Listão da Semana,

Henry Louis Gates Jr. escrevendo a raça, o namoro de Camila Sosa Villada, a saúde mental dos palestinos e mais 15 lançamentos

Convidado d'A Feira do Livro, escritor retrata a jornada de autores negros como Toni Morrison e James Baldwin em sua incessante luta contra o racismo através da escrita

28jun2024 - 11h43 • 28jun2024 - 11h44

Toni Morrison, James Baldwin e outros autores negros que, com seus escritos, resistiram ao racismo e afirmaram sua identidade são alguns dos retratados em Caixa-preta: escrevendo a raça, de Henry Louis Gates Jr., que chega esta semana às livrarias. Gates Jr. estará em São Paulo, n’A Feira do Livro 2024. Outra convidada da Feira, Camila Sosa Villada, também lança nesta semana A namorada de Sandro

E mais: textos sobre os efeitos da ocupação na Palestina, da psiquiatra Samah Jabr; memórias do poeta Hanif Abdurraqib; uma edição com manuscritos inéditos de A bela e a fera, de Clarice Lispector; as percepções de Roberto Calasso sobre Robert Bazlen; a estreia na ficção desta editora da Quatro Cinco Um, Iara Biderman; obras reunidas de Hugo de Carvalho; ensaios de Lélia Gonzalez sobre festas populares; um romance de Alejo Carpentier; e mais novidades quentinhas. 

Viva o livro brasileiro!

Veja os lançamentos de semanas anteriores.


Caixa-preta: escrevendo a raça. Henry Louis Gates Jr.
Trad. floresta • Companhia das Letras • 248 pp • R$ 84,90

Crítico literário e professor da Harvard — e um dos autores convidados d’A Feira do Livro 2024 —, Henry Louis Gates Jr. traça um panorama de escritores negros que resistiram ao racismo através da escrita. Phillis Wheatley (primeira poeta afro-americana a ser publicada, em 1773), Toni Morrison (primeira mulher negra a ganhar o Nobel de Literatura, em 1993), W.E.B. Du Bois e James Baldwin são alguns dos autores analisados.  

Leia maisA Feira do Livro reúne grandes escritores nacionais e internacionais na praça Charles Miller em junho

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A namorada de Sandro. Camila Sosa Villada.
Trad. Joca Reiners Terron • Planeta • 96 pp • R$ 44,90

Com o lançamento deste livro, a autora argentina tem sua obra completa traduzida no Brasil. Estreia de Sosa Villada na literatura, a coletânea de poemas em prosa e versos livres, publicada originalmente em 2015 e revista pela autora em 2020, traz reflexões sobre o fim de um relacionamento, mas não trata apenas de um amor. Villada é um dos destaques d’AFeira do Livro 2024.

Em entrevista à Quatro Cinco Um, Villada diz que “Na época [em que publicou A namorada de Sandro], postava poemas no Facebook, e editoras de Córdoba e de outros lugares do país queriam editá-los. Mas eu tinha vergonha de que fossem registrados para sempre, especialmente por ser poesia, um sentimento tão delicado, tão exposto, sem a possibilidade de estar subordinado a uma narrativa. Era algo cru, que escrevi durante a separação do meu primeiro namorado, único que apresentei aos meus pais. Estava sofrendo e vivendo um momento de fragilidade. Quando foi reeditado, em 2020, eu o retomei — assim como fiz com Tese sobre uma domesticação — e limpei o que poderia causar pena.” Leia a entrevista de Adriana Ferreira Silva na íntegra.

Leia também: Primeiro livro escrito por Camila Sosa Villada, A namorada de Sandro reúne poemas compostos após o fim de um relacionamento; leia trecho


Sumud em tempos de genocídio. Samah Jabr.
Org. e trad. Rima Awada Zahra • Tabla • 192 pp • R$ 68

Reúne textos da psiquiatra palestina, publicados em veículos jornalísticos ao longo de duas décadas, que relatam os efeitos da ocupação, colonialismo, prisão e tortura na saúde mental dos habitantes de territórios em disputa e a formação de símbolos de resiliência e solidariedade na Palestina — sumud é um termo árabe que significa “perseverança constante”.

