Cabeça Branca visita seu sócio, Jorge Rafaat Toumani, no Instituto Penal de Campo Grande, em 16 de junho de 2003. Rafaat atuava como um dos “reguladores territoriais do crime”, estabelecendo o preço da droga que atravessa a fronteira e quais quadrilhas poderiam atuar em determinada região e criando laços com a política partidária. Preso alguns meses antes, Rafaat seguia no comando do esquema do tráfico no atacado. A Polícia Federal diz que na ocasião dessa visita Cabeça Branca e Rafaat discutiam uma nova remessa de cocaína a partir da Colômbia.
Da esquerda à direita: a foto mais conhecida de Luiz Carlos da Rocha, o Cabeça Branca, do início da década de 90; Carlos Roberto da Rocha, também conhecido como Tob ou Beto, irmão caçula e sócio de Cabeça Branca, atuava como seu representante junto aos portugueses e mantinha uma vida de playboy em Londrina; João Soares Rocha, ou Bigode, pecuarista paranaense, possuía uma frota de aviões e um esquema especializado em transportar cocaína pelas Américas, África e Europa; Ruben Dario Lizcano Mogollon, conhecido narcotraficante de Cúcuta, fronteira com a Venezuela, fazia a ponte entre Cabeça Branca e João Soares Rocha.
O paranaense Paulo Bernardo da Rocha (à direita), ou Paulão, pai de Cabeça Branca. Paulo Bernardo contrabandeava café do Brasil para o Paraguai (nos anos 60, o governo brasileiro estabeleceu um imposto para exportação do café para controlar os preços), e uísque falsificado do Paraguai para o Brasil. Foi pego em flagrante e preso em 1973. Cabeça Branca começou a trabalhar com o pai na operação de corretagem e contrabando nos anos 70, ainda adolescente.
Cabeça Branca (à direita) ao lado da mulher, Lucimara Fernandes da Silva, e Erineu Soligo, ou Pingo, outro famoso narcotraficante de Ponta Porã (MS).
Ivan Carlos Mendes Mesquita, narcotraficante e amigo de longa data da família Rocha. Mesquita, também conhecido como "Dom Carlos", foi preso em flagrante e condenado a 25 anos de prisão por tráfico. Fugiu após cumprir um sexta da pena e se escondeu no Paraguai com ajuda de Cabeça Branca. Na Colômbia, Mesquita associou-se a um dos líderes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), para enviar uma média mensal de 1 tonelada de cocaína para o Brasil, Estados Unidos e Europa.
Escondidos sob o fundo falso de uma carroceria, a Polícia Federal encontrou 492 quilos de cocaína em tijolos que traziam a inscrição “Toto 100% pureza” ou a figura de um palhaço.
Um dos grandes esquemas de Cabeça Branca, em parceria com empresários portugueses, foi exportar toneladas de cocaína para a Europa escondidas em cargas de carne, bucho e tripas de boi congelado. A União Europeia dá direito ao comprador de recusar uma carga de produtos perecíveis caso o contêiner tenha sido violado pela polícia, o que dificulta possíveis flagrantes. A Polícia Federal apreendeu 1,7 tonelada de cocaína em um galpão no Rio de Janeiro.
Aviões que traziam cocaína ao Brasil por vias aéreas pousavam em fazendas no Mato Grosso do Sul. Uma dessas fazendas tinha uma sinalização "à la Pablo Escobar" — a palavra "Branca" formada por árvores de eucaliptos, com mais de um quilometro de comprimento e visível apenas do alto.
Tabela que servia para comunicar dados sensíveis, como números de telefone ou coordenadas geográficas, a outros integrantes da quadrilha.
Em uma madrugada de fevereiro de 2018, quatro agentes da Polícia Federal, com autorização da Justiça, abriram com uma chave micha o cadeado de um hangar de João Rocha, em Ourilândia do Norte (PA), para obter informações sobre quais aviões estavam guardados no local.
Carteira de identidade falsa usada por Cabeça Branca, que em Sorriso (MT) havia adotado a identidade de Vitor Luís de Moraes, nascido no dia 7 de janeiro de 1962, dois anos e meio depois de Cabeça Branca. Ao menos três cirurgias plásticas e tintura preta nos cabelos e na barba completavam a mudança de identidade.
Os três filhos de Cabeça Branca: o mais velho, e mais parecido com o pai, Bruno (1985), ao lado de Rafael (1992) e Luíza (1996). O estilo de vida dos filhos e irmãos de Cabeça Branca chamava a atenção dos agentes da polícia: muitos moravam em condomínios de alto padrão e dirigiam carros de luxo, mas não possuíam empregos ou fontes de renda formais.
Casa de Cabeça Branca no Parque dos Príncipes, bairro de classe média alta em Osasco (SP). As ruas do bairro eram vigiadas por câmeras e motoqueiros armados.
Cabeça Branca chega ao Shopping Iguatemi com a mulher, o filho bebê e a babá, em 2017. Os quatro iriam almoçar com seu filho Rafael e com seu gerente financeiro Roncaratti.
Cabeça Branca ficaria no shopping até mais tarde. A câmera de um dos elevadores captou sua imagem ao lado de dois homens, com quem conversou na praça de alimentação até a noite. O grupo tinha o hábito de se reunir em shoppings.
Anotação de Cabeça Branca elenca os principais portos europeus, as empresas que fazem o transporte marítimo do Brasil para esses locais, os principais navios usados e cargas transportadas nesses trajetos.
Instantes após a prisão de Cabeça Branca, 150 policiais cumpriram nove mandados de busca e apreensão nos endereços ligados ao traficante. Na sua casa em Osasco foram apreendidas duas malas contendo US$3,4 milhões.
Cabeça Branca instantes após ser preso pela Polícia Federal, em 2017, na principal padaria de Sorriso (MT). Era a primeira vez em mais de dez anos que a Polícia Federal ficava frente a frente com aquele classificado pela agência como um dos dez maiores narcotraficantes do mundo.