Capa,

Pódio literário

O ilustrador do livro mais belo do mundo assina a capa da edição que reúne as melhores obras literárias de 2017

14dez2018 | Edição #8 dez.17-fev.18

Quem assina a capa desta edição da Quatro Cinco Um, com os melhores livros do ano, é também o ilustrador do mais belo livro do planeta. Ao menos foi assim que o designou a Fundação Buchkunst, da Alemanha, em 2000. Trata-se de Mond und Morgenstern (“Lua e estrela da manhã”), de Wolfram Frommlet, uma história poética que resgata um antigo mito africano sobre a criação. 

O ilustrador é Henning Wagenbreth (@henningwagenbreth), que, além de criar imagens para livros, jornais e revistas, atua como designer gráfico e tipógrafo. Multiartista, também trabalha com animação, cinema, teatro e música, e, desde 1994, é professor de ilustração da University of Arts de Berlim.

Que livro você levaria para uma ilha deserta? Eu levaria um caderno de desenho e um instrumento musical. Talvez a Bíblia de Scheuchzer, de 1720, porque é tão bem ilustrada. Mas tem cinco volumes e custa pelo menos 15.000 euros.

Como você descreve seu estilo como ilustrador? Tento ser o mais legível possível no meu trabalho. Não me vejo como avant-garde, de certa forma sou muito conservador.

Duas décadas atrás, era mais difícil para pessoas de diferentes partes do mundo trabalharem juntas. Na sua opinião, quais são os benefícios dessa proximidade proporcionada pela tecnologia? Para diretores de arte, ilustradores de outras partes do mundo parecem ser mais interessantes ou exóticos. Às vezes acho que é bom olhar para as discussões de países distantes para ter um olhar mais neutro sobre seus conflitos. Mas às vezes também é difícil entender o que está acontecendo lá, especialmente quando não falo a língua local.

Pode nos contar um pouco sobre esses seus "desvios" para o cinema de animação, o teatro e a música? Gosto de ver o público quando trabalho em um teatro ou quando toco música. Como ilustrador, você não tem um contato tão direto com os leitores. Também gosto do espaço e da luz que é possível projetar nos cinemas. E também admiro a magia, no teatro, de uma situação que não pode ser recriada. Algo impresso pode ser olhado de novo e de novo, mas aquele momento especial numa performance teatral ou musical nunca mais volta. Isso torna esses desvios muito valiosos.

Como é seu local de trabalho? Meu estúdio é meu apartamento e vice-versa. A vida e o trabalho estão se fundindo um com o outro. Eu tenho uma boa coleção de arte popular de todo o mundo com a qual eu gosto de conviver. Também tenho muitos instrumentos musicais que toco quando tenho que pensar no meu trabalho de design.

Você conhece algum artista brasileiro? Gosto de choro e, como gosto de tocar o bandolim, sou um grande fã do Jacob do Bandolim. Até desenhei um poster dele e de sua música.

Matéria publicada na edição impressa #8 dez.17-fev.18 em junho de 2018.