Leia também: Quatro poemas para a Palestina — Escritor angolano João Melo enviou à Quatro Cinco Um quatro poemas dedicados “à dramática situação da região”

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Um pequeno demônio na América: Notas em homenagem à performance negra. Hanif Abdurraqib.
Trad. Stephanie Borges • WMF Martins Fontes • 432 pp • R$ 84,90

O poeta, ensaísta, crítico cultural e escritor premiado reúne memórias pessoais, ensaios próximos à crônica e reflexões críticas sobre o ativismo negro em manifestações artísticas, passando de nomes de destaque como Michael Jackson, Aretha Franklin, Josephine Baker e Beyoncé a outros menos conhecidos. 

Leia também: Em formato de narrativa musical, novo álbum de Beyoncé apresenta a jornada da artista às suas raízes, reivindicando a contribuição do negro na história


A bela e a fera: edição com manuscritos e ensaios inéditos. Clarice Lispector.
Pref. Pedro Karp Vasquez • Rocco • 184 pp • R$ 109,90

Parte da coleção de edições especiais com os manuscritos e datiloscritos originais, apresenta os dois últimos contos da carreira da escritora, publicados postumamente. Inclui cinco ensaios inéditos de Yudith Rosenbaum, Claudia Nina, José Castello, Faustino Teixeira e Bernardo Ajzenberg, especialistas e pesquisadores da obra de Clarice.

Leia também: Manuscrito de A hora da estrela, com anotações e rasuras, lança perguntas sobre o processo criativo de Clarice Lispector


Bobi. Roberto Calasso.
Trad. Pedro Fonseca • Âyiné • 100 pp • R$ 79,90

O escritor, ensaísta e intelectual italiano morto em 2021, autor de Como organizar uma biblioteca (Companhia das Letras, 2023) e A marca do editor ( Âyiné, 2020), narra, por meio de anotações, suas percepções sobre o escritor e publicitário italiano Robert Bazlen — um dos fundadores da editora Adelphi ao lado de Calasso — e considerado detentor de “um faro formidável para a literatura”.

Leia também: Ensaios de Roberto Calasso situam o leitor na rica paisagem mental desenhada pela história pessoal e coletiva da leitura

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Tantra e a arte de cortar cebolas. Iara Biderman.
Editora 34 • 150 pp • R$ 53

A jornalista e editora da Quatro Cinco Um estreia na ficção com uma coletânea de contos curtos e ágeis que privilegiam vozes femininas. Na grande variedade de histórias, prevalece uma sensação de deslocamento e o impulso de cruzar fronteiras – de classe, gênero, sexo, moral, gosto e, até mesmo, de espécie. 

Leia também: Contos de Bora Chung navegam entre o realismo mágico e o horror na onda de literatura protagonizada por mulheres

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Obras reunidas de Hugo de Carvalho Ramos, Vol. 1: Tropas e Boiadas/Poesias e Vol. 2: Escritos esparsos/Artigos/Correspondências. Hugo de Carvalho Ramos.
Ercolano • 323 pp e 399 pp • R$ 98, R$ 107, R$ 215 (box com os dois volumes) 

Os dois volumes reúnem toda a obra do escritor goiano, morto em 1921: poesias, ensaios intimista e contos, incluindo os de Tropas e boiadas, sua obra mais conhecida, que trata do universo agrícola sem cair no regionalismo. As edições contam com textos críticos de Lázaro Ribeiro, Ricardo Domeneck, Antón Corbacho e Alberta Vicentini sobre a vida e as obras de Carvalho Ramos.

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Festas populares no Brasil: Vol. 1. Lélia Gonzalez.
Pref. Raquel Barreto • Posf. Leda Maria Martins • Boitempo • 176 pp • R$ 83; 139

Publicado originalmente em 1987 e premiado na Alemanha como um dos “mais belos livros do mundo”, os textos da antropóloga e intelectual precursora do conceito de interseccionalidade abordam algumas das festividades populares brasileiras mais importantes, como o Carnaval, o Natal e outras festas afro-brasileiras e de igreja, acompanhados de mais de cem imagens de fotógrafos como Leila Jinkings, Walter Firmo e outros.

