
Listão da Semana,
A poesia urgente de um refugiado palestino
Você deu em pagamento meu país, do poeta sírio-palestino Ghayath Almadhoun, toca nas feridas das questões humanitárias e geopolíticas mais importantes da atualidade
29maio2025 • Atualizado em: 30maio2025Não é para fracos: Você deu em pagamento meu país, do poeta sírio-palestino Ghayath Almadhoun, que chega esta semana às livrarias, toca diretamente nas feridas das questões humanitárias e geopolíticas mais importantes (e atordoantes) da atualidade — do conflito Israel-Palestina ao drama dos refugiados e vítimas do colonialismo.
Mais lançamentos: o gótico andino lisérgico de Mónica Ojeda; o livro póstumo de Dom Phillips, Como salvar a Amazônia; uma conversa sobre relações humanas, de Ana Suy e Christian Dunker; um ensaio sobre artistas com biografias polêmicas e seus fãs, de Claire Dederer; a língua e a cultura russa, por Marina Berri; contos do Caribe, de Patrick Chamoiseau; ensaios sobre a revolta dos Caramurus negros; um ensaio sobre a revista Playboy, de Paul B. Preciado; e mais novidades quentinhas.
Veja os lançamentos de semanas anteriores.
Você deu em pagamento o meu país. Ghayath Almadhoun.
Trad. Alexandre Chareti // Apres. Ricardo Domeneck // Ars Et Vita // 168 pp // R$ 58
Mais Lidas
Primeira antologia poética traduzida para o português, direto do árabe, do autor palestino-sírio, convidado d’A Feira do Livro. São 31 poemas sobre guerra, exílio e pertencimento, em que memória e violência são postas em confronto.
“Essa antologia, que reúne todos os poemas de Eu te trouxe uma mão decepada (2024) e alguns de Não posso estar presente (2014) e Adrenalina (2017), não é para quem tem estômago fraco. Há sangue, corpos mutilados, membros amputados, fedor de cadáveres apodrecendo. Não há palavras de consolo nem o romantismo da ideia de resistência, e muito menos alívio para os sobreviventes”, escreve Paula Carvalho, que entrevistou o autor e resenhou o livro para a Quatro Cinco Um.
Leia a entrevista e resenha do livro
Xamãs elétricos na festa do sol. Mónica Ojeda.
Trad. Sílvia Massimini Felix // Autêntica Contemporânea // 296 pp // R$ 79,80
A equatoriana na proa da nova literatura latino-americana se debruça aqui sobre a busca de uma jovem por suas raízes. No romance, Noa convence a melhor amiga, Nicole, a ir a um festival de música aos pés de um vulcão. A atmosfera lisérgica — com acenos ao terror que rendeu à literatura de Ojeda o rótulo de gótico andino — motiva a protagonista a buscar o pai que a abandonou quando menina.
“Na cordilheira, os caçadores de rochas espaciais levavam as
pedras mais valiosas para vender. O restante era recolhido pelosmoradores da região e tratado como pedras divinas. Fragmentos de asteroides e de cometas pendiam do pescoço de xamãs, peças sem nenhum valor para os que comercializam meteoritos de grande porte, mas espirituais para quem celebra a festa do sol. Eram pedras escuras e pequenas, ora porosas, ora compactas, usadas em rituais ou para artesanato. Muitos as compravam como curiosidade, outros porque acreditavam que ter um pouco de céu os tornaria mais andinos, verdadeiros filhos do Inti e da Mama Killa. Havia roqueiros e ruidistas usando-as sobre camisetas do King Crimson ou de Sal y Mileto, gringos com ponchos caros que buscavam a experiência ancestral e que os carregavam sob o sol, colecionadores que regateavam meteoritos que talvez nem fossem meteoritos.”
Trecho de Mónica Ojeda “Xamãs elétricos na festa do sol”
Saiba mais sobre o livroAssinantes da Quatro Cinco Um têm 25% de desconto no site da Autêntica. Conheça o Clube de Benefícios 451.
Como salvar a Amazônia: uma busca mortal por respostas. Dom Phillips.
Trad. Berilo Vargas, Denise Bottmann e Pedro Maia Soares // Companhia das Letras // 384 pp // R$ 89,90
Livro póstumo do jornalista britânico morto ao lado do indigenista Bruno Pereira no Vale do Javari, Amazonas, em 2022. Neste misto de relato de viagem, investigação jornalística e manifesto, Phillips — com colaboração de colegas e amigos como Andrew Fishman, Beto Marubo, David Davies, Eliane Brum, Helena Palmquist, Jon Lee Anderson, Jonathan Watts, Rebecca Carter, Stuart Grudgings, Tom Hennigan e Tom Phillips —, faz um apelo urgente pela preservação e proteção da floresta amazônica.
Assinantes da Quatro Cinco Um têm 25% de desconto no site da Companhia das Letras. Conheça o Clube de Benefícios 451.
Eu só existo no olhar do outro?. Ana Suy e Christian Dunker.
