O novo romance de Ian McEwan e mais 11 lançamentos

Um dos maiores romancistas da atualidade, o britânico Ian McEwan tem seu 17º lançado no Brasil nesta semana. Entre o vigor da juventude e o fardo da vida adulta, acompanhamos um protagonista seduzido pela professora de piano na adolescência e mais tarde abandonado pela mulher. Ao longo da narrativa, o autor aborda com minúcia os principais eventos históricos do século 20, da crise do Canal de Suez à epidemia de covid-19, dos porões da Gestapo ao Brexit.

Completam a seleção da semana um livro sobre a história do PT, uma análise sobre o nazifascismo, o romance premiado da francesa Clara Dupont-Monod, o primeiro livro do húngaro László Krasznahorkai publicado no Brasil, uma análise da exclusão racial brasileira e um livro infantojuvenil sobre Carolina Maria de Jesus.

Viva o livro brasileiro!

 

Lições. Ian McEwan.
Trad. Jorio Dauster • Companhia das Letras • 568 pp • R$ 119,90/ 49,90

Ganhador do Man Booker Prize de 1998, o escritor britânico Ian McEwan descreve o itinerário de um menino de onze anos desde a época em que vivia no internato, ao final da Segunda Guerra Mundial, até o sumiço de sua mulher, que o deixou sozinho com um bebê. A trama tem como pano de fundo os grandes eventos do mundo ocidental desde a segunda metade do século 20, como a guerra pelo Canal de Suez, a crise dos mísseis em Cuba e pandemia da covid-19.

“Como é característico de McEwan, o livro é também um relicário de toda sorte de referências clássicas, de citações em latim não traduzido da Eneida a versos de Beethoven em alemão. Uma delas chama a atenção”, escreve Marcelo Vicintin ao resenhar o livro. Leia o texto na íntegra.

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PT, uma história. Celso Rocha de Barros.
Companhia das Letras • 488 pp • R$ 94,90/ 39,90

O sociólogo Celso Rocha de Barros reconstitui em detalhe as origens do Partido dos Trabalhadores a partir de uma ampla gama de movimentos sociais urbanos e do novo sindicalismo do ABC. Ele descreve as diferentes correntes políticas que nele se abrigaram e seus conflitos, aponta o crescimento do partido e a profissionalização de seus quadros e comenta a polarização com o PSDB, os governos Lula e Dilma e o impeachment.
 
Trecho do livro:
“Em caso de vitória petista, estaremos diante de certa ironia histórica: para ser bem-sucedidos, Lula e o PT terão que realizar tarefas semelhantes às feitas por Ulysses Guimarães e o velho PMDB nos anos 1980. Na época, o PT passou dez anos se recusando a participar dessa grande aliança pelo alto. Agora, se vencer, esse é exatamente o tipo de acordo que Lula terá que conduzir. Quando o PT era radical e ʽbasistaʼ, entre ele e a direita autoritária havia a coalizão do PMDB, que garantia a democratização. Hoje não há ninguém entre o Partido dos Trabalhadores e a direita radical.”

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Crítica do fascismo. Alysson Leandro Mascaro.
Boitempo • 160 pp • R$ 53 

Alysson Leandro Mascaro examina as diferentes teorias e interpretações sobre o nazifascismo, apontando as diferenças entre as leituras liberais (Arendt, Eco, Mises, Hayek) e as marxistas (Poulantzas, Horkheimer, Pollock, Bettelheim, Pachukanis e Žižek). Seu objetivo é organizar uma teoria geral crítica a respeito desse movimento com base em um trajeto de reflexões que vem do século 20 até os dias de hoje. Mascaro é livre-docente em filosofia e teoria geral do direito pela Universidade de São Paulo.

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Se adaptar. Clara Dupont-Monod.
Trad. Diego Grando • Dublinense • 192 pp • R$ 59,90/ 42,90

O oitavo romance da escritora e jornalista francesa recebeu três prêmios importantes no último ano: Goncourt des Lycéens, Landerneau e Femina. Dupont-Monod descreve uma família que vê nascer um menino diferente, de olhos bem negros e “eternamente deitado”, e precisa se adaptar a essa nova situação. A história é narrada pelas pedras do muro da velha casa, que testemunham a relação do menino com seus três irmãos: o mais velho, que o adora e protege; a irmã do meio, que se revolta e quer proteger a família, e o mais novo, que cresce à sombra de memórias. 