Leia também: Uma das intelectuais negras mais expressivas do Brasil, Lélia Gonzalez já abordava no século passado questões essenciais das eleições de 2020

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Os passos perdidos. Alejo Carpentier.
Trad. Sérgio Molina • Posf. Leonardo Padura • Zain • 320 pp • R$ 84,90

O escritor cubano, um dos criadores do realismo fantástico, retrata o drama de um musicólogo em busca de instrumentos musicais indígenas nas florestas sul-americanas. Inspirado pelas viagens que o autor fez pelo interior da Venezuela, o romance mistura passado e presente para recontar as origens da linguagem e do mundo.

Leia tambémEscritor cubano rememora seus primeiros contatos com a obra e a vida de Manuel Vázquez Montalbán, mestre espanhol do romance noir


Vapt-vupt
+ novidades quentinhas

A porta aberta do Sertão: histórias da Vó Geralda. Geralda de Brito Oliveira, Isla Nakano e Renata Ribeiro.
Relicário • 242 pp • R$ 59,90
Compilação de histórias de uma anciã que é um marco vivo do noroeste de Minas Gerais. A sertaneja descreve passagens da infância no cerrado mineiro, casamento, maternidade e a luta pela terra.

A doença do outro: uma peça palestra. Ronaldo Serruya.
Pref. João Silvério Trevisan • Editora Javali • 112 pp • R$ 40
Influenciado por conceitos do feminismo negro, da teoria queer e da ideia do Outro, o autor e dramaturgo analisa a história social da aids, sua inscrição no corpo dos sujeitos e os estigmas que cercam a doença.

Deusas, bruxas e feiticeiras: histórias de quando Deus era mulher. Julia Myara.
Planeta • 208 pp • R$ 57,90
A professora de filosofia antiga da PUC-Rio traça um estudo sobre os artifícios que apagaram figuras femininas ao longo da história.

O país dos privilégios, Volume 1: os novos e velhos donos do poder. Bruno Carazza.
Companhia das Letras • 336 pp • R$ 94,90
No primeiro volume de uma trilogia, o economista e colunista do Valor Econômico, autor de Dinheiro, eleições e poder (Companhia das Letras, 2018), analisa o corporativismo estatal.

Mattéo: Primeiro Ciclo (1914-1919). Jean-Pierre Gibrat.
Trad. Fernando Scheibe & Bruno Ferreira Castro • Nemo • 160 pp • R$ 164,90
O quadrinista francês narra a saga de Mattéo, um descendente de espanhóis, às vésperas da I Guerra Mundial, na França.

Arqueologias. Prisca Agustoni.
Pref. Verônica Stigger •  Peirópolis • 96 pp • R$ 58
A poeta suíça que vive em Minas Gerais e é vencedora do Prêmio Oceanos 2023 na categoria poesia por O gosto amargo dos metais (7Letras), reúne poemas sobre desigualdade, tradições culturais e paisagens naturais.

Da arte de (se) orientar [para Pós-modernos e Geração Z]. Jean Pierre Chauvin.
Editora Ponta de Lança • 104 pp • R$ 54,90
O escritor e professor de editoração da ECA-USP parodia tratados dos séculos 16 e 18 sobre condutas adequadas, tecendo um paralelo sobre as normas contemporâneas para ingressar no mundo acadêmico.

Filho nativo. Richard Wright.
Trad. Fernanda Silva e Sousa. Companhia das Letras. 504 pp. R$ 119,90
Elogiado por James Baldwin e Henry Louis Gates Jr., este clássico da literatura norte-americana ambientado em Chicago nos anos 30 faz um retrato da experiência negra nos Estados Unidos.

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Listão da Semana: confira os lançamentos de semanas anteriores

Quem escreveu esse texto

Iara Biderman

Jornalista, , editora da Quatro Cinco Um, está lançando Tantra e a arte de cortar cebolas (34)

Jaqueline Silva

É estudante de Jornalismo na ECA-USP e estagiária editorial na Quatro Cinco Um.