A psicanálise popular e mais 7 lançamentos

Distante da atividade vista como prolixa e burguesa dos consultórios, a psicanálise como disciplina politizada e voltada às classes trabalhadoras é destrinchada por Florent Gabarron-Garcia em Uma história da psicanálise popular (Fósforo), que chega nesta semana às livrarias brasileiras. O psicanalista francês rejeita o lugar-comum de que seria uma prática por e para as elites e perpassa os últimos cem anos da psicanálise como experiência política de resistência e engajamento direto nas transformações sociais.

Completam a seleção da semana textos inéditos de Lacan, o novo romance de Ana Paula Pacheco, a poesia completa de Paulo Mendes Campos e uma antologia de contos distópicos que abordam o racismo, além de outras novidades quentinhas.

Viva o livro brasileiro!

 

Uma história da psicanálise popular. Florent Gabarron-Garcia.
Trad. Célia Euvaldo • Pref. Christian Dunker • Ubu • 224 pp • R$ 69,90

O psicanalista Florent Gabarron-Garcia reconstitui a história dos momentos em que a psicanálise expôs seus compromissos com as classes trabalhadoras. Ela começa na União Soviética dos anos 20 com a experiência pioneira de Vera Schmidt com a psicanálise de crianças, passa pelas policlínicas de Viena e pela defesa de Wilhelm Reich de uma revolução sexual contra o fascismo e continua, após a Segunda Guerra, com a psicoterapia institucional de François Tosquelles e Jean Oury, com o grupo Plataforma, na Argentina, e com a “psicanálise heterodoxa” de Félix Guattari.

Leia também: Livro explora as heranças da escravidão brasileira e o racismo à luz da psicanálise.

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Nos confins do Seminário. Jacques Lacan. 
Trad. Teresinha N. Meirelles do Prado • Zahar • 112 pp • R$ 64,90

A coletânea reúne os textos anteriores ao Seminário 1 e posteriores ao Seminário 25 de Lacan, quase todos inéditos no Brasil. Em Sobre o homem dos lobos  estão as quatro lições que o autor dedicou ao célebre caso do aristocrata russo Serguei Pankejeff, paciente de Freud. O livro reproduz a carta endereçada aos membros da Escola Freudiana de Paris em janeiro de 1980, na qual Lacan anuncia a intenção de dissolvê-la; as cinco falas que proferiu em seguida, no Instituto Oceonográfico de Paris; e a última comunicação de Lacan, sobre seu “debate com Freud”, pronunciada em julho de 1980, um ano antes de morrer.

Leia também: O livro de memórias de Catherine Millot, que se analisou com Lacan enquanto era casada com ele.

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Pandora. Ana Paula Pacheco.
Fósforo • 136 pp • R$ 64,90/44,90

Neste romance experimental, Ana Paula Pacheco escreve sobre a dissolução mental de Ana, uma professora universitária de literatura recém-divorciada, que está às voltas com os dissabores provocados pelo confinamento decorrente da pandemia de Covid-19. Enquanto mantém uma relação paranoica com seu gato e um caso com seu psiquiatra, mergulha em três relacionamentos amorosos – o primeiro deles com uma jovem que desenvolve uma plataforma de prostituição on-line para ajudar as moradoras de uma ocupação habitacional. Pacheco é professora de teoria literária e literatura comparada na USP e autora de Lugar do mito (Nankin), sobre a obra de Guimarães Rosa.

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Poesia. Paulo Mendes Campos. 
Companhia das Letras • 512 pp • R$ 119,90

Celebrado por suas crônicas, Paulo Mendes Campos estreou na ficção com um livro de poemas, A palavra escrita (1951), ao qual se seguiu, em 1958, O domingo azul do mar. A partir da década de 60, a demanda por suas crônicas passou a tomar boa parte de seu tempo, mas a sua produção poética nunca cessou. Este volume reúne todos os livros de poemas que ele publicou e uma seleção dos poemas esparsos, do acervo do Instituto Moreira Salles, além de uma amostra de seu ofício como tradutor. 

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Friday black. Nana Kwame Adjei-Brenyah.
Trad. Rogério W. Galindo • Fósforo • 224 pp • R$ 69,90

Ganhador do Pen/Jean Stein Book Award, o escritor norte-americano desenha um panorama distópico dos Estados Unidos em doze contos, que abordam cenários como a disputa mortífera dos consumidores para conseguir suas mercadorias favoritas na Black Friday, o assassinato de cinco crianças negras na porta de uma biblioteca seguido do julgamento do perpetrador racista; e o atentado em uma escola que coloca a vítima e o algoz numa discussão post mortem no purgatório.

Leia também: José Saramago escreve sobre o racismo e a xenofobia no mundo literário.

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Vapt-vupt
+ novidades quentinhas

A era da incerteza: como os grandes gênios da física mudaram a maneira como vemos o mundo. Tobias Hürter.
Trad. Elisabete Koninger • Planeta • 352 pp • R$ 89,90

O doutor em matemática revisita a revolução na física no século 20, com as descobertas de Marie Curie, Max Planck,  Albert Einstein, Niels Bohr e Werner Heisenberg.

Antropologia cultural. Franz Boas.
Trad. José Carlos Pereira • Contexto • 288 pp • R$ 65

O antropólogo norte-americano analisa a evolução dos contos folclóricos e das mitologias, as interpretações da cultura e a ideia de futuro entre os indígenas. 

O avesso do bordado: uma biografia de Marco Nanini. Mariana Filgueiras. 
Companhia das Letras • 344 pp • R$ 119,90

O livro narra o itinerário do ator, que pisou no palco pela primeira em 1965 e, desde então, participou de mais de cem produções, do teatro clássico às obras de vanguarda. 

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