Literatura infantojuvenil, Rebentos,

Leitores de carteirinha: abril 2024

Jovens frequentadores de bibliotecas comunitárias resenham seus livros preferidos

01abr2024 • 04abr2024 | Edição #80
Ilustrações de Jan Limpens

Sabina de Farias Santos, 17 – Nova Iguaçu (RJ)

R. J. Palacio. Extraordinário.
Tradução de Rachel Agavino • Intrínseca • 320 pp • R$ 59,90/39,90

Em Extraordinário, muitas passagens foram emocionantes e me fizeram chorar muito, como quando Auggie, um menino com deformidade facial causada por uma síndrome genética, escuta o amigo Jack falando mal dele, ou quando ele vê que na foto da turma da escola alguns pais simplesmente o tiraram — e prefiro nem citar a morte de Daisy, a cadela de estimação de Auggie.

Mas o discurso de formatura do diretor Buzanfa (sim, esse é o nome dele) me despedaçou por dentro, pois além de mostrar a todos que Auggie era alguém extraordinário, também deu uma lição de moral em alguns pais e alunos preconceituosos que não o aceitavam na escola.

Ver a evolução de Auggie e ele ser aplaudido de pé por todos no final foi genuinamente lindo

O diferencial da autora R. J. Palacio foi levar a narrativa para os outros personagens, como Via (irmã de Auggie), Jack (melhor amigo), Summer e até o namorado de Via. Isso enriqueceu e construiu a história na totalidade, mostrando que não só a vida e perspectiva de Auggie eram importantes, mas também daqueles que o rodeavam.

Ver, ou melhor, ler a evolução de Auggie e como ele ficou emocionado ao ser aplaudido de pé por todos no final foi genuinamente lindo, e a frase dele sobre esse evento foi a que mais me marcou: “Toda pessoa deveria ser aplaudida de pé pelo menos uma vez na vida, porque todos nós vencemos o mundo”.

Miguel Machado Silva, 20 – Salvador (BA)

Raul Drewnick e Célia Kofuji. A grande virada.
Ática • 142 pp • R$ 80

O futebol é um dos esportes mais amados do mundo, em especial no Brasil. E Valéria, melhor amiga de Roseli e namorada de Rodrigo, é uma dessas amantes. Jovem, rebelde e também uma excelente jogadora de quinze anos, ela tem muita dificuldade em lidar com os pais, Vera e Henrique, que não aprovam as duas paixões da filha: os amigos e o esporte, do qual pretende ser profissional. Uma tragédia, porém, acaba mudando os rumos desse complicado jogo.

Quando o pai é assassinado num assalto, a relação entre mãe e filha fica ainda mais abalada, o que faz Val recorrer, junto aos amigos, a um perigoso mundinho apresentado pelo colega Sílvio Maluco: “a boca do dragão”. Aos poucos, Valéria, Roseli e Rodrigo experimentam os prazeres da maconha e a excitação dos rachas pelas ruas de Vista Alegre, mas aquilo que deveria ser só uma fuga rapidinha da realidade vira a regra. Notas baixas aqui, desempenho decadente ali, Val se envolve com um perigoso traficante e, descoberta pela polícia, é enviada para uma clínica de tratamento. Mesmo decepcionada, Vera arregaça as mangas para ajudar a filha, que encontra no futebol as bases necessárias para driblar o vício e golear o “Boca do Dragão Maconha Clube”. Mas será Valéria bem-sucedida em sua partida?

A grande virada é uma história realista, focada nos sentimentos, pensamentos e ações das personagens, trazendo temas sociais importantes com uma linguagem equilibrada, tanto sensível quanto dura. O enredo leva o leitor a refletir sobre a importância da família e dos verdadeiros amigos no enfrentamento de problemas atuais — em especial, a dependência das drogas —, e como o esporte, além de promover saúde e profissionalismo, pode aproximar as pessoas de quem elas realmente desejam ser. 

Quem escreveu esse texto

Sabina de Farias Santos

Tem 17 anos e estuda em Nova Iguaçu (RJ).

Miguel Machado Silva

Tem 20 anos e estuda em Salvador (BA).

Matéria publicada na edição impressa #80 em abril de 2024.