Literatura,

Onze lançamentos de setembro selecionados pelo editor do Listão

Gramsci, Manguebeat e a história da tatuagem: uma seleção dos melhores títulos que estão nas prateleiras das livrarias neste mês

16set2019

A cada edição da Quatro Cinco Um, o Listão reúne centenas de lançamentos editoriais no Brasil em diversas áreas. Aqui, Mauricio Puls, editor dessas páginas, seleciona onze títulos que estão nas prateleiras das livrarias neste mês de setembro, com assuntos que variam dos pensamentos do filósofo itlaliano Antonio Gramsci à história da tatuagem no Brasil.

Karl Popper. O mundo de Parmênides: ensaios sobre o Iluminismo pós-socrático.

Ensaios sobre os pensadores pré-socráticos Parmênides, Xenófanes, Heráclito (o período “mais inventivo da filosofia grega”), que visam demonstrar que a história da epistemologia acabou sendo dominada, a partir da Aristóteles, “pelo que Parmênides teria chamado de via errada, a via da indução. Esta é também a principal razão pela qual estes ensaios também contêm uma refutação da indução”. ORG. Arne F. Petersen. TRAD. Roberto Leal Ferreira. Editora Unesp. 432 pp. R$ 82

 

Lúcio Kowarick. Trabalho e vadiagem: a origem do trabalho livre no Brasil.

Professor titular de ciência política da USP estuda a formação do mercado de trabalho livre no Brasil da etapa final da escravidão ao início do século 20 e as atuais condições de vida dos despossuídos no campo e na cidade. Editora 34. 168 pp. R$ 43

 

Diego Tavares dos Santos. A fábrica em que o sindicato nunca entrou: paternalismo industrial no ABC paulista.

Inspirado na obra do historiador E. P. Thompson, o sociólogo estuda a Termomecânica São Paulo, de Salvador Arena, adepto do liberalismo paternalista, cujos operários resistiam à mobilização sindical por mais direitos em razão da “benevolência” patronal. Alameda. 280 pp. R$ 48

 

Daniel L. Everett. Linguagem: a história da maior invenção da humanidade.

Linguista americano analisa a evolução da linguagem e sustenta que ela surgiu antes do Homo sapiens: “Ela não é um desenvolvimento relativamente recente, de digamos 50-100 mil anos de idade, que exclusivamente os Homo sapiens possuem. Minha pesquisa sugere que a linguagem começou com os Homo erectus, mais de um milhão de anos atrás, e tem existido por 60 mil gerações”. TRAD. Maurício Resende. Contexto. 400. R$ 79,90

 

Silvana Jeha. Uma história da tatuagem: do século 19 à década de 70.

A obra rastreia essa prática no Brasil desde os relatos sobre marinheiros no século 19, passando pelo estudo dos grupos sociais que a adotavam (soldados, africanos, imigrantes, trabalhadores, presos) e pela análise dos seus temas (afetos, crenças). Veneta. 352 pp. R$ 109,90

Elizabeth Ann Danto.
As clínicas públicas de Freud: psicanálise e justiça social, 1918-1938.

Após a Primeira Guerra, Freud disse que a psicanálise deveria ser um direito de todos. De 1920 a 1938, foram criadas clínicas gratuitas nas quais atuaram Karl Abraham, Sandor Ferenczi, Erich Fromm, Karen Horney, Melanie Klein, Anna Freud, Franz Alexander, Wilhem Reich, Otto Fenichel e Bruno Bettelheim. PREF. Jorge Broide. TRAD. Margarida Goldsztjn. Perspectiva. 422 pp. R$ 79,90

Lorena Calábria. Chico Science & Nação Zumbi: Da lama ao caos.

A ex-apresentadora do Metrópolis reconstitui a formação musical de Chico Science, as origens do Manguebeat e a criação do disco admirado por David Byrne. Cobogó. 212 pp. R$ 40

Leonardo Avritzer. O pêndulo da democracia.

Professor titular da UFMG explica as mudanças na conjuntura política de 2013 a 2018 como um período de regressão democrática marcado pela “movimentação da elite e da classe média contra a soberania popular e a ordem democrática”. Todavia. 208 pp. R$ 69,90

 

Coletivo Centelha. Ruptura.

Manifesto sobre a crise de um mundo que “não se governa mais”: “Só governos fracos são violentos. Eles têm de vigiar todos os poros, pois sabem que seu fim pode vir de qualquer lugar. Governos fortes são magnânimos, porque vislumbram tranquilamente sua perpetuação. O que se contrapõe a nós é fraco e desesperado. Ele cairá. É hora de fazê-lo cair”. N-1 Edições. 120 pp. R$ 40

  

Mariana Giorgetti Valente. A construção do direito autoral no Brasil: cultura e indústria em debate legislativo.

Uma reconstrução minuciosa da história do direito autoral desde 1917, com foco na regulamentação de 1973 (lei 5.988), no projeto Genoino de 1989 e na aprovação da lei 9.610 em 1998. PREF. José Eduardo de Oliveira Faria. APRES. Rosana Pinheiro-Machado. Letramento. 520 pp. R$ 72

Antonio Gramsci. O rato e a montanha.
Conto da tradição oral da Sardenha transcrito pelo filósofo em 1931, em uma das cartas que enviou da prisão para sua mulher, com o pedido de que ela o recon
tasse a seus filhos. Narra a história de um ratinho que, ao observar uma mãe que não consegue alimentar seu bebê, tenta solucionar os estragos causados pela guerra e pela degradação do meio ambiente.
ILS. Laia Domènech. Boitatá/Grupo Boitempo. 44 pp. R$ 49

Quem escreveu esse texto

Mauricio Puls

É autor de Arquitetura e filosofia (Annablume) e O significado da pintura abstrata (Perspectiva), e editor-assistente da Quatro Cinco Um.