Listão da Semana,

Donna Haraway, Mónica Ojeda e mais 12 lançamentos

Coletânea de ensaios de Donna Haraway debate sobre as reinvenções da natureza, pós-humanismo, feminismo, alteridade, genêro e biopolítica

28set2023 | Edição #73

Nesses dias em que passamos por uma onda de calor com recordes históricos de temperatura, vale dar atenção a Donna Haraway. Ela propõe, na introdução de Símios, ciborgues e mulheres: a reinvenção da natureza, que seus artigos sejam lidos como uma advertência sobre “a invenção e a reinvenção da natureza”. A coletânea de ensaios, lançada nesta semana, reúne textos-chave para entendermos a obra da intelectual norte-americana e os debates sobre pós-humanismo, feminismo, alteridade, gênero e biopolítica. 

Também chegam nesta semana às livrarias Voladoras, novo livro da equatoriana Mónica Ojeda, uma das autoras em alta na nova literatura hispano-americana que estará na próxima Flip; um ensaio sobre a descolonização dos museus, de Françoise Vergès; uma antologia feminina de literatura indígena; uma biografia política do filósofo francês Michel Foucalt; um romance da portuguesa Joana Bértholo; o premiado “road mangá” de Miki Yamamoto; e mais novidades. 

Viva o livro brasileiro!

A reinvenção da natureza: símios, ciborgues e mulheres. Donna Haraway.
Trad. Rodrigo Tadeu • WMF Martins Fontes • 530 pp • R$ 84,90

Coletânea de textos clássicos da bióloga, filósofa e ativista norte-americana, autora, entre outros, de O manifesto das espécies companheiras e referência nos estudos feministas e nos debates do pós-humanismo. Os artigos datados de 1978 a 1989 foram publicados desde os anos de formação de Haraway – em que se destacou como uma bióloga especializada em hominídeos – até o amadurecimento de suas análises feministas e de suas pesquisas sobre gênero, corpo, alteridade e biopolítica.

Em resenha para a Quatro Cinco Um, Ana Rüsche escreve: “Em um mundo acadêmico cada vez mais especializado, a amplitude da trajetória intelectual de Haraway é inspiradora. A coletânea de ensaios é uma amostra de sua carreira original e corajosa, cheia de viradas e novos objetos de estudo, embora também muito coesa em seus valores quando analisada com quase quarenta anos de distância. Algo que podemos aprender com Haraway é a importância da curiosidade, aliada à leitura vasta e heterogênea.”. Leia na íntegra.

Leia também: Expoente dos estudos feministas da ciência, Donna Haraway escreve sobre como nossa vida foi definida por nossa relação com os animais

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Voladoras. Mónica Ojeda.
Trad. Silvia Massimini Felix • Autêntica • 136 pp • R$ 54,90

Chega ao Brasil mais um livro da equatoriana, autora de Mandíbula (2022) e presença confirmada na próxima Flip, em novembro. São oito contos de terror no estilo “gótico andino”, protagonizados por uma adolescente fascinada por sangue que é enviada para morar com sua avó, tida como uma bruxa; uma professora que recolhe a cabeça da vizinha morta em seu jardim; uma menina incapaz de se separar da dentadura de seu pai; duas irmãs unidas por um desejo incestuoso, e ameaçadas por um vulcão.

Leia também: A escritora equatoriana Mónica Ojeda narra a luta entre a lógica da mente e a desordem dos sentidos

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Decolonizar o museu: programa de desordem absoluta. Françoise Vergès.
Trad. Mariana Echalar • Ubu • 272 pp • R$ 69,90

A cientista política, historiadora e feminista francesa, que nasceu em Paris e cresceu na Ilha da Reunião, no oceano Índico, sustenta que o modelo de museu existente hoje é o resultado da pilhagem e da destruição promovidas sistematicamente pelas potências coloniais, que saqueavam os objetos, os conhecimentos e até os restos mortais de outros povos. Para Vergès, o museu constitui uma forma de propaganda ideológica, que oculta sua história de violência sob a embalagem de patrimônio cultural.

Leia também: Livros de Françoise Vergès e Heloisa Buarque de Hollanda apontam novos caminhos para o feminismo, ampliando suas teorias e práticas políticas

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Originárias: uma antologia feminina de literatura indígena. Trudruá Dorrico & Mauricio Negro (org.).
Companhia das Letrinhas • 144 pp • R$ 54,90

Antologia com doze contos escritos por autoras indígenas, de povos diferentes, organizados pela indígena macuxi e doutora em teoria literária Truduá Dorrico com ilustrações do premiado designer e pesquisador Mauricio Negro. Indicado para leitores a partir de nove anos, traz textos de Auritha Tabajara, Bruna Karipuna, Chirley Maria Pankará, Eliane Potiguara, Glicéria Tupinambá, Lidiane Damaceno Krenak, Márcia Mura, Naine Terena, Simone Karajá, Telma Taurepang, Trudruá Dorrico e Vanessa Kaingang.

