A Feira do Livro, Poesia,

Potência poética

Companhia teatral que utiliza elementos da cultura hip-hop abre a programação d’A Feira do Livro

10jun2022 | Edição #58

O Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, formado por Claudia Schapira, Eugênio Lima, Luaa Gabanini e Roberta Estrela D’Alva, comemora vinte anos de atividade com o lançamento de A palavra como território: antologia dramatúrgica do teatro hip-hop (Perspectiva).

Na coletânea, as peças criadas e encenadas desde a criação do núcleo traçam uma linha temporal que acompanha os passos do teatro hip-hop. “É como se um recorte dos nossos processos em sala de ensaio criasse corpo, na tentativa de reproduzir o instante em que aquilo foi concebido”, diz a diretora e dramaturga Claudia Schapira.

O lançamento da antologia, na abertura d’A Feira do Livro, às 17h, é uma edição especial do zap! Zona Autônoma da Palavra, primeiro slam de poesia brasileiro, criado há catorze anos pelo Núcleo Bartolomeu. A seguir, Estrela D’Alva fala da volta dos eventos presenciais e da experiência de lançar um livro.

Catorze anos depois do primeiro poetry slam brasileiro, o que esperar deste zap na Feira do Livro?
O slam é basicamente poesia oral em performance. Quando a gente fala dessas coisas, o mais importante é a presença. Ficamos dois anos fazendo slams virtuais; esta será a primeira edição presencial depois desse tempo todo. Acho que podemos esperar performances potentes de poetas que estão com muita saudade e vontade de encontrar um palco e um microfone.

Quais foram as suas impressões ao ver duas décadas de trabalho do Núcleo Bartolomeu reunidas em livro?
Foi muito emociante porque é também a história de nossas vidas. São nossas “memórias impressas”, como é o título de uma das dramaturgias que compõem o livro. E ainda temos a participação de pessoas muito queridas fazendo as apresentações em uma edição muito bem cuidada e bonita da editora Perspectiva.

Como foi transpor palavra falada e performance para um livro?
Essa passagem da voz para a letra e da letra para a voz já é muito recorrente em nosso trabalho. A maior parte dos textos do livro é da Claudia Schapira, que, durante os processos do Núcleo Bartolomeu, faz também um trabalho de dramaturgia, transformando em texto o que é apresentado ou improvisado por atores e atrizes. Nas rubricas, nós explicamos elementos da nossa linguagem, e as pessoas que convidamos para fazer as apresentações situam as peças dentro de seus contextos.

cobertura d’A Feira do Livro

Quem escreveu esse texto

Iara Biderman

Jornalista, editora da Quatro Cinco Um, está lançando Tantra e a arte de cortar cebolas (34).

Matéria publicada na edição impressa #58 em fevereiro de 2022.