Paidós // 192 pp // R$ 59,90
Diálogo entre dois dos mais conhecidos psicanalistas do país, autores de A gente mira no amor e acerta na solidão e O palhaço e o psicanalista, respectivamente, ambos publicados pelo selo Paidós, da Planeta). Conversam sobre como nos constituímos nas relações a partir de uma articulação entre psicanálise, literatura e experiências do cotidiano.
Monstros: o dilema do fã. Claire Dederer.
Trad. Joca Reiners Terron // Amarcord // 384 pp // R$ 74,90
Será possível continuar a admirar obras de artistas com biografias perturbadoras? Essa é a pergunta que norteia o ensaio da jornalista e colaboradora do jornal The New York Times. A autora percorre sua relação com o trabalho de artistas como David Bowie, Woody Allen e Roman Polanski, e como sua admiração mudou (ou não) diante de revelações sobre suas vidas pessoais.
Assinantes da Quatro Cinco Um têm 30% de desconto no site da Record. Conheça o Clube de Benefícios 451.
Alfabeto russo: cenas de língua e cultura. Marina Berri.
Trad. Marina Waquil // Fósforo // 192 pp // R$ 79,90
A linguista argentina, convidada d’A Feira do Livro 2025, discute aspectos da cultura e da história da Rússia por meio de uma seleção de palavras iniciadas com as 33 letras do alfabeto russo, baseado no sistema cirílico. Os vocábulos catapultam a autora para universos tão díspares quanto o do cotidiano na União Soviética, o das lições dos contos de fadas regionais e o das figurações do inverno nas artes do país.
Assinantes da Quatro Cinco Um têm 20% de desconto no site da Fósforo. Conheça o Clube de Benefícios 451.
Contos dos sábios crioulos. Patrick Chamoiseau.
Trad. Raquel Camargo // Posf. Edimilson de Almeida Pereira // Editora 34 // 96 pp // R$ 53
Um dos principais articuladores do movimento da crioulidade, que defende a originalidade da cultura do Caribe francês, o escritor martinicano apresenta dez contos ambientados no período colonial das Antilhas, vários deles baseados no folclore popular local.
Assinantes da Quatro Cinco Um têm 30% de desconto no site da 34. Conheça o Clube de Benefícios 451.
Caramurus negros: a revolta dos escravos de Carrancas — Minas Gerais (1833). Marcos Ferreira de Andrade (org.). Posf. Marcos Ferreira de Andrade // Chão // 256 pp // R$ 71
O período entre a abdicação de Dom Pedro 1º, em 1831, e a posse do imperador Dom Pedro 2º, em 1840, foi marcado por diversas insurgências no país. Uma delas foi a Revolta das Carrancas, ocorrida na região mineira de mesmo nome em 1833 e protagonizada por escravizados rebeldes, que levou à morte de 33 pessoas, entre membros de uma família senhorial e escravizados.
Pornotopia: um ensaio sobre a arquitetura e a biopolítica da Playboy. Paul B. Preciado.
Trad. Denise Bottmann // Zahar // 352 pp // R$ 104,90
Análise da revista erótica, lançada no início da década de 50, e da mansão do fundador da revista, Hugh Hefner, como elementos centrais na construção de uma nova masculinidade no pós-guerra. A partir da arquitetura do espaço, da organização social da casa e do papel das “garotas da Playboy”, o autor de Manifesto contrassexual (Zahar) investiga como a publicação moldou um ideal masculino branco, heterossexual e consumista.
Assinantes da Quatro Cinco Um têm 25% de desconto no site da Companhia das Letras. Conheça o Clube de Benefícios 451.
Vapt-vupt
+ novidades quentinhas
Breve, frágil, humana. Alua Arthur.
Trad. Cristiane Riba // Principium // 336 pp // R$ 59,90
Fundadora de uma iniciativa para ajudar as pessoas a conviverem melhor com o luto, a autora oferece uma espécie de guia para lidar com a morte.
Não pisque. Stephen King.
Trad. Regiane Winarski // Suma // 448 pp // R$ 109,90
Holly Gibney, personagem recorrente na obra do autor, ressurge envolvida nas investigações de um serial killer e de um fanático antiaborto.
Sangue raro. Lucas Santana.
Companhia Editora Nacional // 352 pp // R$ 79,90
Um regime totalitário que assumiu o poder no país tenta exterminar pessoas cujo sangue pode ser usado em rituais de magia.
Utopia autoritária brasileira. Carlos Fico
Planeta // 448 pp // R$ 104,90
Um dos pioneiros nos estudos sobre a ditadura militar analisa como as Forças Armadas influenciaram a República desde sua formação.
O país sem sombra. Abdurahman A. Waberi. Anne Pauly.
Trad. Fátima Murad // Tabla // 126 pp // R$ 76
O escritor do Djibouti aborda passado e presente de seu país natal, que passou quase 90 anos sob domínio francês, por meio de dezessete contos.
Como ser famoso: por que algumas pessoas se tornam ícones e outras são esquecidas. . Cass R. Sunstein. Trad. Eduardo L. Soares // Vestígio // 240 pp // R$ 64,90
De Leonardo da Vinci a Taylor Swift, passando por nomes esquecidos, o professor de direito em Harvard busca compreender a construção da fama.