Literatura infantojuvenil,

Leitores de carteirinha: setembro 2022

Jovens frequentadores de bibliotecas comunitárias resenham seus livros preferidos

26ago2022 | Edição #61

Ana Júlia Teles Holanda, 17 – Fortaleza (CE)

Colleen Hoover. É assim que acaba.
Tradução de Priscila Catão • Galera • 368 pp • R$ 49,90

É assim que acaba é uma obra que retrata os sentimentos de uma mulher que está num relacionamento violento. A autora escreveu a obra baseada no casamento conturbado de seus pais. O livro é instigador em inúmeros aspectos: um deles é o título, que passa a ser compreendido na última fala.

O livro acompanha a vida de Lily Bloom, jovem que cresceu vendo seu pai ser agressivo com sua mãe e na vida adulta vive situação semelhante. No início do livro Ryle é apresentado, e a forma como ele e Lily se apaixonam é cativante. Quando chega o momento da primeira agressão é preciso ler algumas vezes para processar a informação. Logo ele se arrepende e ela assume parte da culpa. Aí descobrimos a infância de Ryle, e Lily o perdoa.

No meio do livro conhecemos a adolescência de Lily por meio dos diários que ela escrevia para fugir da realidade em sua casa, e é assim que os leitores são apresentados a Atlas. Gentil e protetor, seu primeiro amor encanta o leitor. Atlas passou por muitas dificuldades na juventude e contou com a ajuda de Lily. Vira um chef renomado.

Reencontro com Atlas

Quando Atlas e Lily se reencontram depois de adultos, o coração do leitor acaba sendo dividido, assim como o de Lily. Entre altos, baixos e outros episódios agressivos, Lily descobre que está grávida. Durante a gravidez é possível ver uma melhora na personalidade de Ryle, mas, pensando em sua filha, Lily decide se divorciar dele. É assim que acaba é uma obra emocionante e baseada na história de muitas mulheres espalhadas pelo mundo. Misturando drama e romance, Colleen Hoover envolve o leitor e mostra a difícil realidade de relacionamentos como o de Lily e Ryle.

Ananda Simões, 20 – Salvador (BA)

Antoine de Saint-Exupéry. O pequeno príncipe.
Tradução de Luiz Fernando • Emediato Geração Editorial • 160 pp • R$ 48

O pequeno príncipe traz um punhado de lições fantásticas a respeito de como levamos nossa vida, de como tratamos a quem amamos e do valor que depositamos em cada situação importante que acontece nesse processo.

Quando o pequeno príncipe decide percorrer um caminho onde o objetivo é conhecer cada planeta, ele compreende os esforços que são feitos diante de uma cobrança desleal, mas não admite abrir mão dos minutos e tampouco de passar esses minutos com quem ama. Afinal, até que ponto podemos abdicar das futuras lembranças por ambições presentes?

Conhecer alguém é tão fundamental quanto amar, mas estar completamente vulnerável e abrir mão de si em prol de uma relação não é só demonstrar afeto, mas abrir suas ações a um gesto de lealdade, já que o livro diz que “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.

E o que construímos é deixado como um legado, e nada melhor do que a amizade e a confiança, como o príncipe relata neste diálogo com a raposa: “Tu não és para mim senão uma pessoa inteiramente igual a cem mil outras pessoas. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo”. Afinal, ser leal é não apenas abrir mão de si, mas entender por qual motivo se retrata o porquê de estar sendo leal.

João Davi Pena Soeiro, 15 – Belém (PA)

Suzanne Collins. Jogos vorazes.
Tradução de Alexandre D’Elia • Rocco • 400 pp • R$ 54,90

A história se passa num futuro pós- -apocalíptico em Panem, onde vive Katniss Everdeen, uma menina inteligente que, após a morte do pai, tomou a responsabilidade de cuidar da casa e descobriu habilidades para assegurar a sobrevivência de sua família.

Ela é uma moradora do Distrito 12, o mais pobre dos distritos dos quais são recrutados um menino e uma menina para lutar até a morte em um jogo televisionado chamado “Jogos Vorazes”.

Na verdade a escolhida foi Prim Everdeen, mas, para proteger sua irmã, Katniss se ofereceu como voluntária para participar da disputa, juntamente com Peeta Mellark. Muito inteligente, Katniss sacou bem as regras do jogo e percebeu que jogar com a capital a seu favor lhe traria benefícios. Importante ressaltar que logo surge uma paixão entre os jovens do Distrito 12: será que eles vão ficar juntos?

Você deve se perguntar: por que tanta crueldade? Pois bem, os “Jogos Vorazes” foram criados para castigar uma revolução, para mostrar poder e manter o domínio sobre os distritos para que continuem trabalhando para sustentar os luxos da capital.

Este livro é emocionante: tem um roteiro excepcional que encerra uma grande crítica social e retrata as dificuldades atuais, tais como o modo como a classe dominante se diverte perante o sofrimento da classe subdesenvolvida e a desigualdade entre os distritos e a capital. 

A Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC) é um dos projetos mais importantes de articulação entre leitores e bibliotecas no Brasil. Publicamos aqui resenhas de livros escolhidos por três jovens que frequentam a Biblioteca Comunitária Professor Leônidas Magalhães (CE), a Biblioteca Comunitária Padre Alfonso Pacciani (BA) e o Espaço Cultural Nossa Biblioteca (PA). Contamos com eles para manter acesa a chama da leitura! Conheça e saiba como apoiar a Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias no site rnbc.org.br
Este texto foi realizado com o apoio do Itaú Social

Quem escreveu esse texto

Ana Júlia Teles Holanda

Tem 17 anos, vive em Fortaleza (CE).

Ananda Simões

Tem 20 anos, estuda em Salvador (BA).

João Davi Pena Soeiro

Tem 15 anos, estuda em Belém (PA).

Matéria publicada na edição impressa #61 em julho de 2022.