Literatura infantojuvenil,

Leitores de carteirinha: abril 2023

Jovens frequentadores de bibliotecas comunitárias resenham seus livros preferidos

01abr2023 | Edição #68

Miriam Samara F. dos Santos, 16 – Belém (PA)

Anna Sewell. Beleza negra.
Tradução de Camila Fernandes • Wish • 256 pp • R$ 82

Beleza negra conta a história de um potrinho que vivia com a mãe, Duquesa, que o chamava de “meu amor”. O avô dele era um cavalo de corrida muito conhecido no país, e a avó era a égua preferida de seu dono (seu pai foi vendido antes de ele nascer). Duquesa o ensinou a ter boas maneiras e ser sempre educado. Cresceu rápido e bonito, todo negro, exceto por uma das patas, que era branca, e um sinal na testa em forma de estrela. Chegou então o dia em que seu novo dono veio buscá-lo. Sua mãe lhe desejou uma vida longa e feliz.

Novo dono

Enfim eles chegaram a Birtwick Park. “Que beleza de cavalo, senhor Gordon!”, disse James. “Como ele se chama, senhor?” Gordon respondeu: “Ele é mesmo uma beleza, James. Talvez devêssemos chamá-lo assim mesmo: Beleza”. “Que tal Beleza Negra, senhor Gordon?” Gordon gostou da ideia.

Tempos depois apareceu um trabalho a fazer: dona Margareth ficou doente e eles precisaram buscar a ajuda do dr. Douglas, que morava muito longe. Dona Margareth foi salva, mas Beleza Negra ficou doente. Chamaram um veterinário para examiná-lo, e ele disse que para salvá-lo seria preciso fazer uma sangria. “O senhor pode fazer a sangria e tudo mais que o senhor considerar necessário. Beleza Negra é muito importante para nós, ele salvou a vida da minha mulher”, disse Gordon. O pior passou e ele ficou fora de perigo. Mas teve a notícia de que seria vendido para outra família, por conta da saúde de dona Margareth.

Ele ficou muito, muito triste. Não gostou da nova família, que o maltratava bastante. Davam chicotadas. Decidiram vendê-lo em uma feira. Chegando lá, alguém se aproximou dele e disse seu nome. Ele o reconheceu de imediato: era John Baldwin, o ajudante de James! Eles se reencontraram e têm vivido juntos desde então.

Alessandra Ribeiro Rodrigues, 19 – Eldorado do Sul (RS)

Colleen Hoover. As mil partes do meu coração.
Tradução de Ryta Vinagre • Galera • 336 pp • R$ 54,90

O livro conta sobre Marit Voss e a sua família não muito normal, digamos. Ela mora com o pai, os irmãos e a madrasta, mas na casa vive também sua mãe, que lutou contra o câncer durante a infância de Marit e que permaneceu no imóvel mesmo com o marido tendo achado uma nova esposa. Ao longo da história vamos conhecendo os segredos dessa família atípica, assim como os segredos da própria Marit — desde sua obsessão por colecionar troféus que não ganhou até o porquê de ela cortar relações com a família.

Eu sou um pouco suspeita para falar sobre os livros da Colleen Hoover, pois já li todos. Porém As mil partes do meu coração se tornou um de meus favoritos. Quando comecei a ler a história e a conhecer a personagem principal, acabei entendendo melhor seus pensamentos.

Marit passou por épocas complicadas durante sua infância e adolescência. A comparação constante entre ela e a sua irmã gêmea, todos achando a irmã perfeita e Marit a rebelde, fez com que ela se sentisse inferior. Ela sofre depressão e narra como lutou para negar que sofria dessa condição. Foi triste acompanhar essa parte e ler sobre seus pensamentos suicidas.

Marit acabou se apaixonando pelo namorado da irmã: eles começaram a se conectar e a descobrir que tinham pensamentos parecidos. Mas Colleen não foi muito a favor do romance deles. Seu objetivo — que com certeza conseguiu atingir — era mostrar como uma família tão disfuncional se entende.
 

Nota da redação

A Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC) é um dos projetos mais importantes de articulação entre leitores e bibliotecas no Brasil. Publicamos aqui resenhas de livros escolhidos por jovens que frequentam o Espaço Cultural Nossa Biblioteca (PA) e a Biblioteca Comunitária Luli Luz (RS). Contamos com eles para manter acesa a chama da leitura! Conheça e saiba como apoiar a Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias no site rnbc.org.br e a ONG Vaga Lume no site vagalume.org.br.

Quem escreveu esse texto

Miriam Samara F. dos Santos

Tem 16 anos, estuda em Belém (PA).

Alessandra Ribeiro Rodrigues

Tem 19 anos, estuda em Eldorado do Sul (RS).

Matéria publicada na edição impressa #68 em março de 2023.