreveu esse texto

Iara Biderman

Jornalista, , editora da Quatro Cinco Um, está lançando Tantra e a arte de cortar cebolas (34)

Matéria publicada na edição impressa #58 em fevereiro de 2022.