Araquém Alcântara completa 50 anos de carreira em 2020 documentando a natureza, a fauna e os povos do Brasil.
Um dos destinos mais fotografados por ele é a Amazônia, onde esteve mais de cem vezes.
"A onça é o mais mítico e mais poderoso animal da Amazônia, a grande floresta", diz o fotógrafo, cujo livro "Jaguaretê" é dedicado ao animal.
Alcântara prepara para outubro um novo livro sobre a Amazônia, a ser lançado na feira de Frankfurt, na Alemanha.
"Vai ser uma obra histórica, pretensiosa”, diz sobre o livro de trezentas páginas que dialogará com grandes pensadores da Amazônia, como os naturalistas Alfred Russel Wallace e Henry Walter Bates, o biólogo Thomas Lovejoy, o cientista Carlos Nobre e o escritor Milton Hatoum.
Será o 56º livro de sua carreira, que inclui títulos como "Amazônia", finalista do Jabuti em 2006; "Brasileiros", lançado no final de 2019 e cuja primeira edição já se esgotou; e "TerraBrasil", de 1998, o livro de fotografia mais vendido no Brasil.
Ainda neste ano, a editora Unicamp lança um livro sobre a semiótica em sua obra, com textos assinados por nomes como Eliane Brum; e, no ano que vem, a HBO filma uma série de seis episódios sobre seu trabalho.
Em entrevista à Quatro Cinco Um, o fotógrafo chama a atenção para o descaso do governo para com a floresta: "Evidentemente estamos vivendo um período de boçalidade total, mas o Brasil pode ser uma potência verde reassumindo o protagonismo que vinha antes dessa escuridão toda".
Segundo ele, está caindo a ficha do mundo para o fato de que a floresta em pé é mais lucrativa do que derrubada.
"A floresta entra agora na bioeconomia, a nova palavra de ordem. É lucrativo incorporar políticas públicas ao conhecimento da natureza", diz Alcântara.
Em 1970, quando começou a fotografar, a Amazônia só tinha 2% de sua cobertura original destruída. Em 2020, 20% da floresta já está em ponto de inflexão.
"Virei um fotógrafo andarilho para me aproximar do meu povo. Para entender a tormentosa caminhada do brasileiro", resume o fotógrafo.