
Da próxima vez que você cair do cavalo
Panayotis Pascot
Trad. Francesca Angiolillo Editora Ercolano // 152 pp • R$ 80
Edição brasileira do romance que fez do ator e humorista francês, convidado d’A Feira do Livro 2025, um fenômeno literário em seu país. Nele, Pascot, desesperado após o anúncio de que seu pai está à beira da morte, decide passar suas reflexões para o papel. O texto se estrutura, assim, como uma espécie de diário íntimo no qual o autor reflete sobre a sua difícil relação com o seu genitor, a aceitação de sua própria homossexualidade e os problemas de saúde mental que enfrenta.
Trecho:
“Paramos com essa brincadeira de dizer ‘papai, a gente te ama’ para ele sair da sala no dia em que meu irmão o encontrou chorando discretamente na garagem, segurando, trêmulo, uma caixa de creme inglês.
A definição de vulnerabilidade é ‘capacidade de se deixar afetar’. E, na nossa família, um homem não é fraco. Portanto, não somos jamais vulneráveis.
Nada deve entrar. Por isso, pouco sai. É o equilíbrio do meu pai, o cálculo justo para não quebrar muito a cara. Ele encontra sua força nisso. Carrega absolutamente tudo o que nunca evacuou. O que ele não diz, não faz, se torna sua essência. Sua forma de se relacionar com o mundo é o combate, é não ceder, não se vergar, não se dobrar. Para não se foder.”