Listão da Semana,

Violência de gênero

O que constrói e sustenta as violências contra as mulheres, pela argentina Rita Segato, os novos títulos de Colson Whitehead, Naomi Watts e mais lançamentos

23jan2025

O que constrói e sustenta as violências contra as mulheres, como o estupro, é o tema de As estruturas elementares da violência, de Rita Segato, que chega esta semana às livrarias. Nele, a antropóloga nascida em Buenos Aires e que morou em vários países, incluindo o Brasil, disseca a lógica da violência de gênero e seu papel na manutenção das hierarquias sociais. Também na seleção da semana, um novo livro passado no Harlem, do premiado escritor norte-americano Colson Whitehead; relatos sobre a menopausa, de Naomi Watts; um romance de Randall Kenan; a história da greve operária de 1917 em São Paulo, por José Roberto Walker; o romance de estreia de Allegra Hyde; a história da construção da capital mineira, por Ana Lúcia Duarte Lanna; um ensaio da filósofa espanhola Marina Garcés; poemas de Tatiana Azevedo; e mais novidades quentinhas.

Viva o livro brasileiro!

Veja os lançamentos de semanas anteriores.


As estruturas elementares da violência. Rita Segato.
Trad. Danú Gontijo // Bazar do Tempo // 360 pp // R$ 89

A antropóloga e professora argentina, autora de Crítica da colonialidade em oito ensaios: e uma antropologia por demanda (Bazar do Tempo, 2021), analisa a violência de gênero como um mecanismo estrutural que sustenta as hierarquias de gênero e de raça. Com base nos estudos de antropologia e direitos humanos, Segato explora a violência doméstica e geral, sua escalada mundial e a comunicação como ferramenta para quebrar sua propagação.

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As regras da trapaça. Colson Whitehead.
Trad. Petê Rissatti // HarperCollins // 400 pp // R$ 79,90

Vencedor de dois Pulitzer e do National Book Award, o autor estadunidense retoma o universo do romance Trapaça no Harlem (HarperCollins, 2021), em que empreende o encontro entre o protagonista Ray Carner e um ex-parceiro de crime, em meio à luta pelos direitos civis e a efervescência cultural dos anos 70.

“Green havia passado pela loja no outono de 1969 para se apresentar. Carney tinha clientes brancos — militares de carreira da vizinhança, universitários e jovens casais intrépidos em busca de aluguel barato e que não se intimidavam com a atual decrepitude do Harlem. No momento em que viu Green, soube que o jovem branco não era um deles. Estava no showroom, observando uma decoração de parede de Esme Currier, uma treliça de latão e aço sobreposta com uma série de crescentes esmaltados azuis e verdes. Examinou-a com uma haste dos óculos enfiada na boca, como se estivesse sobre o mármore frio de um museu.

— Eu adorei — disse Green, antes que Carney pudesse falar. — Posso levar para casa?.”

Leia o trecho na íntegra

Trecho de Colson Whitehead “As regras da trapaça”

Saiba mais sobre o livro

Leia também: Em novo romance, o escritor afro-americano Colson Whitehead narra a prisão de um adolescente negro nos anos 1960 para discutir o racismo no atual contexto político


Vou te contar: tudo o que queria que tivessem me falado sobre a menopausa. Naomi Watts.
Trad. Carolina Simmer // Best-Seller // 250 pp // R$ 69,90

A renomada atriz e produtora anglo-australiana compartilha, com humor e sinceridade, suas experiências com a menopausa e desmistifica tabus sobre o período que marca o declínio natural dos hormônios reprodutivos da mulher. Junto a relatos de outras mulheres e especialistas, Watts apresenta pesquisas, dicas e a complexidade emocional que acompanha o fenômeno.

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Uma visita dos espíritos. Randall Kenan.
Trad. André Czarnobai // Todavia // 296 pp // R$ 92,90

Romance de estreia do escritor e professor estadunidense Randall Kenan (1963-2020) originalmente publicado em 1989, mescla passado e presente em uma narrativa que tece o destino de um descendente de escravizados, no sul dos EUA. Apoiado pelo sobrenatural, o autor centraliza o jovem em busca das próprias origens, enquanto vasculha a melancolia e as lembranças familiares e tenta esconder segredos acerca de sua sexualidade.

