Edgar Allan Pop

A ilustradora paulistana Veridiana Scarpelli, 40, é a autora da capa da edição 23. A missão: transpor para a cultura pop um autor clássico como Edgar Allan Poe (1809-1849), rememorado em duas recentes edicões críticas de O corvo — uma de Ivo Barroso, da SESI-SP, e outra de Paulo Henriques Brito, da Companhia das Letras. 

A linguagem não poderia ser outra que não o meme. A internet, aliás, já está povoada por inúmeras piadas baseadas no retrato mais famoso do escritor. 

Diante da sisudez de Poe e da atmofera soturna de O corvo, Scarpelli não teve dúvidas. A cara fechada do americano deu lugar a um sorriso maroto, tal qual a capa do álbum Chico Buarque de Holanda (1966).

Qual foi a ideia da capa? O editorial me disse que a matéria de capa seria ilustrada com memes, explorando o lado pop do Poe. Quando vi o retrato dele, com aquela cara séria, pensei na hora no meme do Chico Buarque. E funciona bem com o ponto central do poema O corvo. 

Que materiais utilizou? Foi 100% digital, mas com poucos recursos. Basicamente, photoshop, mesa digitalizadora e caneta de tablet.

Poe combina com pop? A coisa do pop é que ele é uma superfagia de tudo. O próprio meme mastiga e transforma o que quer que seja. Nesse sentido, é uma brincadeira boa, por mais distante que o Poe possa ser da cultura pop. Mas a própria pegada gótica dele ja tinha sido bem popularizada. A ideia do meme e do pop é isso: não é antropofágica, é informofágica. Tudo pode virar meme, piada, link.

Quais são seus próximos projetos? O Monteiro Lobato caiu em domínio público este ano e a FTD está preparando uma edição de Reinações de Narizinho. É o meu maior projeto agora. Tem também outro infantojuvenil que estou ilustrando para a Melhoramentos, e também  entreguei encomendas recentes para  revistas como Piauí e Serrote.

Embora eu não me considere uma ilustradora de nicho, o fato é que quanto mais livros infantis eu ilustro, mais as editoras me chamam para trabalhar com esse público. 

@veriscarpelli