Leia também: As guerreiras indígenas e negras de Luana Génot

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O último homem a tomar LSD: Foucault e o fim da revolução. Mitchell Dean & Daniel Zamora.
Trad. Cristina Yamagami • Telha • 322 pp • R$ 75

Uma biografia política de Foucault, que entrou no Partido Comunista Francês (onde permaneceu até 1953) por orientação de Althusser, mas depois rejeitou o marxismo oficial e o comunismo. Nos últimos dez anos de vida, aproximou-se do “neoliberalismo progressista”, opondo-se às políticas socialistas de François Mitterrand, enquanto seus interesses se voltavam para o LSD, o extremismo xiita iraniano, o zen budismo japonês e o sadomasoquismo gay californiano.

Leia também: Obra que reúne conferência e entrevistas de Michel Foucault nos anos 1980 esclarece pontos de sua obra relacionados ao Direito

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Natureza urbana. Joana Bértholo.
Dublinense • 64 pp • R$ 49,90

Semifinalista da presente edição do prêmio Oceanos (com A história de Roma, ainda não lançado no Brasil), a escritora portuguesa narra o caso de uma mulher que, depois da morte da mãe e da perda do emprego, decide se livrar de tudo aquilo que não era essencial. Reduzindo suas necessidades materiais, ele se dedica a observar com atenção a paisagem urbana que a envolve e repensar sua relação com a natureza.

Leia também: Loïc Wacquant diz que há uma teoria urbana perdida nos escritos de juventude de Pierre Bourdieu, que articula as dimensões simbólica, social e física

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Sunny Sunny Ann!. Miki Yamamoto.
Trad. Cecília Yuri Takahashi • JBC • 200 pp • R$ 39,90

Publicado em 2011 e 2012 na revista Morning, o segundo mangá da artista (hoje professora de arte e design na Universidade de Tsukuba) ganhou o Prêmio Cultural Osamu Tezuka de 2013. É um “road mangá” protagonizado por Ann, mulher livre e independente, que dorme no carro e viaja ao sabor do vento, bebendo vinho no capô e tomando banho nos postos de gasolina. Inimiga de qualquer tipo de rotina, prefere as surpresas e os perigos da vida nas estradas. Em sua jornada, cruza com tipos mal intencionados, mulheres tristes e crianças carentes de carinho. Ajuda no que pode, mas segue adiante. 

Leia também: Livro com mais de quatrocentas ilustrações e vasta pesquisa narra a linha do tempo das histórias em quadrinhos japonesas

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Vapt-vupt
+ novidades quentinhas

Pim & Francie. Al Columbia.
Trad. Bruno Dorigatti • DarkSide • 240 pp • R$ 119,90

Primeira coletânea do quadrinista americano, reúne suas histórias de terror cult sobre uma dupla de crianças fofas e sanguinolentas às voltas com facas, moedores de carnes e monstros gigantes.

É a Ales. Jon Fosse.
Trad. Guilherme da Silva Braga • Companhia das Letras • 112 pp • R$ 64,90

Ganhador do Norwegian Critic's Prize, o romance narra as memórias de uma mulher cujo marido desapareceu no mar há vinte anos.

A linha de sombra: uma confissão. Joseph Conrad.
Trad. Maria Luiza X. de A. Borges • Nova Fronteira • 160 pp • R$ 49,90

Novela de 1917 do autor de Coração das trevas sobre um jovem marinheiro nomeado capitão de um navio mercante, que empreende uma viagem difícil, com uma calmaria sem fim e doenças na tripulação.

Corpo do tempo: cicatrizes – histórias com: dois pontos. João Anzanello Carrascoza.
Faria e Silva • 108 pp • R$ 54,90

Segundo volume de contos da Trilogia dos Sinais, na qual algum sinal ortográfico é enfatizado. Neste tomo, o sinal de dois pontos, explorado de maneiras distintas, altera o caminho dos enredos dos contos.

Cinema vivido: raça, classe e sexo nas telas. bell hooks.
Trad. Natalia Engler • Elefante • Pref. Joyce Prado • 312 pp • R$ 70

Críticas de filmes de Spike Lee, Quentin Tarantino, Mike Figgis, John Singleton, Julie Dash e entrevistas com Wayne Wang, Camille Billops, Charles Burnett e Arthur Jafa feitas pela ativista norte-americana.

A muralha: um conto eterno. Giancarlo & Carolina Macri Zanotti.
Trad. Ruth Marschalek Nascimento • Happy Books • 40 pp • R$ 59,90

Na história para crianças sobre exclusão e diversidade, um rei ergue um muro e proíbe que qualquer pessoa diferente viva em seu reino, mas logo percebe que, sem pessoas diferentes, seu reino não será feliz.

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Quem escreveu esse texto

Iara Biderman

Jornalista, editora da Quatro Cinco Um, está lançando Tantra e a arte de cortar cebolas (34).

Mauricio Puls

É autor de Arquitetura e filosofia (Annablume) e O significado da pintura abstrata (Perspectiva), e editor-assistente da Quatro Cinco Um.

Matéria publicada na edição impressa #73 em setembro de 2023.