Literatura infantojuvenil,

Leitores de carteirinha: setembro de 2021

Jovens frequentadores de bibliotecas comunitárias resenham seus livros preferidos

01set2021 | Edição #49


 

André Phillipi dos Santos Oliveira, 15 – São Luís (MA)

William P. Young
A cabana.
Tradução de Alves Calado
Sextante • 240 pp • R$ 39,90

O livro de William P. Young provocou polêmica por retratar Deus de uma maneira diferente e se tornou um grande sucesso — uma adaptação do livro estreou no cinema em 2017.

O livro conta como Mackenzie Allen Phillips sofre uma perda irreparável durante uma viagem: sua filha mais nova, Missy, é sequestrada. Após uma mobilização de amigos e de autoridades, surgem evidências de que a menina teria sido assassinada numa velha cabana. Depois de quatro anos em depressão, Mack recebe um bilhete assinado por Deus, chamando-o para passar um fim de semana naquela cabana onde tudo aconteceu.

O homem vai ao local e lá encontra Papai — como Ele gosta de ser chamado — e tem conversas que mudam a sua forma de ver a vida. Muitos fazem a mesma pergunta: se Deus é bom, por que há tanta maldade no mundo? Essa é uma questão complexa. A dificuldade de encontrar uma resposta é a causa de muitas discordâncias entre as diversas religiões.

Imagem de Deus

O livro desconstrói a imagem que temos a respeito de Deus e faz críticas às religiões que deturpam algumas ideias para seu próprio benefício. Mas esse não é um livro que procura pregar a palavra de Deus. A trama dá a entender que o leitor crê, mas tem dúvidas. Mas mesmo quem não acredita pode ter questionamentos semelhantes. O livro se dispõe a oferecer respostas. Se alguém vai ou não ficar convencido, isso é outra história.

A cabana é um livro de ficção que proporciona reflexões e autoconhecimento e por isso vale a leitura. Isso explica o grande sucesso que alcançou: ele mudou a forma de muitas pessoas pensarem em Deus.


 

Lisandra Samara da Silva S. de Melo, 17 — Olinda (PE)

Sylvia Orthof.
Se as coisas fossem mães.
Ilustrações de Ana Raquel
Nova Fronteira • 24 pp • R$ 16,90

O livro Se as coisas fossem mães, da escritora Sylvia Orthof, com ilustrações de Ana Raquel, brinca com o título: tem momentos em que as personagens são baseadas em objetos e, em outros, em contos de fadas, sereias, bruxas, Lua e estrelas, de uma forma muito divertida e engraçada.

Se a chaleira fosse mãe? Se a chaleira fosse mãe, faria chá e remédio para curar as doenças da vida. Esse trecho me fez lembrar o que a mãe representa e que quando seus filhos ficam doentes ela faz de tudo para que eles melhorem logo.

Com poucas palavras o livro me fez sentir que tudo na nossa vida tem relação com a nossa mãe

O livro é bem educativo, com bastante informação, e reflexivo. Mesmo sendo curto, ele é bem legal e com poucas palavras me fez sentir que tudo na nossa vida tem relação com a nossa mãe, conseguindo, assim, transmitir muitos laços familiares.

É possível perceber como as mães são importantes e como elas são presentes em nossa vida. As mães sempre estão do nosso lado desde os primeiros passos, o primeiro emprego: quando conquistamos algo, elas sempre sonham conosco e nos apoiam. Um trecho que me chamou bastante a atenção é: “Se a terra fosse mãe, seria semente, pois mãe é tudo que abraça e ama a gente”. Considero que esse trecho transmite verdade e acredito que não há mais ninguém no mundo que nos ame como a nossa mãe.


 

Camily Vitória Souza Brandão, 15 – Duque de Caxias (RJ)

C. C. Hunter.
Eu e esse meu coração.
Tradução de Denise de Carvalho Rocha
Jangada • 424 pp • R$ 49,90

Eu e esse meu coração conta a história da Leah Mckenzie, uma menina de dezessete anos que não tem um coração. O que mantém Leah viva é um coração artificial que ela leva dentro de uma mochila. Infelizmente seu tipo sanguíneo é raro, o que torna difícil a possibilidade de um transplante. Até que o dia chega. Tem um coração disponível!

Leah descobre que o doador é Eric, um menino da escola que aparentemente se suicidou. Logo após o transplante, ela começa a ter sonhos muito estranhos, percebe que eles podem ter pistas do que aconteceu com Eric e resolve procurar Matt.

Sonhos parecidos

Matt não aceita de forma alguma que o seu irmão gêmeo (idêntico) tenha se matado. E, coincidência ou não, ele tem sonhos muito parecidos com os de Leah. Então os dois resolvem investigar para tentar descobrir o que realmente aconteceu com o seu irmão. E, no meio disso tudo, eles se apaixonam.

Eu, particularmente, amo esse livro! Todo o mistério envolvendo a morte de Eric te deixa roendo as unhas para saber o que aconteceu. O desenvolvimento dos personagens e o relacionamento deles são lindos de se acompanhar, bem como a forma como eles encontram amparo e refúgio um no outro em meio aos momentos difíceis que estão enfrentando A escrita da autora é envolvente e te prende do começo ao fim. E a protagonista também é uma leitora assídua. Então, se você é leitor, com certeza vai se identificar com ela!

Além disso, Eu e esse meu coração também vai te fazer refletir sobre um assunto de extrema importância, que é a doação de órgãos. Um livro lindo, apaixonante e emocionante.

A Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC) é um dos projetos mais importantes de articulação entre leitores e bibliotecas no Brasil. Publicamos aqui resenhas de livros escolhidos por três jovens que frequentam a Biblioteca Comunitária Casa das Histórias (SP), a Biblioteca Comunitária do Itae — Regina Célia Gama de Miranda (RJ) e a Biblioteca Comunitária Sorriso da Criança (CE). Contamos com eles para manter acesa a chama da leitura! Conheça e saiba como apoiar a Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias no site rnbc.org.br
Este texto foi realizado com o apoio do Itaú Cultural.

Quem escreveu esse texto

Camily Vitória Souza Brandão

Lisandra Samara da Silva S. de Melo

André Phillipi dos Santos Oliveira

Matéria publicada na edição impressa #49 em julho de 2021.