Listão da Semana,
O romance da filósofa Nadia Yala Kisukidi, poemas de Armando Freitas Filho, Rosa Montero e mais novidades
‘A dissociação’, estreia no romance da filósofa francesa Nadia Yala Kisukidi, conta a fábula de uma menina que vê seu corpo misteriosamente parar de crescer
14nov2024A dissociação, estreia no romance da filósofa francesa Nadia Yala Kisukidi, chega esta semana às livrarias com a fábula de uma menina que vê seu corpo misteriosamente parar de crescer e aprende a dissociar sua mente do cotidiano, dando início a uma viagem mágica e filosófica até as periferias da França e sua ancestralidade africana.
A semana também traz uma coletânea do poeta carioca Armando Freitas Filho, morto em setembro; a reedição de A louca da casa, da espanhola Rosa Montero; o novo thriller da autora de A garota no trem; uma escritora luxemburguesa-ruandesa em busca de suas raízes; uma viagem poética ao interior cearense; o cemitério dos escravizados no Rio antigo; a nova edição de O mito do desenvolvimento econômico, de Celso Furtado; conselhos da poeta Amanda Gorman para crianças e adolescentes; as origens da tensão no Líbano; e mais novidades quentinhas.
Viva o livro brasileiro!
Veja os lançamentos de semanas anteriores.
Mais Lidas
A dissociação. Nadia Yala Kisukidi.
Trad. Raquel Camargo e Mirella Botaro // Bazar do Tempo // 288 pp
Primeiro romance da filósofa e escritora francesa, narra a jornada de uma menina negra que inesperadamente para de crescer e começa a se dissociar da realidade na tentativa de encontrar algo que se assemelhe a um lar. Longe dos olhos dos familiares e da dura realidade na periferia do norte da França, a jovem entrelaça a fantasia à busca por direitos e à sensação de pertencimento.
“As proporções dos meus membros e do meu rosto eram normais. Não havia falha cognitiva. Eu era um enigma. Me mediram, mediram o tamanho do meu corpo, do meu crânio. Eu abri a mandíbula mil vezes. Olhavam, no fundo das minhas entranhas, se um tumor maligno não havia se instalado. As auscultações, múltiplas, não trouxeram nenhuma solução. Quando o corpo foi esgotado pelas questões que recusava obstinadamente a responder, atacaram minha mente. Último recurso. Se a anomalia que afeta o corpo não pode ser vista, é porque ela é moral.”
Trecho de Nadia Yala Kisukidi “A dissociação”
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Leia também: A ânsia do pertecimento
Respiro. Armando Freitas Filho.
Companhia das Letras // 168 pp // R$ 89,90
Reúne poemas do poeta carioca vencedor do Jabuti, morto no final de setembro deste ano, em que elenca algumas paisagens cotidianas e outras naturais do Rio de Janeiro como pano de fundo para versos que circundam a passagem do tempo, o amor, o desejo, a memória e tantas outras coisas findas.
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Leia também: A editora e poeta Sofia Mariutti escreve sobre suas lembranças, poéticas e pessoais, do poeta carioca Armando Freitas Filho, morto aos 84 anos
A louca da casa. Rosa Montero.
Trad. Milena Woitovicz Cardoso // Todavia // 216 pp // R$ 69,90
Honrada com o Prêmio Nacional das Letras Espanholas pelo conjunto de sua obra, a jornalista e escritora madrilenha mescla literatura a uma espécie de autobiografia ficcional em que lida com a própria imaginação, loucura e sonhos a partir da escrita e de sua criatividade artística. Em meio às recordações da infância e da juventude, Montero também traça biografias bem-humoradas de escritores como Goethe e Tolstói.
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Leia também: Jornalista desde os dezenove e escritora desde sempre, Rosa Montero fala sobre o poder da palavra, sexismo e autoficção
A hora azul. Paula Hawkins.
Trad. Regiane Winarski // HarperCollins // 288 pp // R$ 59,90
Autora do best-seller A garota no trem (Record, 2015), a escritora britânica-zimbabueana utiliza de suspense, tensão e se inspira nos romances das escritoras Shirley Jackson e Patricia Highsmith para narrar um thriller em uma ilha isolada na Escócia, palco de um desaparecimento e da misteriosa conexão entre três personagens que guardam um segredo.
