Listão da Semana,

O futuro ancestral de Ailton Krenak e mais 9 lançamentos

Quarto autor mais vendido da Flip 2022, Ailton Krenak lança seu ‘Futuro ancestral’ nesta semana

02dez2022 | Edição #64

Quarto autor mais vendido da Flip 2022 (atrás de Annie Ernaux, Maria Firmina dos Reis e Benjamín Labatut), Ailton Krenak lança nas livrarias de todo o Brasil seu Futuro ancestral nesta semana. Na coletânea de textos, o líder indígena defende a necessidade de nos ampararmos em saberes dos povos originários, historicamente desprezados, para que possamos nos reorganizar e sobreviver às desastrosas mudanças ambientais.  “Os rios, esses seres que sempre habitaram os mundos em diferentes formas, são quem me sugerem que, se há futuro a ser cogitado, esse futuro é ancestral, porque já estava aqui.”

Completam a seleção da semana ensaios etnográficos sobre as moradias brasileiras, uma coletânea de textos da artista Anna Maria Maiolino, contos do britânico Alan Moore, um estudo de Sergio Miceli sobre a sociologia da cultura, o pensamento de Vladimir Safatle a respeito da experiência estética e mais.

Viva o livro brasileiro!

 

Futuro ancestral. Ailton Krenak.
Org. Rita Carelli • Companhia das Letras • 128 pp • R$ 34,90

Nesta coletânea de artigos, o líder indígena e ativista socioambiental sustenta que resgatar a sabedoria dos povos originários é essencial para mostrar como a humanidade poderá sobreviver em um mundo às voltas com a catástrofe climática. Krenak é autor de A vida não é útil (2019), Ideias para adiar o fim do mundo (2020) e O amanhã não está à venda (2020), lançados pela Companhia das Letras.

Ouça também: Em episódio do podcast 451 MHz, Ailton Krenak fala sobre literatura indígena, capitalismo e os ataques do governo brasileiro aos povos da floresta.

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Casa-Mundo. Heloisa Pontes e Camila Gui Rosatti (org.).
Papéis Selvagens • 504 pp • R$ 65

O livro reúne dezesseis ensaios etnográficos sobre as moradias brasileiras e as formas como elas alicerçam a produção e a internalização de princípios hierárquicos, dispositivos classificatórios e mecanismos de subjetivação, enredados pelos marcadores sociais de gênero, classe, raça e geração. Os textos analisam a polaridade casa/rua de Roberto DaMatta, a produção coletiva da casa nas periferias, a domesticidade nas músicas da bossa nova e da tropicália, os imaginários da casa no cinema brasileiro e os problemas funcionais de uma casa projetada por Vilanova Artigas. 
 
Trecho do livro:
“O modelo de domesticidade demarcado pela estrutura arquitetônica é o da esposa na função de dona de casa e regente da organização do lar, auxiliada pela empregada doméstica e babá. Semelhante a outras moradias de vanguarda do período — como a icônica Casa de Vidro, que Lina Bo Bardi projetou para si, ou a casa que Flávio Império e Rodrigo Lefèvre projetaram para o sociólogo Juarez Brandão — e a despeito da crítica à “moral burguesa” (Bardi, 1950), a lógica de organização social da casa está irremediavelmente amparada na presença de empregados domésticos que dormem na residência”. 

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Digo e tenho dito. Anna Maria Maiolino.
Ubu • 112 pp • R$ 59,90

A artista plástica ítalo-brasileira (que tem obras nos acervos dos museus MoMA, Tate Modern, Malba, Reina Sofia, Centre Pompidou e Masp) reúne cinquenta textos que complementam a sua produção visual. O volume inclui anotações da artista, recordações sobre sua família e sua trajetória artística e poemas. Seus escritos são precedidos de ensaios de Paulo Miyada e Paloma Durante.

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Iluminações. Alan Moore.
Trad. Adriano Scandolara • Aleph • 552 pp • R$ 129,90

Autor de obras como Watchmen (ganhador dos prêmios Eisner e Hugo), Batman: a piada mortal, V de vingança e Do inferno, o escritor e roteirista britânico Alan Moore reúne neste antologia alguns contos até então inéditos em português. Nos textos, ele escreve sobre o motivo da grande explosão que deu origem ao nosso universo, os bastidores sujos da indústria dos quadrinhos das últimas décadas, um romance trágico entre integrantes de um bordel e charlatões confrontados com entes sobrenaturais. 

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A força do sentido. Sergio Miceli.
Apres. Sérgio Eduardo Sampaio Silva • Perspectiva • 96 pp • R$ 42,40

O sociólogo Sergio Miceli faz uma introdução ao pensamento de Pierre Bourdieu, grande especialista em sistemas simbólicos. Miceli expõe a relação entre as ideias do francês com as de Durkheim, Marx e Weber, discute as conexões entre as estruturas sociais e a existência prática de cada indivíduo e explica conceitos como habitus, produção do gosto e violência simbólica.

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Em um com o impulso. Vladimir Safatle.
Autêntica • 240 pp • R$ 64,90

Autor de O circuito dos afetos (2016), o professor titular da USP publica o primeiro volume de uma tríade dedicada à experiência estética, procurando entender as conexões entre a produção artística (notadamente as obras musicais dos séculos 18 e 19) e as expectativas de emancipação social.

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+ novidades quentinhas

Cenas de um pensamento incômodo: gênero, cárcere e cultura em uma visada decolonial. Rita Segato.
Trad. Ayelén Medail, Larissa Bontempi, Rita Paschoalin e Silvia Massimini Felix • Bazar do Tempo • 256 pp • R$ 74

A antropóloga argentina discute as relações de poder e opressão, os efeitos da violência colonial e patriarcal e as lutas feministas no mundo contemporâneo.

Da erótica, muito além do obsceno. Bocage.
Org. José Paulo Netto • Pref. Francisco Louçã • Boitempo • 272 pp • R$ 59

O volume reúne a literatura erótica bocagiana, que expressava uma revolta contra a hipocrisia social e religiosa do século 18.

Garotas em tempos suspensos. Tamara Kamenszain.
Trad. Paloma Vidal • Círculo de Poemas • 80 pp • R$ 54,90

O último livro publicado em vida pela poeta argentina evoca uma série de autoras e autores para refletir sobre as formas de ler a autoria feminina. 

Rainhas da noite: as travestis que tinham São Paulo a seus pés. Chico Felitti. 
Companhia das Letras • 256 pp • R$ 64,90

O livro narra a história de três travestis que comandaram o centro da cidade de São Paulo entre as décadas de 1970 e 2010.

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Quem escreveu esse texto

Marília Kodic

Jornalista e tradutora, é co-autora de Moda ilustrada (Luste).

Mauricio Puls

É autor de Arquitetura e filosofia (Annablume) e O significado da pintura abstrata (Perspectiva), e editor-assistente da Quatro Cinco Um.

Matéria publicada na edição impressa #64 em dezembro de 2022.