A cobertura especial d’A Feira do Livro, que acontece de 14 a 22 de junho, é apresentada pelo Ministério da Cultura e pela Petrobras
MINISTÉRIO DA CULTURA E PETROBRAS APRESENTAM


A FEIRA DO LIVRO 2025,
‘O Trump deixa o Bolsonaro ir preso por quaisquer 50 pratas’, diz Celso Rocha de Barros
Cientista político divertiu o público com suas tiradas na versão ao vivo do podcast Foro de Teresina, que também teve parabéns para Ana Clara Costa
22jun2025A versão ao vivo do podcast Foro de Teresina foi um dos pontos altos do sábado (21) n’A Feira do Livro. O público disputou o espaço do Palco Petrobras e da praça Charles Miller para assistir aos jornalistas Fernando de Barros e Silva e Ana Clara Costa e ao cientista político Celso Rocha de Barros na mesa mais cheia do festival literário até o momento.
Seguindo aproximadamente a estrutura do programa semanal produzido pela revista piauí, o Foro na Feira contou com dois blocos — o primeiro sobre as eleições de 2026 no Brasil e o segundo sobre o governo de Donald Trump — e uma versão adaptada do quadro “Kinder Ovo”, em que os apresentadores tentam adivinhar quem é a figura pública por trás de um clipe sonoro. A mesa contou com a presença de figuras ilustres entre o público, como a atriz Lilia Cabral e a psicanalista e escritora Vera Iaconelli, e se encerrou com os espectadores cantando parabéns para Ana Clara Costa, a aniversariante do dia.
Trump e Bolsonaro
No segundo bloco, ao comentar as possíveis relações do governo Trump com as eleições de 2026 no Brasil, Celso Rocha de Barros soltou uma de suas tiradas ácidas e bem-humoradas, sua marca no programa. “O Trump deixa o Bolsonaro ir preso por quaisquer cinquenta pratas. O Bolsonaro não tem muito a oferecer ao Trump”, afirmou, sob risos da plateia, ao avaliar se o presidente norte-americano tentaria interferir de alguma forma no pleito.
Segundo o cientista político, apesar da ameaça de sanções a Alexandre de Moraes feita pelo secretário de Estado Marco Rubio, Trump não tem grande interesse no país no momento. “Para a gente é chocante ver essa ameaça do Rubio, mas os bolsonaristas estão um pouco decepcionados com o Trump. As conversas eram de que o Trump iria intervir militarmente, isso era discutido a sério. Estavam esperando um nível de intervenção na política brasileira muito maior”, afirmou.
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“O Trump não tem muito a ganhar fazendo isso. Ainda mais se alguém está dizendo para ele que o Tarcísio pode ganhar e que ele também é amigo. E o Lula também não está fazendo provocações. Não acho que ele vai intervir nas eleições, não tem muitos interesses dos Estados Unidos sendo contrariados, nem o Trump tem muitos negócios aqui. Onde ele deve intervir pesado é na regulação das redes”, completou.

Costa fez outra avaliação das ameaças de Rubio que podem ter impacto no cenário eleitoral brasileiro: a relação do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas com o Supremo Tribunal Federal (STF). “O Tarcísio desenvolveu uma relação próxima com o Alexandre de Moraes, até indicando para o governo estadual pessoas que ele julgava que iriam agradar ao Alexandre de Moraes, fazendo com que alguns vissem que o STF pudesse ter uma preferência pelo Tarcísio em 2026”, explicou.
“Com essa questão das sanções, isso mudou, porque eles sabem que para o Tarcísio receber apoio do Bolsonaro, ele vai ter que fazer muita coisa. Não sabemos se ele vai mesmo dar indulto e colocar o Bolsonaro na embaixada de Washington, mas essa questão das sanções dinamitou a preferência que o Tarcísio poderia ter no Supremo, porque ele teria que se equilibrar entre a garantia da anistia [a bolsonaristas] e a defesa do STF. Eles [ministros do STF] passaram a olhar o Lula como a melhor opção para 2022, disparado.”
Sucessão presidencial
O tema da sucessão presidencial já havia sido discutido no primeiro bloco, que tratou das disputas que têm dividido a direita.
“Se existe uma vantagem para a esquerda é que a direita está completamente em guerra. A gente às vezes tem a impressão de que eles têm um plano de voo muito definido, mas o que está acontecendo é uma guerra entre os filhos do Bolsonaro e a Michele e o centrão, que gostaria que o Tarcísio fosse o candidato. Porque os filhos do Bolsonaro e o entorno deles acredita que o Tarcísio não é bolsonarista o suficiente”, disse Costa.
Barros e Silva avaliou que “Tarcísio tem muitas variáveis a favor dele — ele vende a imagem de gestor eficiente, de que é duro com bandidos, tem apoio do PIB — mas ainda não tem o Bolsonaro”, e que o governador não se arriscaria a sair candidato a presidente sem esse apoio.
Para o apresentador do Foro, o presidente Lula ainda é um candidato viável. “A direita acha que Lula está fraco. Ele não está forte, mas também não está fraco. O governo tem instrumentos nesses dois anos para chegar lá.”
Kinder Ovo
Para encerrar a edição ao vivo do podcast, a diretora Mari Faria subiu ao palco para coordenar uma versão adaptada do “Kinder Ovo”. Em vez de tocar um clipe de áudio e os apresentadores terem que adivinhar de quem é a voz, ela escolheu três personalidades políticas e Costa, Rocha Barros e Barros e Silva tinham que fazer perguntas para descobrir suas identidades, mas só poderiam fazer perguntas nas quais a resposta pudesse ser “sim” ou “não”.
A plateia participou ativamente, soprando perguntas e chutando nomes. A primeira personalidade foi Dilma Rousseff, acertada por Ana Clara e Celso; a segunda foi o ex-deputado Tiririca, que Fernando adivinhou; e a terceira foi Gilberto Kassab, acertado por Celso, que fez piada que achava que era Kassab toda vez que Mari ficava na dúvida para responder — o político tem fama de costurar alianças à esquerda e à direita, participando de todos os últimos governos.
Antes do encerramento, Faria revelou ao público que era aniversário de Ana Clara Costa — “ela vai me odiar”, brincou — e o público puxou um “Parabéns a você” para a jornalista.

A quarta edição d’A Feira do Livro 2025 acontece de 14 a 22 de junho, na praça Charles Miller, no Pacaembu. Realizado pela Associação Quatro Cinco Um, pela Maré Produções e pelo Ministério da Cultura, o festival literário paulistano, a céu aberto e gratuito, reúne mais de duzentos autores e autoras do Brasil e do exterior em uma programação com mais de 250 atividades, entre debates, oficinas, contações de histórias e encontros literários. Confira a programação e outras notícias do festival.
A Feira do Livro 2025 · 14 — 22 jun. Praça Charles Miller, Pacaembu
A Feira do Livro é uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet – Incentivo a Projetos Culturais, Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos dedicada à difusão do livro e da leitura no Brasil, Maré Produções, empresa especializada em exposições e feiras culturais, e em parceria com a Prefeitura de São Paulo.
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JUNHO, 2025