Leia também: Os diferentes papéis de quem lê a literatura policial de Edgar Allan Poe, Jorge Luis Borges e Friedrich Dürrenmatt
O rosto esquecido: a procura da minha mãe africana. Jeanine Grisius.
Trad. Gisele Eberspächer e Lilian C. S. dos Santos // Editacuja // 180 pp // R$ 70
A escritora luxemburguesa nascida em Ruanda tece a própria biografia a partir da ida para a Europa aos seis anos, quando o pai luxemburguês e agente colonial decide criá-la em sua terra natal. Separada da mãe durante vinte e nove anos, Grisius narra as dores de estar ausente e distante de sua nação e familiares, as implicações do colonialismo para a própria identidade como uma mulher negra e o reencontro com a mãe.
Leia também: Muryatan Barbosa expõe o trabalho intelectual para definir a identidade africana e construir uma sociedade pós-colonial
O dia. Mailson Furtado.
Círculo de Poemas // 72 pp // R$ 64,90
Longo poema do poeta cearense vencedor do Jabuti, em que a vida do eu-lírico cruza a paisagem da cidade de Varjota, no interior do Ceará — onde Furtado nasceu —, e se prolonga durante um dia infinito, insone, em transe e inquieto: “e/ pousa o tempo/ em vaidade/ o dia se estica sem noite/ tal qual uma árvore a se esticar na/ sua sombra e não triscá-la”.
Leia também: Os últimos versos da argentina Alejandra Pizarnik mostram como a poeta recria a língua na sua intimidade
Pretos Novos do Valongo: Escravidão e herança africana no Rio de Janeiro. Mônica Sanches (Org.)
Bazar do Tempo // 284 pp // R$ 82
A jornalista carioca organiza e reúne textos de treze especialistas, como Cláudio Zeferino, Laurentino Gomes, e Ynaê Lopes dos Santos, entre outros, para compor um panorama histórico e arqueológico sobre o Cemitério dos Pretos Novos, local acidentalmente descoberto em 1996 e onde eram enterrados os africanos escravizados que não sobreviviam às péssimas condições da travessia ou que morriam logo após o desembarque no porto do Cais do Valongo.
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Leia também: Em romance de Eliana Alves Cruz, os corpos reprimidos, adoecidos e normatizados do Brasil do século 18 ecoam os de 2020
O mito do desenvolvimento econômico. Celso Furtado.
Intr. Rosa Freire d’Aguiar Leda Paulani // Posf. Ndongo Samba Sylla // Ubu // 160 pp // R$ 69,90
Nova edição da obra crítica do economista paraibano e ex-ministro da Cultura, originalmente publicada na década de 70. Em respostas às análises do sistema capitalista que comparavam as noções de países “subdesenvolvidos” com outras nações “desenvolvidas”, Furtado elabora uma série de contra-argumentos que afirmam que a ideia do desenvolvimento econômico está imensamente atrelada ao desequilíbrio ambiental e à catástrofe ecológica global.
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Ouça também: As relações entre o desenvolvimento de um país e a complexidade de sua economia
Alguma coisa, algum dia. Amanda Gorman e Christian Robinson.
Trad. Jim Anotsu // Intrínseca // 40 pp // R$ 59,90
Conhecida por declamar o poema “O monte que escalamos” na cerimônia de posse do presidente Joe Biden em 2021, a poeta estadunidense medita sobre o poder dos pequenos gestos e da comunhão entre pessoas para vencer o pessimismo e as situações desoladoras.
Leia também: Inventário poético de coleções e memórias nos convida a enxergar a poesia dos pequenos objetos amados e, talvez, esquecidos
Deus e o diabo na terra dos cedros: o Líbano contemporâneo. Murilo Meihy e Samira Adel Osman (Orgs).Tabla // 264 pp // R$ 73
Em dez capítulos que retratam a história contemporânea do Líbano, os historiadores e professores reúnem textos de especialistas que debatem e analisam a independência do pequeno país no Oriente Médio, as consequências do colonialismo para a região, as disputas internas e externas que sequenciam guerras civis e tensões nas fronteiras, bem como a imigração causada por questões econômicas, políticas e sociais — que gerou uma diáspora libanesa no Brasil e em outros países.
