Literatura infantojuvenil,

Leitores de carteirinha: agosto de 2020

Frequentadores da Biblioteca Comunitária Aninha Peixoto (RS), do Espaço Literário Gigi Guerra (RJ) e da Biblioteca Comunitária Professor Arlindo Correa da Silva (MG) escolhem e resenham livros

01ago2020 | Edição #36 ago.2020

Érika, 18 – Porto Alegre (RS)

Rick Riordan. O ladrão de raios. Percy Jackson e os olimpianos: Livro um.
Tradução de Ricardo Gouveia
Intrínseca • 400 pp • R$ 44,90

O livro que eu li é de um filme de que gosto muito. Fala da vida de um semideus que não conhece seu pai, mas que também não sabe quem é. Com apenas doze anos, ele começou a  descobrir quem era. Quando eu li pela primeira vez, achei incrível e até chorei no final. A mãe de Percy Jackson, Sally, sofre com Gabriel, que é padrasto de Percy. O menino não gosta do Gabriel, porque ele bate em sua mãe. 

Senti uma conexão muito forte com o livro por Percy fazer de tudo para ajudar sua mãe

Em um passeio da escola, Percy descobre que seu melhor amigo, Grover Underwood, é um sátiro, um menino com pernas de bode. Nesse passeio, aparece uma fúria, uma das tormentas de Hades, que está à procura do raio mestre de Zeus. Após ouvir uma explicação da história Percy se pergunta se está ficando maluco. No acampamento meio-sangue, ele descobre  que é  filho  de Poseidon e que seu tio Hades queria matá-lo. Uma briga entre os deuses se formou por causa do raio mestre, que foi roubado por um semideus filho de Hermes. No final, Percy consegue devolver o raio para o seu tio Zeus e fica no acampamento, onde faz amigos.

Gostei muito desse livro, por sentir uma conexão muito forte por Percy fazer de tudo para ajudar sua mãe. Ele me mostrou que tudo pode ser diferente. Através da leitura, fecho os olhos e vejo um mundo melhor. Imaginar um mundo diferente, de fantasia, é bom.

Ellen, 16 – Duque de Caxias (RJ)

Mark Manson. Fodeu geral.
Tradução de Giu Alonso e Jaime Biaggio
Intrínseca • 288 pp • R$ 36,90/22,90

Fodeu geral me gerou um estalo que me fez repensar diversos assuntos, alguns espinhosos. Não com negatividade, olhei por outra perspectiva. Um dos poderes da escrita de Mark Manson é abordar temas difíceis com leveza e simplicidade. Diferente de sua primeira obra (A sutil arte de ligar o foda-se), nesta temos a sensação de que tudo se conecta. Seu emaranhado de estratégias é direto como um tapa; em meio a isso, o autor busca fundamentos em clássicos como Nietzsche, Kant, Durkheim e Freud. O principal é o quanto doamos de nós a cada vivência. Reforça também o conceito de que estamos materialmente avançados, mas mentalmente retardados. Soa negativo, né? Mas é isto: entender o lado negativo e trabalhar nele.

Esperança

Ler sobre desenvolvimento pessoal fez com que eu entendesse que sem lamento não há transformação. É necessário aprender sobre o nosso processo de metamorfose. Viver bem não se baseia na busca da alegria, e sim em aceitar as coisas como são e fazer o melhor que pudermos.

Mark retrata o crescer, o crer e o entender. Palavrinhas que se ligam e formam o que chamamos de esperança. A minha vem da certeza de que nada sabemos. E isso abre espaço para tanta coisa… Se nada sabemos, podemos conseguir o novo, inclusive a própria esperança, que está em tudo que acreditamos. Se olharmos bem, aprenderemos a correr menos e viver mais.

Foi a melhor leitura que fiz recentemente. O fato de se basear na ciência e na filosofia faz com que Mark escreva de maneira fiel à realidade sobre os motivos que nos levam a compreender que devemos buscar não só as coisas boas, mas nos permitir sentir as dores certas, transformá-las e persistir, pois a esperança é o caminho para a verdadeira felicidade.

Ana Luiza, 16 – Betim (MG)

Lygia Bojunga. A bolsa amarela.
Casa Lygia Bojunga • 104 pp • R$ 25,50

A bolsa amarela, de Lygia Bojunga, é um romance infantojuvenil de 1976, mas poderíamos dizer que ele foi escrito nos dias de hoje: sua história traz um relato que está tão presente que nem parece ter mais de quarenta anos. O livro apresenta a história de uma menina que, sem voz ativa em casa, tinha que reprimir suas vontades, que eram crescer, ser menino e ser escritora. O ponto principal da história é a chegada da bolsa amarela, na qual Raquel guarda suas vontades.

A história traz um relato que está tão presente que nem parece ter mais de quarenta anos

Com a ajuda da bolsa e de vários amigos imaginários, a história mostra como a personagem vai aprendendo a lidar com os conflitos da sua idade. O livro mostra a falta de voz ativa que as crianças têm na sociedade, a diferença de tratamento entre meninos e meninas e diversas outras questões. O livro também traz várias frases que nos levam a uma reflexão maior, como “Achei que devia ser bem ruim a gente viver sem espiar para fora”. Essa e outras frases nos lembram o cenário atual, em que tantas pessoas são coagidas a adotarem comportamentos moldados pela sociedade.

No decorrer da história, à medida que os conflitos e vontades vão se resolvendo, a bolsa passa a ficar mais leve. Assim, a protagonista descobre outros caminhos, muitas dúvidas vão se esclarecendo e ela aprende a lidar com as próprias vontades. No livro, a única vontade que não diminui é a de escrever, então ela continua escrevendo cada vez mais.

Este texto foi realizado com o apoio do Itaú Social

 

Quem escreveu esse texto

Érika Barbosa dos Santos

Estuda em Porto Alegre (RS).

Ana Luiza Moura Santos

Estuda em Betim (MG).

Ellen de Sousa da Motta

Estuda em Duque de Caxias (RJ).

Matéria publicada na edição impressa #36 ago.2020 em maio de 2020.