Literatura infantojuvenil,

Leitores de carteirinha: janeiro 2022

Jovens frequentadores de bibliotecas comunitárias resenham seus livros preferidos

01jan2022 | Edição #53

Helen Souza Ventura, 12 – Salvador (BA)

Roald Dahl.
O BGA: o Bom Gigante Amigo.
Ilustrações de Quentin Blake
Tradução de Angela Mariani
Bertrand Brasil • 224 pp • R$ 54,90

O livro conta a história de Sofia, garota órfã que é levada subitamente do seu quarto no meio da noite por um gigante, após ter sido vista por ele. Sofia pensou que tudo estava perdido, pois gigantes se alimentam de carne humana. Ao chegar à terra deles, ela descobre que o gigante que a sequestrou, para sua sorte, era nada menosque o BGA, o Bom Gigante Amigo, que passa o tempo caçando e distribuindo sonhos para que as crianças tenham noites felizes. Os dois se tornam bons amigos e se divertem juntos. Sofia fica preocupada com os gigantes malvados e chama o BGA para conversar: ela queria entender tudo o que estava acontecendo. Até que os dois decidem criar um plano para que os outros gigantes parem de comer humanos. O BGA e a menina vão à procura da rainha da Inglaterra para conversar. A rainha autoriza as forças armadas e aéreas a capturar e levar os gigantes para um lugar bem longe, e a se alimentar apenas de anabobrinhas.

Acho muito engraçada a maneira como o BGA fala. É como uma linguagem só dele

Outra parte que também me chamou a atenção no livro é a maneira como o BGA pronuncia as palavras, é muito legal: nogência, cheirozamente, malvadescos, magicante, borbolhantes. Risa disse é uma das que mais gostei. Eu acho muito engraçada a maneira
como o BGA fala. As palavras eram inventadas por ele, era como uma linguagem só dele. O livro é muito bom, e indico para todas as pessoas.

Cleto Vinícius, 17 – Olinda (PE)

Norberto Peixoto.
As flores de Obaluaê: o poder curativo dos orixás.
Legião Publicações • 192 pp • R$ 49

As flores de Obaluaê: o poder curativo dos Orixás foi escrito por Norberto Peixoto e publicado em 2018. O livro fala um pouco dos mitos dos orixás, inclusive de Obaluaê, e ainda mostra o poder curativo de cada orixá, assim como as raízes do culto aos orixás. A umbanda tem fundamento, mas é preciso cada vez mais estudá-la em sua multifacetada origem, rompendo os limites estreitos dos tabus. Eu me identifiquei muito com este livro.

Uma das coisas de que mais gostei é que ele faz você usar muito sua imaginação quando está contando um mito. Você cria aquela situação na sua mente e eu gosto muito disso. As ilustrações do livro são bem diferentes, mas muito lindas. Os mitos trazem uma imaginação boa, que pode demorar para acabar, vai passando para as páginas e só vai aumentando. O livro As flores de Obaluaê me ensinou a ter mais imaginação, me ensinou mais sobre a umbanda e, claro, sobre os orixás e o poder curativo de cada um deles.

A importância da biblioteca

Isso me lembrou uma mediação que fiz na Biblioteca Caboclo Girassol, da qual faço parte, com um livro chamado Mitologia dos orixás. Ler As flores de Obaluaê me fez querer estudar mais sobre a umbanda, sobre cada orixá. A Biblioteca Caboclo Girassol fica dentro de um terreiro de umbanda, em Olinda (PE), e é muito importante para mim e para os moradores do Bairro de Águas Compridas, pois
ela é uma biblioteca afrocentrada e lá todos nós podemos ter esse contato com essas histórias da ancestralidade africana.

A importância de ter uma biblioteca assim é que não só eu, mas todos os moradores podem aprender mais sobre os orixás e sobre a umbanda, quebrando vários tabus.

Daphine da Silva Moreira, 20 – Duque de Caxias (RJ)

Meg Cabot.
Tamanho 42 não é gorda.
Tradução de Ana Ban
Galera Record • 416 pp • R$ 54,90

Apesar do nome, Tamanho 42 não é gorda é um livro de suspense, sendo o primeiro de uma série de cinco livros. A protagonista, Heather Wells, é uma cantora que é dispensada pela gravadora. Logo em seguida ela perde o namorado e tem a sua situação
agravada quando sua mãe foge levando todo o seu dinheiro.

A escrita de Meg Cabot é leve e divertida, me fez devorar o livro, apesar de não ser meu gênero favorito

Porém, ela segue em frente, da maneira que pode. Arruma um emprego num alojamento (aqui há uma piada interna que você entenderá quando ler o livro) em uma faculdade de Nova York e vai morar num apartamento juntamente com o ex-cunhado. E segue sua vida normal, certo?

Errado! Em um belo dia comum, uma menina morre no conjunto estudantil em que ela trabalha. Dizem que a causa foi surfe no elevador, mas Heather discorda disso. Ela não acha que uma menina estudiosa e com boas notas faria uma coisa dessas e, diante disso, resolve investigar. O livro se passa ao redor desse assassinato. Cooper, seu ex-cunhado, a ajuda na investigação — vale ressaltar que ele é um detetive. O livro também mostra o clima que vai surgindo entre os dois, as recaídas dela com o ex-namorado e esse ciclo de amizade no local de trabalho.

A escrita de Meg Cabot é leve e divertida, me fez devorar o livro mesmo não sendo meu gênero favorito. O final vai deixar o leitor impressionado ou, como se diz: de boca aberta.

A Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC) é um dos projetos mais importantes de articulação entre leitores e bibliotecas no Brasil. Publicamos aqui resenhas de livros escolhidos por três jovens que frequentam a Biblioteca Comunitária do Arvoredo (RS), a Sala Son Salvador (MG) e a Biblioteca Espaço Literário Balaio de Leitura (RJ). Contamos com eles para manter acesa a chama da leitura! Conheça e saiba como apoiar a Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias no site rnbc.org.br
Este texto foi realizado com o apoio do Itaú Social.

Quem escreveu esse texto

Helen Souza Ventura

12 anos, estuda em Salvador (BA).

Cleto Vinícius

17 anos, estuda em Olinda (PE).

Daphine da Silva Moreira

20 anos, estuda em Duque de Caxias (RJ).

Matéria publicada na edição impressa #53 em outubro de 2021.