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Leia também: Livro reconstitui a história da imigração libanesa no Brasil e a contribuição dos ‘brimos’ para a cultura nacional
Vapt-vupt
+ novidades quentinhas
Inferninho. Natasha Felix.
Círculo de Poemas // 40 pp // R$ 44,90
Os poemas da poeta e performer paulista, autora de Use o alicate agora (Macondo, 2018), recriam frações dos doze dias em que esteve em Luanda enquanto pesquisava sobre performance, e se deparou com uma ligação entre Angola e Brasil através da música e da dança.
Selvagem. Felipe Haiut.
Cobogó // 64 pp // R$ 52
Examinando as próprias vivências de infância como uma “criança viada”, o ator e dramaturgo carioca reflete sobre a relação e a reconciliação com os pais, a presença da comunidade LGBTQIA+ na arte e o processo de encontrar espaços seguros que ultrapassassem os padrões de gênero.
Carlos Motta: marcenaria, arquitetura, design. Carlos Motta.
Apres. Bruno Torturra // Ubu // 252 pp // R$ 260
Com apresentação do jornalista Bruno Torturra e fotografias dos artistas Fernando Lazlo, Mauro Restiffe e Layla Motta, a obra reúne trinta anos de obras e trabalhos do arquiteto e designer paulistano, famoso pela criação de peças e ambientes sustentáveis e em conexão com a natureza.
Do mar, o sonho. Marília Passos.
Labrador // 224 pp // R$ 58
A escritora paulista finalista do Jabuti por Selvagem (Labrador, 2022) ambienta um romance de formação em comunidades caiçaras situadas entre o litoral norte de São Paulo e o litoral sul do Rio de Janeiro, por meio de um jovem que se vê entrelaçado pela história da formação da vila de Picinguaba no século 19, fundado por descendentes de escravizados.
Diário de um Banana 19: Baita lambança. Jeff Kinney.
Trad. Alexandre Boide // VR Editora // 224 pp // R$ 66,90
O escritor e cartunista estadunidense narra mais uma das aventuras cômicas de Greg, que precisa passar um verão inteiro com a família em uma casa de praia pequena e calorenta.
O tesouro do Cisne Negro. Paco Roca e Guillermo Corral.
Trad. Claudio Martini // Devir // 224 pp // R$ 169
Autor de A casa (Devir, 2021), o quadrinista traça a descoberta de uma empresa estadunidense pelo navio espanhol Cisne Negro, encontrado no fundo do Atlântico. Com auxílio do diplomata Guillermo Corral, Roca descreve a batalha jurídica e política entre os dois países, com inspiração na história real do descobrimento da fragata da Marinha espanhola Nuestra Señora de las Mercedes, afundada pelos britânicos na costa portuguesa, em 1804.
O Homem-Cão: vinte mil pulgas submarinas — vol. 11. Dav Pilkey.
Trad. André Czarnobai // Companhia das Letrinhas // 240 pp // R$ 59,90
Inspirado no clássico de Jules Verne, a série de quadrinhos do escritor estadunidense narra uma nova aventura do cãozinho detetive, que precisa de ajuda dos amigos para salvar a cidade.
O músico. Heloisa Prieto.
Trad e pref. Estas Tonne // Posf. Daniel Munduruku // Nova Fronteira // 192 pp // R$ 69,90
Originalmente escrita em inglês, o romance da vencedora do Jabuti une as ancestralidades dos povos originários e a tradição dos trovadores — com a colaboração das trovas do músico ucraniano Estas Tonne — para narrar a conexão entre a música feita na cidade e aquela em meio à floresta.
Na ponta do alfinete: o Brasil Segundo Cornélio Penna. Josalba dos Santos.
Org. Luiz Eduardo Andrade // Moinhos // 238 pp // R$ 80
A professora e pesquisadora de literatura brasileira reúne mais de vinte anos dos seus estudos acerca da obra do romancista e pintor carioca Cornélio Penna (1896-1958), enquanto analisa sua contribuição para a interpretação do país e da cultura brasileira.