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As boas famílias e os outros: as elites de São Paulo e a greve geral de 1917. José Roberto Walker.
Contexto // 256 pp // R$ 67

O historiador e escritor debate a greve operária ocorrida em São Paulo, em 1917, que durou sete dias e deu origem a um movimento popular emergente formado por trabalhadores. Walker elenca as reações de diversas camadas e grupos sociais, a participação da elite e da imprensa, além de compor um panorama histórico acerca dos eventos que desencadearam o estopim da greve.


Eleutéria. Allegra Hyde.
Trad. Cássia Zanon // Buzz // 304 pp // R$ 69,90

Eleito um dos melhores livros de 2022 pela revista The New Yorker, o romance de estreia da escritora estadunidense reflete sobre as dificuldades em manter a esperança em meio a uma era de teorias de conspiração, negacionismo, conflitos mundiais e catástrofe ambiental.


Histórias do meu avô. Ana Lucia Duarte Lanna.
Edusp // 184 pp // R$ 52

A historiadora e professora da FAU-USP conecta a trajetória individual de seu avô, um imigrante italiano em meio às mudanças sociais e modernizantes dos séculos 19 e 20 no Brasil, com a história, a construção da capital mineira e as consequências coletivas que isso gerou.


O tempo da promessa. Marina Garcés.
Trad. Silvia Massimini Felix // Âyiné // 76 pp // R$ 99,90

No ensaio, a filósofa e professora espanhola reflete sobre a ideia de promessa perante uma sociedade que teme o futuro e busca incessantemente o controle. A autora de Novo esclarecimento radical (Âyiné, 2019) examina esse laço e a fragilidade de prometer, propondo-a como ato de rebelião e valorização da palavra em tempos incertos.

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Existe a terra.Tatiana Azevedo.
7Letras // 72 pp // R$ 48

A pesquisadora e artista multidisciplinar reúne uma série de poemas que refletem sobre a presença das mulheres frente à luta política e na contramão dos discursos de gênero: “essa força carrega/ todas as dores do brasil/ mulher e negra e pobre/ a vida que passou não volta/ foi assim que chegamos até aqui”.


Vapt-vupt
+ novidades quentinhas

Trabalho intelectual e manual. Alfred Sohn-Rethel.
Trad. Elvis Cesar Bonassa // Pref. Olgária Matos // Boitempo // 280 pp // R$ 83
Principal obra do economista e filósofo alemão Alfred Sohn-Rethel (1899-1990), na qual discute a contradição entre o trabalho intelectual e manual.

Tormenta. C. J. Tudor.
Trad. Thaís Britto // Intrínseca // 336 pp // R$ 59,90 
Novo thriller da britânica, autora de O homem de giz (Intrínseca, 2018), narra a investigação de uma série de assassinatos ocorridos durante uma nevasca em uma cadeia montanhosa.

Políticas progressistas para o desenvolvimento econômico: diversificação econômica e inclusão social em tempos de mudança climática. Alfredo Saad Filho.
Contracorrente // 220 pp // R$ 100
O economista se baseia nos relatórios da Oxfam America sobre países que dependem do petróleo e sugere estratégias para superar a concentração econômica e fomentar a democracia.

Labirinto dos lábios labirínticos. Karinne Costa.
Baladeyra // 124 pp // R$ 40
A poeta e arte-educadora pernambucana reflete contradições, identidade, relações líquidas e o desconhecido.

A viagem e outros contos. Luís Pimentel.
Patuá // 104 pp // R$ 50
Coletânea de contos do jornalista e escritor que mesclam lírica e filosofia para narrar situações cotidianas da vida na cidade grande.

Os olhos do diabo: uma sedução. Jorge Andrade.
Trad. Caléu Nilson Moraes // Nauta // 180 pp // R$ 80
Nova edição do romance do autor argentino, vencedor do prêmio espanhol Benito Pérez Galdós, narra a obsessão do narrador por uma jovem que, por ser comprometida, lhe parece impossível de conquistar.

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Quem escreveu esse texto

Iara Biderman

Jornalista, editora da Quatro Cinco Um, está lançando Tantra e a arte de cortar cebolas (34).

Jaqueline Silva

É estudante de Jornalismo na ECA-USP e assistente editorial na Quatro Cinco Um.