Literatura infantojuvenil,
Leitores de carteirinha: julho 2023
Jovens frequentadores de bibliotecas comunitárias resenham seus livros preferidos
01jul2023 | Edição #71Duda Batista, 14 – São Paulo (SP)
Djamila Ribeiro. Quem tem medo do feminismo negro?
Companhia das Letras • 120 pp • R$ 42,90
O livro Quem tem medo do feminismo negro?, escrito por Djamila Ribeiro, contém diversas histórias importantes para o Brasil. Ou pelo menos deveriam ser. O livro remete à ideia do feminismo negro, sua diferença em relação ao feminismo branco, as diversas falas machistas na televisão brasileira e os casos de racismo no país. Ela apresenta outras narrativas e o desfecho de todos esses assuntos.
A primeira parte é uma introdução sobre a infância e a vida da autora — que, segundo ela, foi bem triste e muito difícil por conta do racismo estrutural que nosso país vem enfrentando há muito tempo. Eu particularmente gosto bastante do jeito que ela fez o livro, com uma introdução e depois o relato de suas vivências.
A primeira parte é uma introdução sobre a vida da autora, que foi bem triste e difícil por conta do racismo
Ler as histórias e conhecer o posicionamento de uma mulher negra é muito diferente de assistir ao que é passado nos jornais. Isso me fez repensar muitas coisas do meu dia a dia. Por exemplo, ela cita o apresentador do programa The Noite, o “humorista” Danilo Gentili. Ele faz muitas “piadas” machistas, racistas, gordofóbicas em seus programas e shows.
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Depois da leitura, eu fico com algumas perguntas: será que só ele tem culpa pelo machismo explícito na tv? Ou será culpa das pessoas que o autorizam a fazer esse tipo de comentário? Será que o cancelamento é um caminho? Aí fica a pergunta para todos: quem tem medo do feminismo negro?
Matheus dos Santos Mendonça, 18 – Recife (PE)
Graciliano Ramos. A terra dos meninos pelados
Ilustração de Jean-Claude Ramos Alphen • Galera • 88 pp • R$ 54,90
O livro A terra dos meninos pelados, de Graciliano Ramos, conta a história de um menino diferente por causa da cor dos seus olhos e de sua cabeça pelada. Surgem várias situações em sua vida por causa de sua aparência, como ter que fugir de alguns garotos que o zoavam, entre outros problemas.
Certo dia aconteceu algo que ele não esperava: o menino fechou os dois olhos e não enxergou mais a rua, nem ouviu mais vozes. Ele surgiu em uma terra chamada Tatipirun, onde coisas estranhas sucediam. Carros, árvores, troncos, água e muitas outras coisas falavam com ele por onde passava. Mas em Tatipirun começaram a ocorrer situações parecidas com as que ele enfrentava na sua vida real.
O menino já tinha encontrado em Tatipirun outros meninos pelados e até fez amizade com eles
Depois de muito tempo nessa terra estranha, Raimundo (como é chamado o menino, personagem principal da história) percebeu que precisava ir embora. O garoto já tinha encontrado em Tatipirun outros meninos pelados e até fez amizade com eles, mas precisou se despedir. Raimundo pediu que se lembrassem dele, mas seus amigos queriam que ele ficasse, pois lá era um lugar bom.
Mas ele continuou com sua decisão de voltar para casa, dando adeus para todos. Chegando ao morro, perto de sua casa, percebeu que tudo tinha voltado ao normal: as cigarras cantavam normalmente e as crianças também brincavam normalmente.
Nota da redação
A Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC) é um dos projetos mais importantes de articulação entre leitores e bibliotecas no Brasil. Publicamos aqui resenhas de livros escolhidos por jovens que frequentam a Biblioteca Popular do Coque (PE) e o Ateliescola Acaia (SP). Contamos com eles para manter acesa a chama da leitura! Conheça e saiba como apoiar a Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias no site rnbc.org.br, na ONG Vaga Lume no site vagalume.org.br e o Instituto Acaia no site acaia.org.br.
Matéria publicada na edição impressa #71 em julho de 2023.