Leia também: Diário dos irmãos Goncourt evoca o ambiente cultural e social em que nasceu o mais importante prêmio literário francês.

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Sátántangó. László Krasznahorkai.
Trad. Paulo Schiller • Companhia das Letras • 232 pp • R$ 89,90/ 39,90

Vencedor do Man Booker Prize de 2015, o escritor húngaro tem seu primeiro livro publicado no Brasil. O romance narra a chegada de um homem misterioso a uma aldeia onde a chuva não para de cair. Os moradores do povoado reúnem-se em uma taverna para aguardar o homem ao qual atribuem poderes extraordinários, que pode ser um profeta ou um vigarista. 

Leia também: Livro infantojuvenil húngaro completa 115 anos emocionando leitores de todas as idades.

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Resistência negra ao projeto de exclusão racial: Brasil 200 anos (1822-2022). Helio Santos (org).
Jandaíra • 440 pp • R$ 90

Trinta e quatro intelectuais analisam o legado de exclusão sistemática da população negra deixado pela escravidão, que se reflete até hoje em uma sociedade em eterno conflito e na qual a desigualdade é a regra. O volume traz contribuições de intelectuais como Conceição Evaristo, Sueli Carneiro, Cida Bento, Djamila Ribeiro, Cuti e Anielle Franco.
 
Trecho da apresentação, por Helio Santos:
“A Independência resultou num imenso fracasso se tomarmos em conta nossa fábrica de produção contínua de desigualdades. Temos aqui uma vastidão de condomínios de luxo que contracenam com cerca de 6,5 mil favelas. Aqueles oásis urbanos têm Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que rivaliza com os da Noruega e Dinamarca — países com economias reconhecidamente avançadas. Todavia, temos em 2022 — ano do Bicentenário — cerca de 33 milhões de pessoas passando fome”.

Leia também: Enciclopédia negra faz um trabalho de reparação histórica ao identificar figuras desconhecidas pela maioria dos brasileiros.

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Procura-se Carolina. Otávio Júnior. 
Ils. Isabela Santos • Yellowfante • 42 pp • R$ 54,90/ 38,90

Otávio Júnior narra a história de uma menina que não tinha muito interesse pela leitura até encontrar uma caixa cheia de livros da escritora negra Carolina Maria de Jesus. Inspirada pelas memórias da escritora, ela escreve um diário para falar de suas descobertas.

“O ponto de vista infantil que os livros trazem para os diários de Carolina suscitam em cada um de nós, leitores — principalmente os adultos —, olhares novos para a vida da escritora, que tantas vezes nos foi apresentada sob o viés da carência e do sofrimento, mas que agora é retratada como uma mulher que cantava, compunha e amava o Carnaval”, escreve Amanda Crispim Ferreira ao resenhar o livro. Leia o texto na íntegra.

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+ novidades quentinhas

Aos prantos no mercado. Michelle Zauner.
Trad. Ana Ban • Fósforo • 288 pp • R$ 69,90

Em seu livro de memórias, a vocalista da banda de rock Japanese Breakfast reflete sobre o luto de perder a mãe e de como a comida a trouxe de volta para a vida.

Circo-teatro: Benjamim de Oliveira e a teatralidade circense no Brasil. Erminia Silva.
WMF Martins Fontes • 440 pp • R$ 59,90

Biografia do ator, músico, dramaturgo e produtor Benjamim de Oliveira, que ampliou a presença do teatro nas apresentações circenses a partir de 1910.

Mulheres invisíveis: o viés dos dados em um mundo projetado para homens. Caroline Criado Perez.
Trad. Renata Guerra • Intrínseca • 400 pp • R$ 89,90/ 62,90

A escritora e jornalista britânica mostra o perfil sexista e racista de muitos estudos científicos que tomam como referência o homem branco.

Planta oração. Calila das Mercês.
Nós • 288 pp • R$ 55

Primeiro livro de contos da poeta e jornalista baiana, doutora em literatura pela Universidade de Brasília.

Voa baixo & dorme. Carla Diacov.
Macondo • 106 pp • R$44

Oitavo livro da poeta e atriz paulista. “Sua história é essa/ e passa por mim como um tiro/ que não me mata me atinge/ de raspão sua vida é essa/ passa por mim como se a minha/ dependesse de um erro”.

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Listão da Semana: confira os lançamentos de semanas anteriores